Confesso que é bastante irónico saber que hoje, no dia em que este blog chega à incrível marca das 400 mil pageviews, seja o "day after" da histórica decisão das equipas FOTA de sair da Formula 1 para criar um campeonato rebelde, sem intermediários e sem Max Mosley.
Máquinas e pilotos correm este fim-de-semana no histórico circuito inglês, palco do primeiro Grande Prémio oficial da Formula 1, no já longínquo dia 13 de Maio de 1950. É também simbolicamente irónico que, no ano em que Bernie Ecclestone "enxota" este circuito do calendário, a favor de Donington Park, a Formula 1, tal como a conhecemos hoje, poderá ter alcançado o seu fim. Ou então, se quiserem ser mais místicos, "completou o círculo".
Muitos culpam Max Mosley por este desfecho. Eu direi que todos são culpados. Digo isto porque a questão que se move aqui, e sempre disse isto nos vários artigos que escrevi nos meses que esta polémica leva, é o dinheiro e o poder. Quando se vê que Bernie Ecclestone assina contratos chorudos, em que ele fica com a "parte de leão" (e é por isso que ele é um dos homens mais ricos de Inglaterra), pode-se ver a razão pela qual a FOTA se quer separar da FIA: não querem intermediários.
Quando as equipas FOTA, não são propriamente anjinhas. Mas acho que mesmo os menos escrupulosos, como Flavio Briatore (que nunca escondeu a sua vontade de ficar com o lugar de Eccclestone), provavelmente já tinham ficado fartos das prepotências do tio Max, e dos seus disparates em termos de regulamento. Hoje foi o tecto orçamental (não tão disparatado assim no papel, os valores propostos é que sim), mas ontem foi o sistema das vitórias para definir o campeão do mundo, ou ainda mais atrás, coisas como a impossibilidade de trocar de pneus durante os reabastecimentos (em 2005), ou então os pneus com rasgos (1998-2008) e a possibilidade de discutir a pole-position através de uma única volta (também em 2005). Seria longo e fastidioso enumerar os disparates do Tio Max desde 1992, mas um dia, eles teriam de dizer "enough is enough!"
Claro, a FIA já diz hoje que o culpado disto tudo é a FOTA. Mas quando se tem um presidente cuja postura nos negócios é "my way, or the highway" e quando lucrava com a desunião entre as equipas para se manter no poder (o seu seguro de vida era a lealdade da Ferrari à competição), pode-se dizer que o seu trunfo era este. E a postura nas últimas semanas, de tentar destruir a FOTA, retirando as equipas da associação, uma a uma (conseguiu com a Williams e a Force India), mostrava que a sua aposta era aquela, para manter-se no poder e aplicar as regras que quisesse e bem entendesse. Aparentemente, falhou.
Que calendário teremos em 2010? Bom, o Mónaco é certo. Toda a gente sabe que o contrato que a FIA tem com o Principado refere que o Grande Prémio só avança com a presença da Ferrari na lista de inscritos. Sem Ferrari na FIA, não há Monaco GP. Ora, com a "jóia da coroa", podemos incluir mais alguns circuitos. Desde já, os americanos - Montreal e Indianápolis - e eventualmente Buenos Aires. Já o Brasil parece complicado, pelo menos de começo. Só Interlagos é que está em condições, já que Jacarépaguá está perdido.
Na Ásia, Shangai sim. Fuji talvez (é da Toyota) Sepang não sei, e Singapura não acredito. No Médio Oriente, talvez Bahrein e Losail, no Qatar. E a Europa, o leque é vasto: desde o "nosso" Portimão, até Imola, tudo é possivel. Silverstone, Spa-Francochamps, acredito que Monza vá para a FOTA, Magny-Cours (ou Le Mans, versão Bugatti), Zeltweg, Jerez... O que não falta são circuitos.
E em relação ao fim-de-semana desportivo? Acho que está estragado. Pelo menos o centro das atenções não vai ser tanto o que se passa na pista. Saber se Jenson Button vai ser outra vez "poleman", ou se desta vez os Red Bull vão dar luta, ou se McLaren e Ferrari vão entrar na Q3, se o Nico Rosberg vai voltar a ser o "rei das sextas-feiras", etc, etc... tudo isso a que, nós, os fãs deste desporto, nos interessa. E não ficaria admirado se no domingo, algum dos lados manifestar uma posição de força...
E quanto ao futuro? Bem, muitas pessoas falam que vai ser exactamente como foi nos Estados Unidos, após a "racha" entre CART e IRL, no final de 1995: uma competição dupla, que se enfraqueceu perante a NASCAR, e que ao final de treze anos, no inicio de 2008, acabou com Tony George a ficar com as equipas CART e ficar com a IRL. Falaram de "reunificação" mas no fundo, foi uma categoria a ficar com a outra. Essa pode ser uma hipótese, e acredito que a médio prazo, após o desaparecimento físico de Bernie Ecclestone e Max Mosley, isso possa acontecer.
