Depois da batalha até ao fim que tinha acontecido no ano anterior, as coisas prometiam ser melhores no início da temporada de 1984, à medida que o pelotão convertia-se lentamente para os motores Turbo, com um orgulhoso resistente, na pessoa de Ken Tyrrell. Alguns também tinham motores Cosworth, como a Arrows, mas mais cedo ou mais tarde, iriam ter os propulsores Turbo, pois era a única maneira de sobreviver competindo.
Desde Kyalami, em Outubro, muito tinha mudado no pelotão da Formula 1. A McLaren estreava o seu chassis MP4/2, com Niki Lauda e Alain Prost ao volante. O piloto francês, que tinha sido sumariamente despedido da Renault nos dias a seguir à corrida sul-africana, não ficara desempregado por muitos dias, pois Ron Dennis contratou-o. Era um desejo antigo dele, desde os tempos em que tinha comprado a equipa a Teddy Mayer, no final de 1980, quando o baixinho francês fazia a sua temporada de estreia. John Watson, que era piloto da marca, ficou apeado e não iria competir em 1984.
A Renault, grande perdedora em 1983, decidira mudar a sua dupla de pilotos para 84. Patrick Tambay já tinha sido contratado antes, vindo da Ferrari, e Derek Warwick viera depois, para substituir Prost. A marca estreava o chassis RE50, esperando continuar com a senda vitoriosa da equipa que tinha trazido a tecnologia Turbo á Formula 1. Na Ferrari, era construído a versão C do chassis 126, e Michele Alboreto vinha da Tyrrell para tentar ser campeão do mundo num carro italiano, algo que não acontecia desde os tempos de Alberto Ascari. Mas o primeiro objectivo era o de bater um record que persistia desde Ludovico Scarfiotti, em 1966: o de um italiano a ganhar num carro da Scuderia. A seu lado ficava René Arnoux.
Na Lótus, Elio de Angelis e Nigel Mansell depositavam esperanças no chassis 95T, que combinados com o motor Turbo da Renault, os voltaria a colocar nos lugares da frente, algo que tinham mostrado nas últimas corridas do ano anterior. Ainda a lamber as feridas da perda de Colin Chapman, pouco mais de um ano antes, e precisavam de mostrar ao mundo que a equipa continuava sem ele, e conseguir ser competitivos.
Na Brabham, Nelson Piquet, o campeão do Mundo, estreava o BT53, que não era mais do que uma evolução do chassis anterior, que tinha dado o título de pilotos. Para segundo piloto, tinha um italiano que fizera estragos no ano anterior em paragens anericanas: Teo Fabi. Contudo, Fabi ainda tinha um contrato com a sua equipa na Indy, e este ano iria correr em dois campeonatos: fazia a Formula 1 em “part-time”, e nas datas onde haveria coinciência, o seu substituto seria… o seu irmão Corrado Fabi. No Brasil, era Teo que conduziria o carro numero 2.
A Alfa Romeo tinha dois pilotos novos: Riccardo Patrese e o americano Eddie Cheever. Tinham conseguido o patrocínio da Benetton, e esperavam que o novo carro os pudesse colocar na rota do sucesso, algo que andava longe desde que tinham voltado à Formula 1 com equipa própria. A mesma coisa passava-se com a Ligier, que tinha também motores Renault Turbo (ou não fosse uma equipa francesa…) e a dupla de pilotos Andrea de Cesaris e o estreante francês Francois Hesnault. Este era um dos cinco pilotos que se estreavam na Formula 1. Dos outros quatro, três ficariam na história do automobilismo por várias razões:
O primeiro estreante estava na Toleman, e por aquilo que tinha demonstrado nos vários testes na pré-época anterior, um bom piloto em potência. Ayrton Senna, que tinha ganho o campeonato inglês de Formula 3, na altura o mais importante do mundo, tinha mostrado o seu potencial, e algumas equipas o quiseram, como a Brabham, mas Piquet foi ter com a Parmalat, e aparentemente “lembrou-os” de que teriam de ter um piloto italiano na equipa… Assim, foi para a Toleman, que tinha demonstrado potencial nas últimas corridas de 1983, com os motores Hart, e tinha como companheiro de equipa o venezuelano Johnny Cecotto.
Na Tyrrell, o “tio Ken”, o último dos moicanos em termos de motores Cosworth, tinha contratado uma dupla inexperiente, mas rápida: o alemão Stefan Bellof e o inglês Martin Brundle. Ambos se iriam estrear na categoria máxima, mas para Bellof, a potência não lhe era estranha para ele, pois corria pela Porsche no Mundial de Sport-Protótipos, ao lado de nomes como Jochen Mass, Derek Bell ou Jacky Ickx. Outro que corria no Brasil com motores Cosworth, a Arrows, já tinha contrato com a BMW, e mantivera a mesma dupla do ano passado: o belga Thierry Boutsen e o suíço Marc Surer.
