O ano de 1994 tinha trazido uma série de novidades em termos técnicos. Depois de um domínio por parte da Williams, e depois da abolição dos vários dispositivos electrónicos, como a suspensão activa, o controle de tracção e a embraiagem automática, que ajudava os pilotos nas partidas, entre outros. A FIA decidiu também que regressariam os reabastecimentos, dez anos depois de terem sido abolidos.
A temporada de 1994 viveu uma enorme revolução em termos de plantel. Com Alain Prost retirado, a Williams contratou Ayrton Senna. Por fim, o piloto brasileiro voltava a ter um carro competitivo, e era o natural favorito ao título mundial. Para Frank Williams, era o concretizar de um sonho, pois desde a primeira vez que o viu a testar um dos seus carros, dez anos antes, viu que era um grande piloto. Ao lado de Senna continuava Damon Hill, que ia agora para a sua segunda época na Formula 1… aos 33 anos.
Mas o maior rival de Senna seria Michael Schumacher. Com o Benetton-Ford B194, projectado por Rory Bryne, e com motor Ford Zetec de 3.5 litros, poderia rivalizar com o Williams FW16 de Adrian Newey, que parecia não ter nascido tão bem como os modelos anteriores… Ao lado de Schumacher estava o finlandês J.J. Letho, vindo da Sauber, mas um acidente nos testes de pré-temporada, em Silverstone, no qual sofreu lesões na zona cervical, fez com que no Brasil, alinhasse o piloto de testes, o jovem holandês Jos Verstappen.
A Ferrari mantinha a mesma dupla, Gerhard Berger e Jean Alesi. Depois de um mau carro, o F93A, que lhes deu mais um ano sem vitórias, a Scuderia projectou um carro melhor, o modelo 412T, no qual esperavam sair do fosso em que estavam mergulhados, pois não ganhavam corridas desde o GP de Espanha de 1990…
A McLaren atravessava uma era de transição. Tinha assinado um contrato com a Peugeot, para fornecer motores V10, e o finlandês Mika Hakkinen era agora o primeiro piloto da equipa. Para ajudá-lo, estava a seu lado o veterano inglês Martin Brundle. Ron Dennis sabia que sem o génio de Senna, a equipa seria uma mera equipa do meio do pelotão, logo, iria ser um ano difícil, onde as vitórias andariam longe.
A Jordan partia para a sua quarta época na Formula 1 com o patrocínio da petrolífera sul-africana Sasol e mantinha duas coisas: os motores Hart e a dupla de pilotos, Rubens Barrichello e Eddie Irvine, que depois das suas performances nas duas últimas corridas da temporada passada, conseguira um contrato mais permanente. Mas a fama de “menino mau” na pista iria atingi-lo forte e feio nesta corrida inaugural… Mais nova, a Sauber partia para a sua segunda época com ambições renovadas, de novo com motor Mercedes, e o austríaco Karl Wendlinger tinha agora como companheiro o alemão Heinz-Harald Frentzen, que era nesse ano um dos estreantes na Formula 1. Wendlinger e Frentzen não eram estranhos um do outro, pois quatro anos antes fizeram parte da Júnior Team da Mercedes no Mundial de Sport-Protótipos, ao lado de outro alemão, Michael Schumacher.
Em 1994, o mundo vivia em era de recessão, e apesar da entrada de duas novas equipas, a Simtek e a Pacific, muitas outras do meio do pelotão estavam com problemas de fundos, como as históricas Tyrrell, Lótus ou Arrows. Na Tyrrell, que tinha motores Yamaha V10, o japonês Ukyo Katayama mantinha-se na equipa, e era contratado o inglês Mark Blundell, vindo da Ligier. Na equipa fundada por Colin Chapman, tinham motores Mugen-Honda V10, mais potentes que os Cosworth, e havia esperança de melhores performances. Para isso mantiveram a mesma dupla do final do ano anterior, constituída por Johnny Herbert e o jovem português Pedro Lamy.
No caso da Arrows, que tinha perdido os motores Mugen-Honda, passaram para a Ford HB, e Cristian Fittipaldi tinha agora a companhia de Gianni Morbidelli, que regressava após um ano de ausência das pistas.
A Ligier também vivia dificuldades, mas estes eram de outra ordem: depois de Guy Ligier ter vendido a sua equipa a Cyril de Rouvre, este fora preso devido a problemas de fraude, e parte da equipa foi comprada por Flávio Briatore com um único propósito: ficar com o contrato dos motores Renault. Mas os patrocinadores conseguiram fazer com que alinhasse uma dupla cem por cento francesa: o estreante Olivier Panis e o mais veterano Eric Bernard.
