Este é Henry Surtees, ontem à tarde, em Brands Hatch, comemorando o seu pódio na primeira corrida do fim de semana da Formula 2. Piloto da Carlin, tinha "matado o borrego" depois de uma série de maus resultados na sua temporada de Formula 2, depois de ter conseguido um sétimo lugar na ronda de abertura, em Valência. Pelo meio, tinha conseguido uma "pole-position" em Brno, e tudo indicava que teria uma boa temporada de estreia numa categoria que se reactivara este ano, depois de 25 anos de ausência.
Mal sabiamos nós que o piloto, de 18 anos, filho do lendário campeão de duas e quatro rodas, John Surtees, teria mais 24 horas de vida. Esta tarde foi atingido na cabeça por uma das rodas do seu concorrente James Clarke. Levado para o hospital, os médicos confirmaram a sua morte esta noite. Tinha apenas 18 anos.
Quando vi as imagens do acidente, da viseira aberta e a marca do pneu no seu capacete branco, fiquei preocupado. Mas, julgava eu, que dispositivos como o HANS (Head and Neck Suport) pudessem ser suficientes para aguentar os impactos de objectos vindos de outros sitios. Afinal, foi insuficiente.
É irónico que o seu pai tenha sido um dos sobreviventes de uma era onde a cada fim de semana, os pilotos estavam pairando sobre um fino fio de navalha, desconhecendo se aquele seria a sua última corrida das suas vidas, antes que um furo, uma suspensão quebrada ou um excesso deles os embatesse contra uma árvore e ceifasse a sua vida. É irónico que John Surtees, que foi dos poucos que se tornou construtor e teve uma equipa de Formula 1 (e que teve um dos seus pilotos a morrer, o austriaco Helmut Koennig), sobreviveu a Jim Clark, Lorenzo Bandini, Jochen Rindt ou Bruce McLaren, para depois passar pela pior das tragédias: perder um filho em competição.
E a ironia é que acontece numa era onde os acidentes mortais em competição são, agora, um acontecimento raro. Muito raro mesmo. Mas acontece. E no final, Henry Surtees teve o mesmo destino que Mike Spence, nas 500 Milhas de Indianápolis de 1968, ou do austriaco Marcus Hottinger, numa corrida de Formula 2 em Hockenheim, em 1980. E não teve a sorte de Vittorio Brambilla, no GP de Itália de 1978...
Speeder, eu chorei lendo o teu texto.
ResponderEliminarTalvez por já estar com o coração angustiado pela tragédia.
Mas esta foi uma bonita homenagem à família Surtees.
Dia triste hoje...
Sensível e sentato relato, amigo. Estou muito triste.
ResponderEliminarSpeeder, uma pequena correção: a morte do Höttinger ocorreu em 1980.
ResponderEliminarÉ uma pena... e foi uma fatalidade tão grande que me faz perguntar se a falta de ocorrências deste tipo na F-1 se deve apenas à evolução da segurança dos carros e das pistas, ou conta também com a sorte...
ResponderEliminaré infelizmente por mais segurança que se tenha, ainda podem acontecer fatalidades, e essa não prá pra prevenir.Um dia triste com certeza
ResponderEliminarTodos aqueles que gostam da velocidade ficam tristes quando se perde a vida de um jovem que tinha uma vida de conquistas pela frente. Ele seria bom? Venceria? Seria campeão? Subiria para F1? Automobilismo americano? Turismo?
ResponderEliminarNunca saberemos. Nos consola apenas saber que o destino é regido por um Homem que sabe o que faz, indiscutivelmente.
http://historiasevelocidade.blogspot.com/
ResponderEliminarola Speeder..aproveitando pra divulgar mais dois posts do Historias e Velocidade, um sobre uma opinião a respeito de Galvão Bueno, e outro falando da tragédia envolvendo Surtees.
Muito triste, muito lamentável. Que ele tenha boas energias onde quer que ele esteja.Concordo com o Hugo: no esporte a motor, parece que quanto mais vc se esforça para manter um esporte seguro, mais você se pergunta a respeito de simples fatalidades.
Mais uma perda no automobilismo...uma pena, e tão jovem :(
ResponderEliminarTriste. Às vezes dá para se esquecer do alto risco ao qual são submetidos. Mas por vezes a diferença entre vida e morte é uma questão de sorte ou azar, por mais que se tenha trabalhado sobre a questão da segurança.
ResponderEliminarÉ uma grande pena.