Três equipas estavam de volta a 1984 com apenas um carro: ATS, Osella e Spirit. A primeira mantinha-se com motor BMW Turbo e Manfred Winkelhock ao volante. A segunda tinha Piercarlo Ghinzani e motores Alfa Romeo, enquanto que a terceira tinha outro italiano, Mauro Baldi, ao volante. Os motores Honda tinham emigrado para a Williams, e em troca tinham motores Hart. Pelo contrário, a RAM, de John McDonald, vinha com dois carros, um para o inglês Jonathan Palmer e o francês Philippe Alliot, que se estreava na Formula 1.
Nos treinos, Elio de Angelis mostrava ao mundo que a Lótus estava viva, ao obter a “polé-position”, a sua primeira da carreira. Ao seu lado partia o Ferrari de Michele Alboreto. Na segunda fila ficavam o Renault de Derek Warwick e o McLaren-TAG Porsche de Alain Prost. Na terceira fila estavam o segundo Lótus-Renault de Nigel Mansell e o segundo McLaren de Niki Lauda. Só na sétima posição da grelha é que se encontrava o Brabham BMW do Campeão do Mundo, Nelson Piquet, que tinha a seu lado o segundo Renault, de Patrick Tambay. Na quinta fila, estavam o Williams-Honda de Keke Rosberg e o segundo Ferrari de René Arnoux.
Quanto aos estreantes, Ayrton Senna era o melhor, na 16ª posição na grelha, Mertin Brundle era 18º, e o melhor dos Cosworth, Francois Hesnault era 19º, Stefan Bellof era 22º e Phillipe Alliot partia da 25ª posição. Na grelha, alinhavam 27 carros.
Na partida, De Angelis e Prost partem mal, enquanto que Alboreto aproveita para assaltar a liderança, logo seguido por Warwick, Mansell e Lauda. Piquet ficava parado na grelha, mas arrancou pouco depois. Nas voltas seguintes, Lauda atacou o terceiro lugar de Mansell e conseguiu ultrapassá-lo, para a seguir chegar-se perto de Warwick. A seguir, o veterano austríaco passou o piloto da Renault, não sem antes terem um pequeno contacto entre os dois, que teria consequências mais tarde para Warwick…
Na volta 12, Alboreto despista-se devido a problemas de travões, e o piloto da McLaren ficou com a liderança. Warwick e Mansell vinham a seguir, mas Alain Prost, que estava em corrida de recuperação, ultrapassou os dois ingleses em cerca de 12 voltas, para chegar á segunda posição. No final da volta 24, ambos os McLaren rodavam juntos nas duas primeiras posições.
As coisas correram bem até à altura em que se devia trocar de pneus. Lauda foi às boxes, colocou pneus novos… e ficou por lá. Um problema eléctrico fez parar o piloto austríaco, e Prost, que vinha a seguir, perdeu muito tempo nas boxes devido à confusão reinante. Isso foi aproveitado por Warwick para ficar de novo na liderança, e tinha uma vantagem tranquila sobre o piloto francês. Entretanto, boa parte dos rivais já tinha desistido: Mansell despistara-se, o motor Ferrari de René Arnoux explodira e Piquet despistara-se.
Até à volta 51, Derek Warwick estava tranquilo na liderança da corrida. Até que de repente… a suspensão quebra-se e perde o controlo do carro. Aquele braço da suspensão tinha ficado danificado no toque com Lauda, e com o tempo, cedeu. Assim, Prost voltava à liderança, com Tambay na segunda posição. Mas o francês tinha problemas de combustível, e teve de abrandar o ritmo, para ser ultrapassado por Keke Rosberg. A duas voltas do fim, Tambay para, por falta de combustível. Ainda assim, ficava em sexto lugar.
No final da corrida, Alain Prost ganhava a primeira corrida do ano, e estava acompanhado no pódio por Rosberg e Elio de Angelis, que tinha feito a pole-position no dia anterior. Nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Alfa Romeo de Eddie Cheever, o Tyrrell-Cosworth de Martin Brundle e o Renault de Patrick Tambay. O Arrows de Thierry Boutsen era o sétimo.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/1984_Brazilian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr389.html
Desde Kyalami, em Outubro, muito tinha mudado no pelotão da Formula 1. A McLaren estreava o seu chassis MP4/2, com Niki Lauda e Alain Prost ao volante. O piloto francês, que tinha sido sumariamente despedido da Renault nos dias a seguir à corrida sul-africana, não ficara desempregado por muitos dias, pois Ron Dennis contratou-o. Era um desejo antigo dele, desde os tempos em que tinha comprado a equipa a Teddy Mayer, no final de 1980, quando o baixinho francês fazia a sua temporada de estreia. John Watson, que era piloto da marca, ficou apeado e não iria competir em 1984.
