Spa-Francochamps é um clássico. Existente desde 1921, em 1944 viu ali uma das últimas batalhas da II Guerra Mundial, a Batalha do Bulge, com cercos em Bastogne e massacres em Malmedy. Depois da Guerra, viu outras batalhas, outros duelos pela sobrevivência. Na maior parte eram em sentido figurado, noutros, a coisa foi bem real, como o que aconteceu na edição de 1960. Um dia desses conto essa história… Em 1970, máquinas e pilotos correram pela última vez no velho circuito de 14 km, para este ser profundamente remodelado. Quando a Formula 1 regressou 13 anos depois, para correr na sua configuração actual, reduzido a sete quilómetros de extensão, continuava a ser desafiador para pilotos e máquinas, ajudada pelo imprevisivel boletim meteolófico das Ardenas...
Mas aqui neste fim-de-semana, ouvi muitas pessoas a dizer que “o fim do Mundo tinha chegado” quando viram Giancarlo Fisichella na pole-position, numa Force Índia que em duas temporadas na competição, nunca tinha sequer pontuado. A minha resposta a essas declarações algo histéricas é esta: o tão propalado “fim do mundo” já aconteceu em Março, quando os Brawn GP dominaram em Melbourne…
A corrida de hoje tinha todos os ingredientes de ser interessante. Longe do tempo ser um factor decisivo nesta corrida, o circuito de Spa-Francochamps tem um troço interessante, aquele que vai do gancho de La Source até Les Combes. Tem pouco mais de dois quilómetros e meio e passa pelo famoso troço de Eau Rouge e do Radillon, passando pela recta Kemmel, antes de chegar a Les Combes, onde abandona o circuito antigo e passa para o novo. Contudo, nunca julguei que nesses dois quilómetros e pouco mais se decidisse uma corrida, ainda mais se for na primeira volta. Mas foi o que aconteceu: depois de uma partida onde o homem melhor colocado nos da frente, Rubens Barrichello, atrasou-se perante a concorrência, numa partida catastrófica. Contudo, esse azar de Barrichello foi a sua sorte, pois safou-se dos toques que aconteciam à sua frente, primeiro em La Source, e mais tarde em Les Combes. E nesse sitio assistiu-se tudo: Jenson Button, que passava Heiki Kovalainen, foi tocado por Romain Grosjean, que por sua vez foi tocado por Lewis Hamilton e Jaime Alguersuari. Todos acabaram ali a sua corrida, e o Safety Car entrou em acção.
Nas cinco voltas que se seguiram, podíamos ver o rescaldo: O “bodo aos pobres” mostrava os Red Bull mais ou menos a meio da tabela, com Barrichello e Trulli nas boxes, só havia Kimi Raikonnen a desafiar abertamente o Force Índia de Fisichella. Quando o SC recolheu ao seu devido lugar, Raikonnen precisou apenas de chegar à entrada da recta Kemmel para alcançar a liderança. E passou por fora!
A corrida em termos de primeiros lugares ficou um pouco arrefecida, mas logo atrás tínhamos lutas próprias, como a recuperação de Barrichello e os Red Bull. Contudo, na primeira passagem pelas boxes, na mesma volta que Raikonnen e Fisichella paravam, Webber e Heidfeld também paravam, e na saída quase provocavam uma colisão. Resultado: o australiano foi obrigado a um “drive through” e perdeu tempo. Essa passagem mostrou que a Force Índia e a Ferrari tinham a mesma estratégia, e para melhorar as coisas, não só Físico não de deslocava do finlandês, como para piorar as coisas para o lado da casa de Maranello, Fisichella era por vezes um pouco mais rápido que Raikonnen! O KERS não deveria funcionar ao contrário?
