Sejam bem vindos à terceira coluna desta bela série, e todos concordam comigo quando digo que a temporada de 2009 está MESMO ao rubro. Tivemos neste fim-de-semana uma excelente corrida que terminou a meio devido à chuva (agradeçam a Bernie Ecclestone) e mais cenas de bastidores em que, definitivamente, a Formula 1 está mergulhada este ano. Se há umas semanas achava que as coisas se iam acalmar, esqueçam. Comecem a pensar que isto que vivemos é a antecâmara da Revolução… pois, deixem-vos lembrar, ainda temos a decisão do dia 14, no Tribunal de Apelo em Paris, acerca dos difusores da Brawn GP, Toyota e Williams, contestados por Ferrari, Renault e BMW. Mas vamos por partes, pois todos os assuntos que aconteceram na semana que passou, merecem ser discutidos.
Sepang: Meia corrida e chuva!
Depois de Melbourne, todos queriam saber como é que a Brawn GP iria reagir numa pista mais convencional como Sepang, uma criação “tilkeana” que comemora em 2009 o seu décimo aniversário. Como fama de ser chata, verificou-se que os carros com as novas regras são fantásticos, pelo menos nas ultrapassagens. Adormecer a ver as corridas, só quem tem problemas de sono!
Mas tudo que é bom, acaba depressa. A ideia de Bernie Ecclestone de marcar a corrida para as cinco da tarde locais, numa zona equatorial como a Malásia, onde chove impreterivelmente no final da tarde, sempre forte e feio, era um convite ao desastre. E tudo para agradar às audiências. É certo que na Europa Central, começou às 11 da manhã, mas aí corrias o risco de ver a corrida acabar mais cedo. E assim foi. Pela quinta vez na história da Formula 1, foram atribuídos metade dos pontos aos pilotos que chegaram nos oito primeiros lugares. E o mais surreal disto tudo foi que, enquanto pilotos e máquinas estavam parados, com a chuva a cair a cântaros e a escuridão a instalar, foi ver Kimi Raikonnen fora do carro, vestido “à civil” e comer um gelado. “Keep it cool, man!”
Agora, o mais incrível é que a aposta do Tio Bernie deu certo! As audiências matinais na Europa foram altas em sítios como a Inglaterra e a Alemanha. Mas não creio que em 2010, máquinas e pilotos queiram correr outra meia corrida na Malásia, pois não?
E para concluir, vamos aos factos: Jenson Button levou outra (meia) vitória para casa, e a Brawn GP é a líder destacada do campeonato. E Nick Heidfeld foi o melhor carro KERS, indo ao pódio na segunda posição. E o terceiro lugar de Timo Glock, no seu Toyota, sabe a pouco pelo potencial que aquele carro tem.
McLaren: Liar, liar!
Dias antes das máquinas e pilotos correrem em Sepang, o escândalo rebentou: Lewis Hamilton tinha deliberadamente enganado os comissários em relação à manobra de Jarno Trulli em Melbourne, durante a segunda entrada do Safety Car, e que, de inicio atribuíram 25 segundos de penalização ao italiano, e entregando o pódio do actual campeão do Mundo. Mas Hamilton contou uma história aos jornalistas, e outra aos comissários, e na Quarta-feira, a marosca foi descoberta. Resultado: Hamilton desclassificado, Trulli restaurado no pódio, e a FIA chama a McLaren para ser ouvida sobre a manobra. E a FIA, que nunca foi amiga da McLaren, está disposta a castigar a equipa com uma multa ou uma suspensão por algumas corridas, na pior das hipóteses. Hamilton, fortemente criticado por tudo e por todos, incluindo a famigerada imprensa inglesa, lá foi à conferência de imprensa de Sepang para humildemente pedir desculpa pelos actos, mas… que foi levado pela equipa a mentir.
Quanto à equipa de Martin Withmarsh, rapidamente arranjou um bode expiatório: Dave Ryan, um funcionário com 35 anos de casa, foi considerado como culpado e sumariamente despedido. Mas não é assim que se apagam os tiros no pé e demais asneirices da equipa: a Mercedes emitiu na terça-feira um sério aviso à McLaren: que pode rever tudo, caso a equipa não pare de mandar tiros no pé. Ainda mais quando tem um cliente seu que conta por vitórias todas as corridas em que participou…
Ferrari em Alerta… Vermelho!
