quarta-feira, 22 de julho de 2009

A luta pelo poder na FIA, vista pelo Autosport português

Como já referi na noite de segunda-feira, quando mostrei a capa do Autosport desta semana, o assunto mais "sumarento" é a luta pela sucessão de Max Mosley, que vai abandonar o poder em Outubro, após 18 anos á frente dos destinos do automobilismo mundial. Já se perfilaram dois candidatos: o finlandês Ari Vatanen e o francês Jean Todt, apoiado por Mosley. Personalidades completamente diferentes, já trabalharam juntos nos anos 80 na Peugeot, quando Vatanen era piloto e Todt o seu director desportivo. Agora, nesta luta pelo poder, estão em lados opostos. E a reportagem do Luis Vasconcelos demonstra, entre outros motivos, como andam as coisas nesta "contagem de espingardas" até Outubro...

PORQUE MOSLEY APOIA TODT

Jean Todt vai ser o candidato de Mosley contra Vatanen na batalha pela presidência da FIA, depois do inglês ter confirmado que não se recandidatava.


Como já era esperado, Jean Todt anunciou a semana passada a sua candidatura á presidência da FIA. Um anuncio que foi feito 24 horas depois de Max Mosley ter confirmado aos clubes que não iria tentar ser reeleito, depois de 18 anos à frente dos destinos da Federação e de ter, no mesmo documento, aconselhado o voto no seu laiado francês.


Já na semana passada tinhamos dado conta deste acordo, bem como o facto de Todt estar em plena campamnha eleitoral, pois passou alguns dias em Africa, em contacto com um bom numero de clubes locais, na tentativa de angariar apoios. em contrapartida, Ari Vatanen ainda não saiu da Europa, depois de ter iniciado a sua campanha há dez dias, mas tem nos homens dos maior clube do mundo - o American Automobile Association - os seus principais aliados e promotores. Daí que parte do trabalho de sapa já esteja feito do lado do finlandês, enquanto que a estrutura da FIA está a trabalhar activamente para eleger todt no lugar de Mosley.


Uma situação que desagrada ao antigo campeão do mundo de ralies, que ficou espantado com a forma como Mosley deu o seu apoio público a Todt: "Eu represento a mudança de que a FIA necessita. O jean todt, em contrapartida, representa a velha guarda e não é correcto o Max tentar impor um novo lider, nem usar o poder da Federação para apoiar uma campanha. A FIA não é um reino, é uma República em que os líderes são eleitos democraticamente."


Se Vatanen ficou surpreendido com a atitude de Mosley, alguns dos seus principais apoiantes - mais experientes a lidar com o inglês e com Todt - já esperavam que as coisas se passassem desta forma e fizeram questão de avisar o nórdico para se preparar para uma campanha muito pouco digna, onde a compra de votos dos clubes mais pequenos vai ser a arma do seu opositor, como foi de Mosley face á moção de confiança que teve de enfrentar no ano passado.


MAIS CANDIDATOS NA CALHA


Mas ainda não é certo que Todt e Vatanen sejam os dois unicos candidatos à presidência da FIA, pois há quem pretenda que Michel Boeri [presidente da Federação do Mónaco] se candidate, e Mohamed Bin Sulayem [vice-presidente da FIA e presidente da Federação dos Emirados Arabes Unidos, para além de ser ex-piloto] também tem aspirações ao cargo, mesmo se com menos 15 anos que Todt, pode também aspirar a ser o seu sucessor, pois é também dos principais apoiantes de Mosley e está a ser sondado para fazer parte da equipa do francês.


Já outros potenciais candidatos - Tomczyk, Chandhok - vieram a público garantir não estarem interessados no cargo de presidente da FIA, mas sem terem ainda escolhido o candidato a apoiar. Mas já se percebeu que a base de apoio de Vatanen é superior à facção que se opôs a Mosley no ano passado, enquanto Todt não vai conseguir fazer o pleno junto de quem esteve do lado do inglês.


No paddock da Formula 1, a candidatura de Vatanen foi muito bem recebida, mas a possibilidade de Todt ser eleito está a deixar todos muito preocupados. O francês não deixou saudades nem amigos no "paddock", nem sequer na Ferrari, onde se teme que pretenda utilizar o seu cargo para causar dano a Montezemolo, pois a separação entre os dois homens que lideraram a Ferrari durante 13 anos foi tudo menos amistosa.


Luis Vasconcelos

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