Atrás dele, vinha Fernando Alonso, no Renault sobrevivente, que vinha com uma estratégia de uma só paragem, parando apenas na volta 24. Mas quando para… a estratégia vai abaixo, com a avaria da pistola de troca de pneus, nomeadamente a frente esquerda. Mas isso tinha uma explicação: na primeira curva da corrida, em La Source, um dos carros tinha tocado nessa roda, entortando-a. E quando viram esses estragos, a equipa não quis arriscar mais Budapestes, pedindo ao piloto espanhol para encostar definitivamente às boxes. E Flávio Briatore fazia as malas para embarcar no seu jacto privado, rumo para casa…
A corrida também demonstrava algo interessante: o Toyota, que tinha tudo feito para vencer hoje, graças a Jarno Trulli, ficara prejudicado com as confusões da largada, e quem era o grande beneficiado era a (futuramente retirada) BMW Sauber, que colocava Robert Kubica na terceira posição e Nick Heidfeld na quinta. Para uma equipa que vai abandonar a Formula 1 no final da época, estava a ser um belo “canto do cisne”.
E as voltas finais assistiam a um duelo à distância: Fisichella contra Raikonnen. As diferenças eram mínimas, com Vettel na terceira posição, tentando apanhar os dois primeiros. Mais atrás, um pequeno drama: Barrichello, lutando pela sexta posição no seu Brawn com Kovalainen, deitava fumo pelo motor. Julgava-se que não chegaria ao fim, mas a sua veterania veio ao de cima e conseguiu obter dois pontos, importantes para o seu campeonato, e uma pequena recompensa pela má partida.
E quando a bandeira de xadrez foi mostrada, a Formula 1 via o seu sexto vencedor do ano, a primeira vitória da Ferrari e a segunda vitória de um carro com KERS em 2009. Com um extasiado Fisichella a seu lado, nos primeiros pontos e primeiro pódio de sempre da Force India (que numa das suas encarnações fora Jordan, e esta dava-se muito bem em Spa-Francochamps!) e um Sebastien Vettel que recuperava o terceiro lugar da classificação, era mais uma demonstração de que neste campeonato, cada vez mais convenço que o vencedor desta temporada só será conhecido no final da tarde do 1º de Novembro, em Abu Dhabi… Mas até lá temos de passar por outro clássico: Monza!
Mas aqui neste fim-de-semana, ouvi muitas pessoas a dizer que “o fim do Mundo tinha chegado” quando viram Giancarlo Fisichella na pole-position, numa Force Índia que em duas temporadas na competição, nunca tinha sequer pontuado. A minha resposta a essas declarações algo histéricas é esta: o tão propalado “fim do mundo” já aconteceu em Março, quando os Brawn GP dominaram em Melbourne…
A corrida de hoje tinha todos os ingredientes de ser interessante. Longe do tempo ser um factor decisivo nesta corrida, o circuito de Spa-Francochamps tem um troço interessante, aquele que vai do gancho de La Source até Les Combes. Tem pouco mais de dois quilómetros e meio e passa pelo famoso troço de Eau Rouge e do Radillon, passando pela recta Kemmel, antes de chegar a Les Combes, onde abandona o circuito antigo e passa para o novo. Contudo, nunca julguei que nesses dois quilómetros e pouco mais se decidisse uma corrida, ainda mais se for na primeira volta. Mas foi o que aconteceu: depois de uma partida onde o homem melhor colocado nos da frente, Rubens Barrichello, atrasou-se perante a concorrência, numa partida catastrófica. Contudo, esse azar de Barrichello foi a sua sorte, pois safou-se dos toques que aconteciam à sua frente, primeiro em La Source, e mais tarde em Les Combes. E nesse sitio assistiu-se tudo: Jenson Button, que passava Heiki Kovalainen, foi tocado por Romain Grosjean, que por sua vez foi tocado por Lewis Hamilton e Jaime Alguersuari. Todos acabaram ali a sua corrida, e o Safety Car entrou em acção.
Nas cinco voltas que se seguiram, podíamos ver o rescaldo: O “bodo aos pobres” mostrava os Red Bull mais ou menos a meio da tabela, com Barrichello e Trulli nas boxes, só havia Kimi Raikonnen a desafiar abertamente o Force Índia de Fisichella. Quando o SC recolheu ao seu devido lugar, Raikonnen precisou apenas de chegar à entrada da recta Kemmel para alcançar a liderança. E passou por fora!