E para finalizar, volto ao assunto do topo: este blog, com pouco menos de dois anos e meio, alcançou hoje a impressionante marca das 400 mil pageviews. Durante este tempo todo, alcancei coisas que não julgava conseguir, pelo menos nesta altura. Gosto de saber que o meu blog é uma referência, e que fiz imensos amigos (virtuais, é certo), mas posso dizer que agora, mesmo com um trabalho que por vezes me ocupa o tempo todo, o meu amor pelo automobilismo e a minha vontade de escrever no blog continuam intactos. Posso dizer que é isto que me faz cumprir dois dos meus sonhos básicos de adolescência.
Aos amigos, admiradores e visitantes ocasionais... obrigado a todos. E o automobilismo vai continuar, é garantido!
Máquinas e pilotos correm este fim-de-semana no histórico circuito inglês, palco do primeiro Grande Prémio oficial da Formula 1, no já longínquo dia 13 de Maio de 1950. É também simbolicamente irónico que, no ano em que Bernie Ecclestone "enxota" este circuito do calendário, a favor de Donington Park, a Formula 1, tal como a conhecemos hoje, poderá ter alcançado o seu fim. Ou então, se quiserem ser mais místicos, "completou o círculo".
Muitos culpam Max Mosley por este desfecho. Eu direi que todos são culpados. Digo isto porque a questão que se move aqui, e sempre disse isto nos vários artigos que escrevi nos meses que esta polémica leva, é o dinheiro e o poder. Quando se vê que Bernie Ecclestone assina contratos chorudos, em que ele fica com a "parte de leão" (e é por isso que ele é um dos homens mais ricos de Inglaterra), pode-se ver a razão pela qual a FOTA se quer separar da FIA: não querem intermediários.
Quando as equipas FOTA, não são propriamente anjinhas. Mas acho que mesmo os menos escrupulosos, como Flavio Briatore (que nunca escondeu a sua vontade de ficar com o lugar de Eccclestone), provavelmente já tinham ficado fartos das prepotências do tio Max, e dos seus disparates em termos de regulamento. Hoje foi o tecto orçamental (não tão disparatado assim no papel, os valores propostos é que sim), mas ontem foi o sistema das vitórias para definir o campeão do mundo, ou ainda mais atrás, coisas como a impossibilidade de trocar de pneus durante os reabastecimentos (em 2005), ou então os pneus com rasgos (1998-2008) e a possibilidade de discutir a pole-position através de uma única volta (também em 2005). Seria longo e fastidioso enumerar os disparates do Tio Max desde 1992, mas um dia, eles teriam de dizer "enough is enough!"
Claro, a FIA já diz hoje que o culpado disto tudo é a FOTA. Mas quando se tem um presidente cuja postura nos negócios é "my way, or the highway" e quando lucrava com a desunião entre as equipas para se manter no poder (o seu seguro de vida era a lealdade da Ferrari à competição), pode-se dizer que o seu trunfo era este. E a postura nas últimas semanas, de tentar destruir a FOTA, retirando as equipas da associação, uma a uma (conseguiu com a Williams e a Force India), mostrava que a sua aposta era aquela, para manter-se no poder e aplicar as regras que quisesse e bem entendesse. Aparentemente, falhou.
Que calendário teremos em 2010? Bom, o Mónaco é certo. Toda a gente sabe que o contrato que a FIA tem com o Principado refere que o Grande Prémio só avança com a presença da Ferrari na lista de inscritos. Sem Ferrari na FIA, não há Monaco GP. Ora, com a "jóia da coroa", podemos incluir mais alguns circuitos. Desde já, os americanos - Montreal e Indianápolis - e eventualmente Buenos Aires. Já o Brasil parece complicado, pelo menos de começo. Só Interlagos é que está em condições, já que Jacarépaguá está perdido.
Na Ásia, Shangai sim. Fuji talvez (é da Toyota) Sepang não sei, e Singapura não acredito. No Médio Oriente, talvez Bahrein e Losail, no Qatar. E a Europa, o leque é vasto: desde o "nosso" Portimão, até Imola, tudo é possivel. Silverstone, Spa-Francochamps, acredito que Monza vá para a FOTA, Magny-Cours (ou Le Mans, versão Bugatti), Zeltweg, Jerez... O que não falta são circuitos.
E em relação ao fim-de-semana desportivo? Acho que está estragado. Pelo menos o centro das atenções não vai ser tanto o que se passa na pista. Saber se Jenson Button vai ser outra vez "poleman", ou se desta vez os Red Bull vão dar luta, ou se McLaren e Ferrari vão entrar na Q3, se o Nico Rosberg vai voltar a ser o "rei das sextas-feiras", etc, etc... tudo isso a que, nós, os fãs deste desporto, nos interessa. E não ficaria admirado se no domingo, algum dos lados manifestar uma posição de força...