A Renault, grande perdedora em 1983, decidira mudar a sua dupla de pilotos para 84. Patrick Tambay já tinha sido contratado antes, vindo da Ferrari, e Derek Warwick viera depois, para substituir Prost. A marca estreava o chassis RE50, esperando continuar com a senda vitoriosa da equipa que tinha trazido a tecnologia Turbo á Formula 1. Na Ferrari, era construído a versão C do chassis 126, e Michele Alboreto vinha da Tyrrell para tentar ser campeão do mundo num carro italiano, algo que não acontecia desde os tempos de Alberto Ascari. Mas o primeiro objectivo era o de bater um record que persistia desde Ludovico Scarfiotti, em 1966: o de um italiano a ganhar num carro da Scuderia. A seu lado ficava René Arnoux.
Na Lótus, Elio de Angelis e Nigel Mansell depositavam esperanças no chassis 95T, que combinados com o motor Turbo da Renault, os voltaria a colocar nos lugares da frente, algo que tinham mostrado nas últimas corridas do ano anterior. Ainda a lamber as feridas da perda de Colin Chapman, pouco mais de um ano antes, e precisavam de mostrar ao mundo que a equipa continuava sem ele, e conseguir ser competitivos.
Na Brabham, Nelson Piquet, o campeão do Mundo, estreava o BT53, que não era mais do que uma evolução do chassis anterior, que tinha dado o título de pilotos. Para segundo piloto, tinha um italiano que fizera estragos no ano anterior em paragens anericanas: Teo Fabi. Contudo, Fabi ainda tinha um contrato com a sua equipa na Indy, e este ano iria correr em dois campeonatos: fazia a Formula 1 em “part-time”, e nas datas onde haveria coinciência, o seu substituto seria… o seu irmão Corrado Fabi. No Brasil, era Teo que conduziria o carro numero 2.
A Alfa Romeo tinha dois pilotos novos: Riccardo Patrese e o americano Eddie Cheever. Tinham conseguido o patrocínio da Benetton, e esperavam que o novo carro os pudesse colocar na rota do sucesso, algo que andava longe desde que tinham voltado à Formula 1 com equipa própria. A mesma coisa passava-se com a Ligier, que tinha também motores Renault Turbo (ou não fosse uma equipa francesa…) e a dupla de pilotos Andrea de Cesaris e o estreante francês Francois Hesnault. Este era um dos cinco pilotos que se estreavam na Formula 1. Dos outros quatro, três ficariam na história do automobilismo por várias razões:
O primeiro estreante estava na Toleman, e por aquilo que tinha demonstrado nos vários testes na pré-época anterior, um bom piloto em potência. Ayrton Senna, que tinha ganho o campeonato inglês de Formula 3, na altura o mais importante do mundo, tinha mostrado o seu potencial, e algumas equipas o quiseram, como a Brabham, mas Piquet foi ter com a Parmalat, e aparentemente “lembrou-os” de que teriam de ter um piloto italiano na equipa… Assim, foi para a Toleman, que tinha demonstrado potencial nas últimas corridas de 1983, com os motores Hart, e tinha como companheiro de equipa o venezuelano Johnny Cecotto.
Na Tyrrell, o “tio Ken”, o último dos moicanos em termos de motores Cosworth, tinha contratado uma dupla inexperiente, mas rápida: o alemão Stefan Bellof e o inglês Martin Brundle. Ambos se iriam estrear na categoria máxima, mas para Bellof, a potência não lhe era estranha para ele, pois corria pela Porsche no Mundial de Sport-Protótipos, ao lado de nomes como Jochen Mass, Derek Bell ou Jacky Ickx. Outro que corria no Brasil com motores Cosworth, a Arrows, já tinha contrato com a BMW, e mantivera a mesma dupla do ano passado: o belga Thierry Boutsen e o suíço Marc Surer.
