terça-feira, 12 de maio de 2009

GP Memória - Belgica 1974

Depois de Jarama, a Formula 1 deslocava-se para paragens belgas, mais concretamente ao circuito de Nivelles, nos arredores de Bruxelas. A grelha era cada vez mais concorrida, e desta vez, os organizadores deixaram participar na corrida… 31 pilotos!


Desta vez, havia mais um punhado de estreias de pilotos e algumas máquinas. Primeiro pelas máquinas: a Ensign voltava à ribalta, com o australiano Vern Schuppan, com o patrocínio de um tal Teddy Yip, um magnata dos casinos de Macau e grande entusiasta do automobilismo. Era a primeira entrada de Yip no mundo da Formula 1, e que iria demonstrar a sua presença nos dez anos seguintes. Em contraste com o regresso da Ensign, Chris Amon decidiu não participar com a sua equipa nesta corrida para tentar reparar os defeitos da máquina criada pelo piloto neozelandês.


No caso dos pilotos, uma nova série de ingressos e regressos aconteciam na prova belga. A Token era uma equipa nova, mas era mais a reciclagem de um antigo projecto, a Rondel Racing, feito por Neil Trundle e um tal… Ron Dennis, que tinha falido no inicio de 1974 devido à crise energética (o seu patrocinador, a Motul, retirou-se, embora mais tarde tenha aparecido na BRM…) Nesse novo nome, agora gerido por Ken Grob e Tony Vlassapoulo, tinham contratado um promissor piloto do País de Gales, de seu nome Tom Pryce, para guiar o seu carro. A Brabham inscreve um terceiro carro para o herói local Teddy Pillete, um nome com tradição no automobilismo, já que o seu pai e o seu avô foram também pilotos. Pillete avô até fez parte da equipa Mercedes que correr no mítico Grand Prix da França, em 1914, três semanas antes de rebentar a I Guerra Mundial…


Mais dois pilotos se estreavam em Nivelles: o francês Gerard Larrousse, num Brabham BT42 da Scuderia Finotto, e corredor de Endurance (tinha vencido as 24 Horas de Le Mans do ano anterior, com Henri Pescarolo) e Leo Kinnunen, num Surtees TS16 da AAW Racing. Kinnunen era o primeiro piloto do seu país a estrear-se na Formula 1: a Finlândia. Piloto de Endurance, como Larrousse, a sua estreia na Formula 1 não foi bom, pois não conseguiu a qualificação para a corrida. Contudo, ficou na história da competição não só por ser o primeiro de uma série de “finlandeses voadores”, mas também por ser o último piloto de Formula 1 a correr sem um capacete integral.


Na Iso-Marlboro, Frank Williams tira o dinamarquês Tom Belso do segundo carro e coloca lá o holandês Gijs Van Lennep, um excelente piloto na Endurance, mas com participações esporádicas na Formula 1.


Feitas as devidas alterações no pelotão, os treinos do Grande Prémio belga deram a Clay Regazzoni a pole-position para as cores da Ferrari, que tinha dado… um segundo de diferença a Jody Scheckter, que demonstrava no seu novo Tyrrell 007 que tinha capacidade para estar nos lugares da frente. Mas o tempo do suíço, numa altura em que as cronometragens eram manuais, foi visto com enorme desconfiança, pois os restantes dez pilotos ficaram separados por menos de um segundo…


Na segunda fila ficaram o segundo Ferrari de Niki Lauda e o McLaren de Emerson Fittipaldi, e na terceira estavam o Lótus de Ronnie Peterson e o Iso – Marlboro de Arturo Merzário. Logo depois, nas sétima e oitava posições, respectivamente, tinham ficado o BRM de Jean-Pierre Beltoise e o Surtees de José Carlos Pace, e a fechar o “top-ten” ficavam o Hesketh de James Hunt e o March de Hans Stuck. Jacky Ickx era um despontador 16º com a sua Lotus, enquanto que Carlos Reutmann tivera problemas nos treinos e iria arrancar da 24ª posição da grelha.


Na partida, Regazzoni parte na frente, com Scheckter e Fittipaldi logo atrás. Mas no final da primeira volta, Fittipaldi passa Scheckter e fica com a segunda posição. Logo atrás destes três, vinha o Lótus de Peterson, que tinha passado Niki Lauda, e James Hunt, que tinha feito uma partida brilhante do nono posto. Duas voltas depois, o austríaco passa Peterson, e duas voltas depois chega ao terceiro lugar, passando Jody Scheckter.


A ordem fica um pouco estabilizada até que os líderes começam a ultrapassar os pilotos mais atrasados. Nessa altura, os três pilotos da frente começaram a ter os seus problemas com eles. Lauda hesita quando tenta dobrar um atrasado, e o sul-africano da Tyrrell, que vinha logo atrás, ultrapassa-o. Sete voltas depois, Lauda pressiona Scheckter e recupera a posição perdida.


Entretanto, Peterson para na boxe com problemas de travões, atrasando-se irremediavelmente, e desistiu mais tarde na corrida, com uma rotura no tanque de combustível. James Hunt atrasou-se e depois desistiu na volta 45 quando a suspensão cedeu, causando um despiste. Por essa altura, Regazzoni cometera um erro e deixara passar Emerson Fittipaldi para a liderança. Pouco depois, Lauda passou o seu companheiro e passou ao ataque à liderança, tentando desalojar o piloto brasileiro.


As voltas finais foram emocionantes. Primeiro foi Lauda que ficou em cima de Fittipaldi, e pressionou até à linha de meta, e depois na última volta, quando Regazzoni perdeu um terceiro lugar certo quando ficou sem gasolina, e foi ultrapassado por Jody Scheckter. E assim, Fittipaldi tornou-se no primeiro piloto a repetir uma vitória nessa temporada, depois de quatro vencedores diferentes. Lauda e Scheckter acompanharam o brasileiro no pódio, e nos restantes lugares pontuáveis ficaram Clay Regazzoni, o BRM de Jean-Pierre Beltoise e o segundo McLaren de Dennis Hulme, que fizera a volta mais rápida.


Fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/1974_Belgian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr240.html

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