E quanto ao futuro? Bem, muitas pessoas falam que vai ser exactamente como foi nos Estados Unidos, após a "racha" entre CART e IRL, no final de 1995: uma competição dupla, que se enfraqueceu perante a NASCAR, e que ao final de treze anos, no inicio de 2008, acabou com Tony George a ficar com as equipas CART e ficar com a IRL. Falaram de "reunificação" mas no fundo, foi uma categoria a ficar com a outra. Essa pode ser uma hipótese, e acredito que a médio prazo, após o desaparecimento físico de Bernie Ecclestone e Max Mosley, isso possa acontecer.
E para finalizar, volto ao assunto do topo: este blog, com pouco menos de dois anos e meio, alcançou hoje a impressionante marca das 400 mil pageviews. Durante este tempo todo, alcancei coisas que não julgava conseguir, pelo menos nesta altura. Gosto de saber que o meu blog é uma referência, e que fiz imensos amigos (virtuais, é certo), mas posso dizer que agora, mesmo com um trabalho que por vezes me ocupa o tempo todo, o meu amor pelo automobilismo e a minha vontade de escrever no blog continuam intactos. Posso dizer que é isto que me faz cumprir dois dos meus sonhos básicos de adolescência.
Aos amigos, admiradores e visitantes ocasionais... obrigado a todos. E o automobilismo vai continuar, é garantido!
Felicidades por las 400.000 visitas!!!!!!!! Y que sean muchas más.
ResponderEliminarSaludos!!!!
bom, speeder...fiz no meu blog uma tentativa que nem a sua (menos a parte das 400 mil visitas! Parabéns!) O momento é sério, é perigoso e confuso. E concordo com vc: nenhum é santo nessa conversa. Ainda arrisco que, mesmo com o racha, mesmo com a efetivação de um gp-alguma coisa, dura até Mosley sair, e até lá, ambos os campeonatos perderão muito, até se rearticularem em novas dinâmicas de força.Até fiz uma analogiazinha comovente.
ResponderEliminarQue nem a Indy e a cart.
taí o link, p/ todos que quiserem ver:
http://historiasevelocidade.blogspot.com/2009/06/o-casamento-acabou.html
Abraços
Em primeiro lugar, parabéns pela marca!
ResponderEliminarQuanto à última frase, não sei se o automobilismo continua, assim, a longo prazo. Acho a cisão até bastante positiva, pois se o campeonato da Fota vingar é provável que ele procure instaurar regras mais esportivas e buscar um calendário mais próximo dos países de tradição.
Mas também não desconsidero a hipótese de a cisão ser um sintoma da enorme perda de legitimação que o esporte a motor tem sofrido nos últimos anos (em parte, por causa dos desmandos de Ecclestone e Mosley, certamente...).
São apenas hipóteses. Prefiro deixar o tempo correr um pouco.
Parabéns pela expressiva marca meu caro. Quanto à crise, "existem mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia".....eu diria. Há muito mais caroço escondido nesse angu.
ResponderEliminarabraços
Muitos parabéns Speeder, 400 mil visitas não é para todos! Eu se chegar às 100 mil já fico feliz,lá chegarei!!Gostei muito do artigo também, continua assim,
ResponderEliminarUm grande abraço.
Speeder
ResponderEliminarParabéns pela marca alcançada...o seu blog é uma referência para muitos outros (inclusive a minha)...e que outras 400.000 visitas se encham e se encham no seu blog
;-)
mas quanto ao cenário da fórmula 1 atual...tá um pouco complicado...só espero que não acontece o que aconteceu quando a Cart se separou da Indy...e ficaram duas categorias distintas...que juntas...mal tinha o público que tinham no tempo que eram unidas...
Morruga, parabens pelo seu site coloquei entre os meus favoritos, você esta sempre a colocar otimas materias.
ResponderEliminarBOA SORTE.
VIDA LONGA.
Speeder, acompanho seu blog há pouco mais de um ano e, de fato, é um dos melhores que conheço em termos de automobilismo. Continue com este excelente trabalho, meu amigo.
ResponderEliminarSobre a cisão entre FOTA e FIA, já era bastante esperado. Max Mosley é um homem com reputação comprometida (não esqueci do bacanal nazista em que ele se envolveu) e quer impor sua vontade à força. As equipes sabem do poder que possuem, e viram que podem competir sem o "velho pervertido" no comando. E a F1, que já não estava interessante, agora vai ficar bem pior. Já vi que vou ter que comprar mais livros...
E parabéns pela espetacular marca.
Abraço.