terça-feira, 2 de junho de 2009

O piloto do dia - Jan Lammers

Este é um piloto com uma carreira fora do vulgar. Tão fora do vulgar que tem actualmente o recorde de maior intervalo entre duas corridas de Formula 1: dez anos. Piloto versátil, quer na Formula 1, quer nos Turismos, nos GT's e nos Sport-Protótipos, este holandês é agora um dos donos da equipa holandesa da A1GP, uma das melhores do pelotão. no dia em que comemora os seus 53 anos de vida, é altura de referirmos a carreira eclética de Jan Lammers.


Nascido a 2 de Junho de 1956 em Zandvoort, nos arredores de Amesterdão, cresce mesmo ao lado do circuito, trabalhando desde os doze anos na escola de pilotagem do lendário piloto local Rob Slotemaker. Vendo o seu talento, Rob adopta-o como a "mascote" do circuito, e em 1972, aos 16 anos, inscreve-se no curso de pilotagem, e vence!


Depois desse feito, sente que está pronto para conmeçar a sua carreira competitiva. Mete-se no campeonato local de Turismos, a bordo de um Simca, onde se torna em 1973 no mais jovem campeão de sempre. continuou a correr até 1976, altura em que parte para os monolugares, correndo na Formula Ford. Vence corridas na categoria, incluindo a Formula Ford Festival, disputada debaixo de chuva, no circuito de Brands Hatch. Em 1977 muda-se para inglaterra, onde disputa o campeonato de Formula 3 pela Hawke, contra pilotos como os brasileiros Chico Serra e Nelson Piquet, e o inglês Derek Warwick. Depois de um ano de adaptação, em 1978, corre no Europeu da mesma categoria, pela Racing for Holland, com os seus compatriotas Huub Rothengerter e Arie Luyendijk (futuro vencedor das 500 Milhas de Indianápolis) Foi um grande ano para o holandês, onde ganhou em sua casa, para além de vitórias em Karlskoga (Suécia), Monza e Magny-Cours. No final, o título europeu, batendo pilotos como Piquet, Warwick, o inglês Nigel Mansell e… o francês Alain Prost.


Isso fez com que fosse convidado por Don Nichols, o patrão da Shadow, para correr na Formula 1 na temporada seguinte, ao lado de um promissor piloto italiano, então com 20 anos, e que no ano anterior tinha feito testes na Ferrari. Chamava-se Elio de Angelis. Com o patrocínio dos cigarros Samson, que tinham decidido pintar um leão psicadélico na carenagem do carro, a Shadow estava a caminho do seu estretor final, e Lammers tinha dificuldade em se qualificar, apesar da sua rapidez. De Angelis conseguiu marcar pontos e ter a chance da sua vida, ao ir correr na Lótus no ano seguinte (ambos fizeram testes pela marca, mas o italiano tinha melhores fundos), enquanto que o holandês foi para a ATS.


Mas aí, por vezes, dava nas vistas. Nos treinos para o GP de Long Beach, Lammers consegue o quarto lugar da grelha, o melhor resultado de sempre da equipa na Formula 1. O piloto holandês, contudo, não foi longe nessa corrida, desistindo cedo. Contudo, Lammers sai a meio da época e vai para a Ensign, onde não conhece melhor sorte do que na ATS, não conseguindo qualquer ponto. Em compensação, mostra-se como um excelente piloto na Procar Séries, a bordo dos BMW M1.


Em 1981, volta para a ATS, depois de uma hipótese para ser o segundo piloto da Brabham (a convite de Nelson Piquet, seu rival na Formula 3). Lammers fica nas quatro primeiras corridas do ano, onde é mais uma vez vítima dos humores de Gunther Schmidt, o “manager”: na argentina, quando testava um novo aerofólio dianteiro, ás escondidas dele, este não gostou e decidiu saltar para cima dele até o partir, marcando de uma forma invulgar o seu ponto de vista! Para piorar as coisas, após a sua não-qualificação em Imola, Schmidt substituiu-o pelo sueco Slim Borgudd, antigo baterista e amigo pessoal de Benny Anderson e Bjorn Uleavus, os elementos masculinos dos ABBA…


Volta à Formula 1 em 1982, ao serviço da Theodore, do magnata de Hong Kong, Teddy Yip. O carro não era o melhor, e Lammers luta para conseguir qualificar-se com o carro. Só consegue em Zandvoort, mas desiste na corrida. Entretanto, tinha sido contactado pela Renault para correr em substituição de Alain Prost no GP de Detroit, mas este recupera a tempo. Contudo, tem outra grande chance pouco depois: a Ferrari quer-o no carro numero 27, para substituir o malogrado Gilles Villeneuve, mas na qualificação para o GP de Detroit, a seu acelerador fica preso e embate no muro, fracturando o seu polegar. Indisponível, o lugar vai para o francês Patrick Tambay. E depois do GP de França, o irlandês Tommy Bryne aparece com um bom patrocínio e Lammers fica de fora da Formula 1 para o resto da temporada.


Em 1983, decide virar-se para os Sport-Protótipos e vai correr pela Richard Lloyd Racing, no Grupo C, a bordo de um Porsche 956. Corre com companheiros de equipa como o belga Thierry Boutsen e o inglês Jonathan Palmer, e consegue alguns resultados de relevo. No ano seguinte, continua na Richard Lloyd Racing, onde vence os 1000 km de Brands Hatch, ao lado de Palmer. Para além disso consegue mais quatro pódios e uma boa posição no campeonato do Mundo desse ano. E no final do ano, tem nova chance para voltar à Formula 1, onde testa pela Toleman. Mas a equipa sofre com problemas derivados com o fornecimento de pneus, e essa é mais uma chance perdida.