O alarme soa a altos berros em Maranello. Duas corridas disputadas, zero pontos conquistados, e exibições confrangedoras de Kimi Raikonnen e Felipe Massa. Nunca desde 1992 tal coisa tinha acontecido na marca do Cavalino. Como é óbvio, o F60 não está a ter sucesso em pista, aliado às más decisões tomadas no muro das boxes. Qual seria a pobre alma que recomendaria a Kimi Raikonnen que metesse pneus de chuva (e extremos!) três ou voltas antes da chuva verdadeiramente cair? Aparentemente… Michael Schumacher. Em Sepang, muitos notaram a presença de um Schumacher muito interventivo no muro das boxes, dando sucessivas indicações a Chris Dyer e aos dois engenheiros de pista, passando por cima da autoridade de Stefano Domenicalli que já o chamam de “palhaço”, entre outros mimos. Luca de Montezemolo está obviamente preocupado com o que se passa: "Já avisei que não quero ver a equipa a ser parodiada em programas de comédia depois de cada corrida."
O clima é pesado, e exigem-se cabeças, até o próprio Domenicalli avisou de forma diplomática, após a corrida da Malásia: "Chegou a hora de certas pessoas assumirem as suas responsabilidades no seio da nossa equipa. Não vos vou dizer nomes, porque vamos tratar das coisas internamente, como sempre, mas espero que as pessoas assumam as suas responsabilidades e tomem as posturas adequadas nestas circunstâncias.", referiu. Digo “diplomática” um pouco atrás na frase, porque dentro das paredes de Maranello deve ser agora cada berraria…
Mas o próprio Kimi Raikonnen ainda acredita que nada está perdido: "Ainda não temos pontos após duas corridas e este é um momento muito difícil. Já passámos por momentos como este e sabemos como reagir e vamos fazê-lo já em Xangai". Esperemos que sim…
E agora, a Formula 1 para nas pistas por 15 dias, para depois regressar em força no autódromo de Xangai, na China, com eventualmente mais uma corrida dominante por parte da Brawn GP. Mas tudo pode ser diferente, caso as decisões do dia 14 no Tribunal de Apelo, em Paris, não sejam favoráveis à equipa de Ross Brawn. É isso que Ferrari, Renault e McLaren, os reis destronados, apostam...
Sepang: Meia corrida e chuva!
Depois de Melbourne, todos queriam saber como é que a Brawn GP iria reagir numa pista mais convencional como Sepang, uma criação “tilkeana” que comemora em 2009 o seu décimo aniversário. Como fama de ser chata, verificou-se que os carros com as novas regras são fantásticos, pelo menos nas ultrapassagens. Adormecer a ver as corridas, só quem tem problemas de sono!
Mas tudo que é bom, acaba depressa. A ideia de Bernie Ecclestone de marcar a corrida para as cinco da tarde locais, numa zona equatorial como a Malásia, onde chove impreterivelmente no final da tarde, sempre forte e feio, era um convite ao desastre. E tudo para agradar às audiências. É certo que na Europa Central, começou às 11 da manhã, mas aí corrias o risco de ver a corrida acabar mais cedo. E assim foi. Pela quinta vez na história da Formula 1, foram atribuídos metade dos pontos aos pilotos que chegaram nos oito primeiros lugares. E o mais surreal disto tudo foi que, enquanto pilotos e máquinas estavam parados, com a chuva a cair a cântaros e a escuridão a instalar, foi ver Kimi Raikonnen fora do carro, vestido “à civil” e comer um gelado. “Keep it cool, man!”
Agora, o mais incrível é que a aposta do Tio Bernie deu certo! As audiências matinais na Europa foram altas em sítios como a Inglaterra e a Alemanha. Mas não creio que em 2010, máquinas e pilotos queiram correr outra meia corrida na Malásia, pois não?
E para concluir, vamos aos factos: Jenson Button levou outra (meia) vitória para casa, e a Brawn GP é a líder destacada do campeonato. E Nick Heidfeld foi o melhor carro KERS, indo ao pódio na segunda posição. E o terceiro lugar de Timo Glock, no seu Toyota, sabe a pouco pelo potencial que aquele carro tem.
McLaren: Liar, liar!