A Minardi, que tinha fundido as suas operações com a Scuderia Itália no final do ano anterior, colocava como pilotos dois veteranos, ambos italianos: Michele Alboreto e Pierluigi Martini. Na Larrousse, que tinha o apoio de uma companhia cervejeira, a Kronenberg, tinha como pilotos o estreante monegasco Olivier Beretta e o francês Eric Comas.
Nas duas novas equipas do pelotão, a Simtek e a Pacific, só se podia esperar que se qualificassem nas corridas e terminá-las bem. Na primeira equipa, constituída por Nick Writh, foi desenhado chassis convencional e tinha o patrocínio mais mediático da cadeia de televisão MTV, David Brabham era o piloto principal, tendo como seu companheiro de equipa, um piloto pagante: o austríaco Roland Ratzenberger, que aos 33 anos, concretizava o seu sonho de chegar à Formula 1. Nas próximas cinco corridas, o lugar era dele…
Na Pacific, de Keith Wiggins, o belga Bertrand Gachot vinha para o lugar, tendo como companheiro de equipa outro piloto pagante, o francês Paul Belmondo. Menos mediática do que a Simtek, esperava-se que eles iriam fechar o pelotão, caso conseguissem qualificar os seus carros para a corrida, pois este ano estariam 28 carros presentes…
Os treinos não trouxeram grandes surpresas. Ayrton Senna foi o mais rápido em ambas as sessões de treinos, e teria a seu lado o Benetton de Michael Schumacher. Este era uma posição algo surpreendente para o alemão, e algumas pessoas lançaram a suspeita que este não era um carro legal, que poderia ter dispositivos electrónicos, como o controlo de tracção, que ajudaria o carro do alemão nas partidas… na segunda fila estava o Ferrari de Jean Alesi, tendo a seu lado o segundo Williams de Damon Hill. Na terceira fila estava o Sauber de Heinz-Harald Frentzen, tendo a seu lado o Arrows de Gianni Morbidelli. Na quarta fila estava o segundo Sauber de Karl Wendlinger, com Mika Hakkinen a seu lado, e a fechar o “top ten” ficavam o Benetton de Jos Verstappen e o Tyrrell de Ukyo Katayama.
Na partida, Senna manteve a liderança, mas Alesi surpreende Schumacher e fica com o segundo posto. Mas na volta seguinte, o alemão da Benetton volta ao segundo posto, e parte em perseguição do piloto da Williams. Depois dos três primeiros, Damon Hill era quarto, mas com problemas de dirigibilidade do seu carro, tinha dificuldades de aguentar Wendlinger e Verstappen.
Na volta 21, Schumacher e Senna param juntos para o primeiro reabastecimento, mas o alemão é mais rápido do que o brasileiro, e passa para o comando da corrida. Nas voltas seguintes, Schumacher abre alguns segundos sobre o piloto da Williams, enquanto que tenta recuperar o tempo perdido.
Enquanto isso acontece, na volta 35, uma imagem premonitória do que seria a temporada: no final da recta interior, Eddie Irvine tenta ultrapassar Jos Verstappen, enquanto que este dobrava o Ligier de Eric Bernard, Irvine vai à relva, perde o controlo do carro, bate em Verstappen e Bernard, e ainda atinge o McLaren de Martin Brundle, que vinha lento no final da recta, devido a um problema mecânico. Carambola das grandes, Brundle ainda leva com uma roda na cabeça, mas ninguém ficou ferido. No final da corrida, Irvine, que estava com pena suspensa devido aos incidentes de Suzuka, foi multado em 10 mil dólares e suspenso por uma corrida. Mais tarde, a Jordan apelou da sentença, e viu esta a ser alargada em mais duas corridas!
À medida que a corrida prosseguia, Senna tentava apanhar Schumacher, indo até aos limites do seu carro. E na volta 56, um despiste, causado por um excesso seu, fez perder um segundo lugar certo e dar uma vantagem de dez pontos ao alemão. Terceira vitória da sua carreira, e tornava-se no primeiro líder do campeonato. A acompanhá-lo no pódio estavam o Williams de Damon Hill e o Ferrari de Jean Alesi. Nos restantes lugares pontuáveis estavam o Jordan de Rubens Barrichello, que salvou um pouco o dia aos brasileiros, o Tyrrell de Ukyo Katayama e o Sauber de Karl Wendlinger. Pedro Lamy terminou a corrida na 10ª posição, a duas voltas do vencedor.