Em 1985, passa para a TWR, de Tom Walkinshaw, que corria com chassis Jaguar. Faz boas corridas, onde o melhor é um segundo lugar no circuito malaio de Shah Alam, e também faz uma perninha na CART, correndo pela Forsythe-Green nas três últimas corridas do ano, marcando pontos. No ano seguinte, Dan Gurney contrata-o para correr na sua Eagle, mas o chassis era demasiado mau, e pena no fundo do pelotão. Antes das 500 Milhas de Indianápolis de 1986, Lammers sai da equipa e volta à Jaguar e aos Sport-Protótipos de Grupo C. consegue alguns bons pódiose prova a sua versatilidade nesse ano, ao correr na Formula 3000 e no Grande Prémio de Macau de Formula 3, que termina na terceira posição.


Em 1987, a temporada na Jaguar é bastante melhor, com o modelo XJK-8 e tendi como companheiro o norte-irlandês John Watson, vence três provas do Mundial, em Jarama, Monza e Fuji, no Japão, para ser o segundo classificado no Mundial, com 102 pontos. Nas 24 Horas de Le Mans desse ano, ao lado do americano Eddie Cheever e do brasileiro Raul Boesel, termina a corrida em quinto lugar. Mas em 1988, tem melhor sorte: ao lado dos ingleses Johnny Dumfries e Andy Wallace, torna-se no segundo holandês a vencer a mítica corrida de resistência (o primeiro tinha sido Gijs Van Lennep, em 1971), e a primeira vitória da Jaguar na história desta corrida. Isso faz com que receba os parabéns pessoais da Rainha de Inglaterra e seja eleito como membro honorário do British Racing Drivers Club, algo que somente Enzo Ferrari e Niki Lauda conseguiram. Ainda nesse ano, consegue a primeira das suas duas vitórias nas 24 Horas de Daytona, que repetirá em 1990.


Continua na Jaguar até essa altura, sem grandes feitos de relevo no Mundial de Sport-Protótipos. Quando a equipa abandonou o Mundial, Lammers emigra para o Japão, onde corre a Formula 3000 japonesa na temporada de 1991, sem resultados de relevo. Em 1992, corre no campeonato japonês de Sport-Protótipos, com o inglês Geoff Lees, e ambos vencem o campeonato, após correrem em… duas das sete provas do calendário!


No final do ano, recebe um convite inesperado: aos 36 anos de idade e depois de dez anos de ausência da Formula 1, a March quere-o num dos seus carros para as duas últimas provas do ano, para substituir o austríaco Karl Wendlinger, que tinha começado a testar o Sauber-Mercedes, que iria entrar na Formula 1 no ano seguinte. A experiência de Lammers era muito importante, é certo, e qualificou-se em posições bem credíveis (embora no fundo da grelha), e levou o carro a um 12º lugar no GP da Austrália. A March contratou-o para 1993, tendo a seu lado o francês Jean-Marc Gounon, mas as finanças estavam tão pobres que antes de chegarem a Kyalami, palco da primeira prova do ano, a equipa retirou de cena.


A sua carreira na Formula 1: 41 Grandes Prémios, em cinco temporadas (1979-82, 1992), zero pontos.


Após a Formula 1, correu na Formula 3000 europeia, com resultados razoáveis, e em 1994, vai correr no ultra-competitivo BTCC, de novo ao lado de Walkinshaw. Correndo num fora do vulgar Volvo 850 carrinha, ao lado de Rykard Rydell, não teve grandes resultados, sendo o melhor um quinto lugar e o 15º lugar na classificação geral. Em 1995, vai de novo para a Formula 3000 e no final do ano faz testes para o projecto DAMS de Formula 1, que morre à nascença devido á sua pouca competitividade. Em 1996, corre na BPR Challenge, ao volante de um Lótus Espirit V8, tendo como companheiro o inglês Julian Bailey, com alguns resultados de relevo, como um segundo lugar em Silverstone.


Depois disso, passa para o campeonato FIA GT, correndo num Porsche 911 e em 1999, corre num Panoz LMP1 na Le Mans Séries. A sua experiência faz com que em 2001 estabeleça a sua equipa, a Racing for Holland. O seu carro, no padrão xadrez, torna-se reconhecível á distância e ganha corridas e prestigio na categoria. Em 2005, adquire parte do franchising da equipa A1GP da Holanda, primeiro com Jos Verstappen ao volante, e depois com Jeroen Bleekmolen e Robert Doornbos. A equipa conseguiu até aos dias de hoje quatro vitórias em corridas. Por essa altura, participa no Grand Prix Masters, a competição parta os veteranos do automobilismo, no qual consegue como melhor resultado um sétimo lugar em Losail, no Qatar.


Fontes:

http://www.janlammers.com/ (site oficial)
http://en.wikipedia.org/wiki/Jan_Lammers
http://www.grandprix.com/gpe/drv-lamjan.html
http://www.f1rejects.com/drivers/lammers/biography.html

2 comentários:

  1. e a vitoria de Gils van Lennep, holandês, nas 24 heures de Mans em 1971?? Ele era um holandes também, desculpe por apontar este erro, mas era imprescindível. Um grande abraço de um amante do automobilismo.

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  2. Epá... varreu-se completamente da memória. Tens razão. Ainda por cima foi com o Helmut Marko e e num carro com um dos meus patrocinios favoritos: a Martini Racing.

    Obrigado pelo aviso. Já vou corrigir.

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...