Dias antes das máquinas e pilotos correrem em Sepang, o escândalo rebentou: Lewis Hamilton tinha deliberadamente enganado os comissários em relação à manobra de Jarno Trulli em Melbourne, durante a segunda entrada do Safety Car, e que, de inicio atribuíram 25 segundos de penalização ao italiano, e entregando o pódio do actual campeão do Mundo. Mas Hamilton contou uma história aos jornalistas, e outra aos comissários, e na Quarta-feira, a marosca foi descoberta. Resultado: Hamilton desclassificado, Trulli restaurado no pódio, e a FIA chama a McLaren para ser ouvida sobre a manobra. E a FIA, que nunca foi amiga da McLaren, está disposta a castigar a equipa com uma multa ou uma suspensão por algumas corridas, na pior das hipóteses. Hamilton, fortemente criticado por tudo e por todos, incluindo a famigerada imprensa inglesa, lá foi à conferência de imprensa de Sepang para humildemente pedir desculpa pelos actos, mas… que foi levado pela equipa a mentir.
Quanto à equipa de Martin Withmarsh, rapidamente arranjou um bode expiatório: Dave Ryan, um funcionário com 35 anos de casa, foi considerado como culpado e sumariamente despedido. Mas não é assim que se apagam os tiros no pé e demais asneirices da equipa: a Mercedes emitiu na terça-feira um sério aviso à McLaren: que pode rever tudo, caso a equipa não pare de mandar tiros no pé. Ainda mais quando tem um cliente seu que conta por vitórias todas as corridas em que participou…
Ferrari em Alerta… Vermelho!
O alarme soa a altos berros em Maranello. Duas corridas disputadas, zero pontos conquistados, e exibições confrangedoras de Kimi Raikonnen e Felipe Massa. Nunca desde 1992 tal coisa tinha acontecido na marca do Cavalino. Como é óbvio, o F60 não está a ter sucesso em pista, aliado às más decisões tomadas no muro das boxes. Qual seria a pobre alma que recomendaria a Kimi Raikonnen que metesse pneus de chuva (e extremos!) três ou voltas antes da chuva verdadeiramente cair? Aparentemente… Michael Schumacher. Em Sepang, muitos notaram a presença de um Schumacher muito interventivo no muro das boxes, dando sucessivas indicações a Chris Dyer e aos dois engenheiros de pista, passando por cima da autoridade de Stefano Domenicalli que já o chamam de “palhaço”, entre outros mimos. Luca de Montezemolo está obviamente preocupado com o que se passa: "Já avisei que não quero ver a equipa a ser parodiada em programas de comédia depois de cada corrida."
O clima é pesado, e exigem-se cabeças, até o próprio Domenicalli avisou de forma diplomática, após a corrida da Malásia: "Chegou a hora de certas pessoas assumirem as suas responsabilidades no seio da nossa equipa. Não vos vou dizer nomes, porque vamos tratar das coisas internamente, como sempre, mas espero que as pessoas assumam as suas responsabilidades e tomem as posturas adequadas nestas circunstâncias.", referiu. Digo “diplomática” um pouco atrás na frase, porque dentro das paredes de Maranello deve ser agora cada berraria…
Mas o próprio Kimi Raikonnen ainda acredita que nada está perdido: "Ainda não temos pontos após duas corridas e este é um momento muito difícil. Já passámos por momentos como este e sabemos como reagir e vamos fazê-lo já em Xangai". Esperemos que sim…
E agora, a Formula 1 para nas pistas por 15 dias, para depois regressar em força no autódromo de Xangai, na China, com eventualmente mais uma corrida dominante por parte da Brawn GP. Mas tudo pode ser diferente, caso as decisões do dia 14 no Tribunal de Apelo, em Paris, não sejam favoráveis à equipa de Ross Brawn. É isso que Ferrari, Renault e McLaren, os reis destronados, apostam...
Ótima coluna. Quanto ao julgamento do dia 14, aposto que não vai dar em nada. BMW, Renault e McLaren já estão tirando do forno um novo difusor no modelo dos difusores da Brawn GP - e pretendem utilizá-lo já no GP da China. Daí subentende-se que o julgamento não vai levar a nada, uma vez que a FIA já havia liberado os difusores de Brawn GP, Toyota e Williams umas três vezes já este ano.
ResponderEliminarQuanto ao Glock, vejo um grande potencial nele. Acho que a primeira vitória da Toyota vem este ano, e acho que vem pelas mãos do alemão.
http://brf1.blogspot.com