Fontes:
Santos, Francisco – Formula 1 1994/95, Editorial Talento, Lisboa/São Paulo, 1994
http://www.grandprix.com/gpe/rr549.html
http://en.wikipedia.org/wiki/1994_Brazilian_Grand_Prix
A temporada de 1994 viveu uma enorme revolução em termos de plantel. Com Alain Prost retirado, a Williams contratou Ayrton Senna. Por fim, o piloto brasileiro voltava a ter um carro competitivo, e era o natural favorito ao título mundial. Para Frank Williams, era o concretizar de um sonho, pois desde a primeira vez que o viu a testar um dos seus carros, dez anos antes, viu que era um grande piloto. Ao lado de Senna continuava Damon Hill, que ia agora para a sua segunda época na Formula 1… aos 33 anos.
Mas o maior rival de Senna seria Michael Schumacher. Com o Benetton-Ford B194, projectado por Rory Bryne, e com motor Ford Zetec de 3.5 litros, poderia rivalizar com o Williams FW16 de Adrian Newey, que parecia não ter nascido tão bem como os modelos anteriores… Ao lado de Schumacher estava o finlandês J.J. Letho, vindo da Sauber, mas um acidente nos testes de pré-temporada, em Silverstone, no qual sofreu lesões na zona cervical, fez com que no Brasil, alinhasse o piloto de testes, o jovem holandês Jos Verstappen.
A Ferrari mantinha a mesma dupla, Gerhard Berger e Jean Alesi. Depois de um mau carro, o F93A, que lhes deu mais um ano sem vitórias, a Scuderia projectou um carro melhor, o modelo 412T, no qual esperavam sair do fosso em que estavam mergulhados, pois não ganhavam corridas desde o GP de Espanha de 1990…
A McLaren atravessava uma era de transição. Tinha assinado um contrato com a Peugeot, para fornecer motores V10, e o finlandês Mika Hakkinen era agora o primeiro piloto da equipa. Para ajudá-lo, estava a seu lado o veterano inglês Martin Brundle. Ron Dennis sabia que sem o génio de Senna, a equipa seria uma mera equipa do meio do pelotão, logo, iria ser um ano difícil, onde as vitórias andariam longe.
A Jordan partia para a sua quarta época na Formula 1 com o patrocínio da petrolífera sul-africana Sasol e mantinha duas coisas: os motores Hart e a dupla de pilotos, Rubens Barrichello e Eddie Irvine, que depois das suas performances nas duas últimas corridas da temporada passada, conseguira um contrato mais permanente. Mas a fama de “menino mau” na pista iria atingi-lo forte e feio nesta corrida inaugural… Mais nova, a Sauber partia para a sua segunda época com ambições renovadas, de novo com motor Mercedes, e o austríaco Karl Wendlinger tinha agora como companheiro o alemão Heinz-Harald Frentzen, que era nesse ano um dos estreantes na Formula 1. Wendlinger e Frentzen não eram estranhos um do outro, pois quatro anos antes fizeram parte da Júnior Team da Mercedes no Mundial de Sport-Protótipos, ao lado de outro alemão, Michael Schumacher.
Em 1994, o mundo vivia em era de recessão, e apesar da entrada de duas novas equipas, a Simtek e a Pacific, muitas outras do meio do pelotão estavam com problemas de fundos, como as históricas Tyrrell, Lótus ou Arrows. Na Tyrrell, que tinha motores Yamaha V10, o japonês Ukyo Katayama mantinha-se na equipa, e era contratado o inglês Mark Blundell, vindo da Ligier. Na equipa fundada por Colin Chapman, tinham motores Mugen-Honda V10, mais potentes que os Cosworth, e havia esperança de melhores performances. Para isso mantiveram a mesma dupla do final do ano anterior, constituída por Johnny Herbert e o jovem português Pedro Lamy.
No caso da Arrows, que tinha perdido os motores Mugen-Honda, passaram para a Ford HB, e Cristian Fittipaldi tinha agora a companhia de Gianni Morbidelli, que regressava após um ano de ausência das pistas.
A Ligier também vivia dificuldades, mas estes eram de outra ordem: depois de Guy Ligier ter vendido a sua equipa a Cyril de Rouvre, este fora preso devido a problemas de fraude, e parte da equipa foi comprada por Flávio Briatore com um único propósito: ficar com o contrato dos motores Renault. Mas os patrocinadores conseguiram fazer com que alinhasse uma dupla cem por cento francesa: o estreante Olivier Panis e o mais veterano Eric Bernard.
A Minardi, que tinha fundido as suas operações com a Scuderia Itália no final do ano anterior, colocava como pilotos dois veteranos, ambos italianos: Michele Alboreto e Pierluigi Martini. Na Larrousse, que tinha o apoio de uma companhia cervejeira, a Kronenberg, tinha como pilotos o estreante monegasco Olivier Beretta e o francês Eric Comas.