A corrida em termos de primeiros lugares ficou um pouco arrefecida, mas logo atrás tínhamos lutas próprias, como a recuperação de Barrichello e os Red Bull. Contudo, na primeira passagem pelas boxes, na mesma volta que Raikonnen e Fisichella paravam, Webber e Heidfeld também paravam, e na saída quase provocavam uma colisão. Resultado: o australiano foi obrigado a um “drive through” e perdeu tempo. Essa passagem mostrou que a Force Índia e a Ferrari tinham a mesma estratégia, e para melhorar as coisas, não só Físico não de deslocava do finlandês, como para piorar as coisas para o lado da casa de Maranello, Fisichella era por vezes um pouco mais rápido que Raikonnen! O KERS não deveria funcionar ao contrário?
Atrás dele, vinha Fernando Alonso, no Renault sobrevivente, que vinha com uma estratégia de uma só paragem, parando apenas na volta 24. Mas quando para… a estratégia vai abaixo, com a avaria da pistola de troca de pneus, nomeadamente a frente esquerda. Mas isso tinha uma explicação: na primeira curva da corrida, em La Source, um dos carros tinha tocado nessa roda, entortando-a. E quando viram esses estragos, a equipa não quis arriscar mais Budapestes, pedindo ao piloto espanhol para encostar definitivamente às boxes. E Flávio Briatore fazia as malas para embarcar no seu jacto privado, rumo para casa…
A corrida também demonstrava algo interessante: o Toyota, que tinha tudo feito para vencer hoje, graças a Jarno Trulli, ficara prejudicado com as confusões da largada, e quem era o grande beneficiado era a (futuramente retirada) BMW Sauber, que colocava Robert Kubica na terceira posição e Nick Heidfeld na quinta. Para uma equipa que vai abandonar a Formula 1 no final da época, estava a ser um belo “canto do cisne”.
E as voltas finais assistiam a um duelo à distância: Fisichella contra Raikonnen. As diferenças eram mínimas, com Vettel na terceira posição, tentando apanhar os dois primeiros. Mais atrás, um pequeno drama: Barrichello, lutando pela sexta posição no seu Brawn com Kovalainen, deitava fumo pelo motor. Julgava-se que não chegaria ao fim, mas a sua veterania veio ao de cima e conseguiu obter dois pontos, importantes para o seu campeonato, e uma pequena recompensa pela má partida.
E quando a bandeira de xadrez foi mostrada, a Formula 1 via o seu sexto vencedor do ano, a primeira vitória da Ferrari e a segunda vitória de um carro com KERS em 2009. Com um extasiado Fisichella a seu lado, nos primeiros pontos e primeiro pódio de sempre da Force India (que numa das suas encarnações fora Jordan, e esta dava-se muito bem em Spa-Francochamps!) e um Sebastien Vettel que recuperava o terceiro lugar da classificação, era mais uma demonstração de que neste campeonato, cada vez mais convenço que o vencedor desta temporada só será conhecido no final da tarde do 1º de Novembro, em Abu Dhabi… Mas até lá temos de passar por outro clássico: Monza!
Paulo, eu sou um daqueles que ainda acha que o problema inicial na largada de Barrichello ironicamente acabou ajudando-o. Com a possibilidade de não usar mais pneus macios (que a Brawn está péssima) e enchendo o tanque para duas paradas, ele ficou com chances de ir até o 6º lugar. Conseguiu um 7º e só não o 6º pq Kovalainen tem Kers e no fim deu o problema.
ResponderEliminarSe fosse o contrário, na segunda janela de pits o Rubens ia lá p/ trás e com três paradas...tinha ferrado tudo. Se ele tivesse mudado para duas paradas logo no meio da coisa? Aí o mau rendimento da Brawn em Spa iria com certeza provar minha tese...
Mas é só uma teoria..
Compartilho aqui com todos minhas opiniões sobre a corrida de ontem...abraços
http://historiasevelocidade.blogspot.com/2009/08/gp-da-belgica-raikkonen-de-volta-e-as.html