Esta foi uma corrida sob ameaça. A da chuva. A hora pelo qual a FIA(sco) decidiu que o GP da Malásia deveria correr este ano, para contentar os telespectadores europeus, as cinco da tarde locais (10 da manhã GMT), demonstra o seu pouco conhecimento (ou o pouco amor pela vida) pela vida em paragens tropicais, pois no final da tarde, existem as chuvas diluvianas, para além do calor do costume...
E no momento da partida, poderiamos ver isso: nuvens negras em parte da pista, principalmente na zona da meta. Mas os pilotos pouco ou nada se importavam com isso, queriam mas é ver se conseguiam contrariar em corrida a superioridade que os Brawn GP tinham demonstrado nos treinos. E no momento em que os carros se lançaram na pista malaia, Nico Rosberg e Fernando Alonso conseguiram fazer excelentes partidas. O alemão saltava para a liderança, o espanhol era quinto, depois de partir de nono. Mas se o carro da Williams andava bem, Alonso era um obstáculo aos mais rápidos, pois estava mais pesado do que, por exemplo, os Red Bull de Mark Webber e Sebastien Vettel e o Brawn GP de Rubens Barrichello.
Entretanto, Button, Trulli e Rosberg disputavam entre si a liderança, Alonso segurava os outros. Ferrari e McLaren andavam discretos (Heiki Kovalainen ficou pelo caminho na primeira volta), e Lewis Hamilton andava no meio do pelotão, tentando fazer mais uma corrida de trás para a frente. A corrida continuava, com um olho no burro (o tempo) e no cigano (os concorrentes).
Na primeira paragem, por volta da volta 22, estranha-se ver Kimi Raikonnen com pneus de chuva... extremos no seu carro. Já se tinha ouvido nos intercomunicadores de Lewis Hamilton que a chuva poderia cair dali a dez minutos, e à Ferrari, que nada tinha a perder, só podia esperar que a sua aposta estava certa. Durante três, quatro voltas, o finlandês andava devagar nas curvas, para não desgastar os pneus mais do que habitual.
De facto a aposta estava certa. Por volta da volta 26, a chuva cai, mas localizada e fraca. Tão fraca que alguns pilotos, que tinham colocado pneus extremos, tiveram de voltar atrás e colocar pneus intermédios, para poderem rolar como deve de ser. E quem tinha arriscado bem nessa altura fora o Toyota de Timo Glock, que subia lugares atrás de lugares, e estava na liderança. A confusão já se instalava, mais ainda não era o diluvio...
Esse apareceu na volta 30, em certas zonas da pista, como a recta da meta. Um acquaplaning aqui, outro acquaplaning ali... Safety Car em pista na volta 31, e por fim, duas voltas depois, o inevitável: a pista vira piscina, Sebastien Vettel e Giancarlo Fisichella entram em "acquaplanning", e nem o Safety Car podia salvar a corrida. Bandeira vermelha, e todos ficam parados. O mundo inteiro fica à espera da decisão da FIA(sco), e em Sepang, já está escuro! Carros parados, muitos pilotos fora dos cockpits, e o relógio não para: faltam menos de uma hora para o final das duas regulamentares.
Os minutos passam, e todos estão parados na recta. A chuva continua a cair, forte e feia. A visibilidade é escura como bréu, e Mark Webber, o australiano da Red Bull que é ao mesmo tempo o presidente da Grand Preix Drivers Assotiation (GPDA), andava pista fora, falando com pilotos, tentando saber o que achavam desta situação. Carros parados, alguns tapados, alguns pilotos fora dos seus cockpits, e o relógio não para... E à medida que o limite das duas horas estava perto, as pessoas chegavam à ideia de que a corrida tinha terminado, pois da FIA(sco) o silencio era ensurdecedor.
Caso isto fosse o fim, a aritmética era simples: os pilotos recebiam metade dos pontos, com a classificação final a ser determinada nas duas voltas anteriores à amostragem da bandeira vermelha. E Kimi Raikonnen, calmamente, comia um gelado nas boxes. Mas faltavam ainda 40 minutos para a hora limite...
E às 11:55, hora de Lisboa, a FIA(sco) sentencia: não vai haver regresso. A chuva não para e a escuridão já se instalava nessas paragens. Sendo assim, Jenson Button é apanhado de surpresa e ganha pela segunda vez consecutiva (é mais uma meia vitória...), com Timo Glock em segundo e o BMW de Nick Heidfeld na terceira posição. Pela primeira vez desde o GP da Austrália de 1991, iriam ser atribuidos metade dos pontos aos pilotos que tinham terminado a corrida nos lugares pontuáveis. E mais juma vez, a FIA(sco) mostrava que esta corrida, neste horário, era impraticável.
Essa corrida foi uma verdadeira loucura! E é uma pena que a FIA(sco! Ótimo termo! rs) tenha programado a corrida para as 17 horas locais, pois poderíamos ter tido o recomeço da prova e ainda mais emoções caso o horário da largada fosse, como de costume, às 14 horas.
ResponderEliminarUma corrida fanstástica com um desfecho melancólico. Vamos fingir que a FIA não existe: a verdade é que a Fórmula-1 está sensacional nos últimos tempos!
http://brf1.blogspot.com
A corrida foi muito boa, e a chuva trouxe uma expectativa totalmente diferente. Ver o Glock e Webber voando na pista. Infelicidade foi aquela escuridão...medida totalmente errada de colocar o gp nesse horário.
ResponderEliminarMas acho que ficou a lição para os próximos.
Quanto a Ferrari, outro erro de estratégia, agora com o Raikkonen. Pneus de chuva com a pista seca? Agora a equipe se agravou em meio a crise.
Abraços.
Enquanto durou, o GP Malásia foi muito bacana. Pena que a organização da F-1 continue a pecar de forma infantil.
ResponderEliminarPS: FIA(sco) é ótimo ^^
Meus parabéns pela previsão. Até ser interrompida, a corrida estava por demais excitante. Espero que Bernie e cia tenham aprendido a lição.
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