Nas duas novas equipas do pelotão, a Simtek e a Pacific, só se podia esperar que se qualificassem nas corridas e terminá-las bem. Na primeira equipa, constituída por Nick Writh, foi desenhado chassis convencional e tinha o patrocínio mais mediático da cadeia de televisão MTV, David Brabham era o piloto principal, tendo como seu companheiro de equipa, um piloto pagante: o austríaco Roland Ratzenberger, que aos 33 anos, concretizava o seu sonho de chegar à Formula 1. Nas próximas cinco corridas, o lugar era dele…
Na Pacific, de Keith Wiggins, o belga Bertrand Gachot vinha para o lugar, tendo como companheiro de equipa outro piloto pagante, o francês Paul Belmondo. Menos mediática do que a Simtek, esperava-se que eles iriam fechar o pelotão, caso conseguissem qualificar os seus carros para a corrida, pois este ano estariam 28 carros presentes…
Os treinos não trouxeram grandes surpresas. Ayrton Senna foi o mais rápido em ambas as sessões de treinos, e teria a seu lado o Benetton de Michael Schumacher. Este era uma posição algo surpreendente para o alemão, e algumas pessoas lançaram a suspeita que este não era um carro legal, que poderia ter dispositivos electrónicos, como o controlo de tracção, que ajudaria o carro do alemão nas partidas… na segunda fila estava o Ferrari de Jean Alesi, tendo a seu lado o segundo Williams de Damon Hill. Na terceira fila estava o Sauber de Heinz-Harald Frentzen, tendo a seu lado o Arrows de Gianni Morbidelli. Na quarta fila estava o segundo Sauber de Karl Wendlinger, com Mika Hakkinen a seu lado, e a fechar o “top ten” ficavam o Benetton de Jos Verstappen e o Tyrrell de Ukyo Katayama.
Na partida, Senna manteve a liderança, mas Alesi surpreende Schumacher e fica com o segundo posto. Mas na volta seguinte, o alemão da Benetton volta ao segundo posto, e parte em perseguição do piloto da Williams. Depois dos três primeiros, Damon Hill era quarto, mas com problemas de dirigibilidade do seu carro, tinha dificuldades de aguentar Wendlinger e Verstappen.
Na volta 21, Schumacher e Senna param juntos para o primeiro reabastecimento, mas o alemão é mais rápido do que o brasileiro, e passa para o comando da corrida. Nas voltas seguintes, Schumacher abre alguns segundos sobre o piloto da Williams, enquanto que tenta recuperar o tempo perdido.
Enquanto isso acontece, na volta 35, uma imagem premonitória do que seria a temporada: no final da recta interior, Eddie Irvine tenta ultrapassar Jos Verstappen, enquanto que este dobrava o Ligier de Eric Bernard, Irvine vai à relva, perde o controlo do carro, bate em Verstappen e Bernard, e ainda atinge o McLaren de Martin Brundle, que vinha lento no final da recta, devido a um problema mecânico. Carambola das grandes, Brundle ainda leva com uma roda na cabeça, mas ninguém ficou ferido. No final da corrida, Irvine, que estava com pena suspensa devido aos incidentes de Suzuka, foi multado em 10 mil dólares e suspenso por uma corrida. Mais tarde, a Jordan apelou da sentença, e viu esta a ser alargada em mais duas corridas!
À medida que a corrida prosseguia, Senna tentava apanhar Schumacher, indo até aos limites do seu carro. E na volta 56, um despiste, causado por um excesso seu, fez perder um segundo lugar certo e dar uma vantagem de dez pontos ao alemão. Terceira vitória da sua carreira, e tornava-se no primeiro líder do campeonato. A acompanhá-lo no pódio estavam o Williams de Damon Hill e o Ferrari de Jean Alesi. Nos restantes lugares pontuáveis estavam o Jordan de Rubens Barrichello, que salvou um pouco o dia aos brasileiros, o Tyrrell de Ukyo Katayama e o Sauber de Karl Wendlinger. Pedro Lamy terminou a corrida na 10ª posição, a duas voltas do vencedor.
Fontes:
Santos, Francisco – Formula 1 1994/95, Editorial Talento, Lisboa/São Paulo, 1994
http://www.grandprix.com/gpe/rr549.html
http://en.wikipedia.org/wiki/1994_Brazilian_Grand_Prix
- Vale lembrar que a Benetton Ford B194 do Schumacher estava fora do regulamento ?
ResponderEliminarApos inspeção da Fia encontrar um software escondido que lhe permitia otimas largas e que no deixava o motor apagar.
Abraço.
Tão ótima largada que ele sempre perdia uma ou duas posições na largada.
ResponderEliminarÉ bom lembrar que Senna somente perdeu aquela corrida no GP do Brasil de 1994 em razão de um grave erro da equipe Willians ao chama-lo para ir ao boxes sem haver nenhuma necessidade.
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