Três equipas estavam de volta a 1984 com apenas um carro: ATS, Osella e Spirit. A primeira mantinha-se com motor BMW Turbo e Manfred Winkelhock ao volante. A segunda tinha Piercarlo Ghinzani e motores Alfa Romeo, enquanto que a terceira tinha outro italiano, Mauro Baldi, ao volante. Os motores Honda tinham emigrado para a Williams, e em troca tinham motores Hart. Pelo contrário, a RAM, de John McDonald, vinha com dois carros, um para o inglês Jonathan Palmer e o francês Philippe Alliot, que se estreava na Formula 1.
Nos treinos, Elio de Angelis mostrava ao mundo que a Lótus estava viva, ao obter a “polé-position”, a sua primeira da carreira. Ao seu lado partia o Ferrari de Michele Alboreto. Na segunda fila ficavam o Renault de Derek Warwick e o McLaren-TAG Porsche de Alain Prost. Na terceira fila estavam o segundo Lótus-Renault de Nigel Mansell e o segundo McLaren de Niki Lauda. Só na sétima posição da grelha é que se encontrava o Brabham BMW do Campeão do Mundo, Nelson Piquet, que tinha a seu lado o segundo Renault, de Patrick Tambay. Na quinta fila, estavam o Williams-Honda de Keke Rosberg e o segundo Ferrari de René Arnoux.
Quanto aos estreantes, Ayrton Senna era o melhor, na 16ª posição na grelha, Mertin Brundle era 18º, e o melhor dos Cosworth, Francois Hesnault era 19º, Stefan Bellof era 22º e Phillipe Alliot partia da 25ª posição. Na grelha, alinhavam 27 carros.
Na partida, De Angelis e Prost partem mal, enquanto que Alboreto aproveita para assaltar a liderança, logo seguido por Warwick, Mansell e Lauda. Piquet ficava parado na grelha, mas arrancou pouco depois. Nas voltas seguintes, Lauda atacou o terceiro lugar de Mansell e conseguiu ultrapassá-lo, para a seguir chegar-se perto de Warwick. A seguir, o veterano austríaco passou o piloto da Renault, não sem antes terem um pequeno contacto entre os dois, que teria consequências mais tarde para Warwick…
Na volta 12, Alboreto despista-se devido a problemas de travões, e o piloto da McLaren ficou com a liderança. Warwick e Mansell vinham a seguir, mas Alain Prost, que estava em corrida de recuperação, ultrapassou os dois ingleses em cerca de 12 voltas, para chegar á segunda posição. No final da volta 24, ambos os McLaren rodavam juntos nas duas primeiras posições.
As coisas correram bem até à altura em que se devia trocar de pneus. Lauda foi às boxes, colocou pneus novos… e ficou por lá. Um problema eléctrico fez parar o piloto austríaco, e Prost, que vinha a seguir, perdeu muito tempo nas boxes devido à confusão reinante. Isso foi aproveitado por Warwick para ficar de novo na liderança, e tinha uma vantagem tranquila sobre o piloto francês. Entretanto, boa parte dos rivais já tinha desistido: Mansell despistara-se, o motor Ferrari de René Arnoux explodira e Piquet despistara-se.
Até à volta 51, Derek Warwick estava tranquilo na liderança da corrida. Até que de repente… a suspensão quebra-se e perde o controlo do carro. Aquele braço da suspensão tinha ficado danificado no toque com Lauda, e com o tempo, cedeu. Assim, Prost voltava à liderança, com Tambay na segunda posição. Mas o francês tinha problemas de combustível, e teve de abrandar o ritmo, para ser ultrapassado por Keke Rosberg. A duas voltas do fim, Tambay para, por falta de combustível. Ainda assim, ficava em sexto lugar.
No final da corrida, Alain Prost ganhava a primeira corrida do ano, e estava acompanhado no pódio por Rosberg e Elio de Angelis, que tinha feito a pole-position no dia anterior. Nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Alfa Romeo de Eddie Cheever, o Tyrrell-Cosworth de Martin Brundle e o Renault de Patrick Tambay. O Arrows de Thierry Boutsen era o sétimo.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/1984_Brazilian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr389.html
Pois é... essa corrida veio de aviso que os anos azarados q o Prost passou na Renault tinham terminado...
ResponderEliminarTURBO LIVES!!!!
abs!!
Estas fotos do Prost, do Senna e do Bellof tão com uma qualidade espectacular, onde é que vais buscar isto?
ResponderEliminarSpeed:
ResponderEliminarTens razão. E esta corrida foi mais uma que deu para consolidar o francês como "Le Roi du Rio"...
Noikee:
São as fotos do Bernard e do Paul-Henri Cahier, pai e filho, fotógrafos que estão na Formula 1 desde praticamente o seu começo. O pai morreu no ano passado, mas o filho continua activo na profissão.
www.f1-photo.com