quinta-feira, 27 de agosto de 2009

GP Memória - Belgica 1989

Passados quinze dias desde a corrida húngara, máquinas e pilotos passavam agora para o desafiador circuito de Spa-Fracochamps, na Bélgica, onde eram sujeitos não só aos desafios da pista, como também ao capricho do tempo nas Ardenas, um local onde 45 anos antes tinha assistido à ultima grande ofensiva da Alemanha nazi contra os Aliados. Aliás, Bastogne, o local onde o general americano Anthony McAuliffe, respondera ao cerco alemão com um simples “NUTS!” não ficava longe dali…


Os bastidores andavam agitados, mas agitados do que o costume. Alguns dias antes, o homem que comprara a MRD Developments, o nome de registo da Brabham, no ano anterior a Bernie Ecclestone, o suíço Joachim Luthi, tinha sido preso, acusado de uma grande fraude, no valor de 100 milhões de dólares, de uma das suas companhias de investimentos bancários. A justiça suíça decidira congelar os seus bens. Ao mesmo tempo, outro dos potenciais compradores, um tal… Peter Windsor, tinha entrado com uma acção num tribunal londrino, para contestar essa compra, o que fez com que… os bens da MRD fossem congelados também!


Enquanto isso, havia algumas alterações nas equipas. A corrida belga coincidia com uma ronda da Formula 3000 europeia, e Jean Alesi estava a disputar o título daquele ano. Assim sendo, Ken Tyrrell, patrão da equipa, foi buscar os serviços do novato Johnny Herbert para preencher a vaga. Herbert, que tinha sido despedido da Benetton no final da corrida canadiana, tinha mais uma chance de demonstrar o seu valor, e também voltaria para correr na prova do Estoril, dali a quatro semanas.


Numa das equipas do fundo do pelotão, a Rial, o seu patrão Gunther Schmidt dispensava os serviços do seu compatriota Wolker Weidler, que nunca se tinha qualificado uma única vez na temporada. No seu lugar, vinha o francês Pierre-Henri Raphanel, que tinha corrido até ali na Coloni, outra equipa do fundo do pelotão. Nessa equipa, a sua vaga foi preenchida pelo italiano Enrico Bertaggia.


A corrida belga, que iria marcar o centésimo Grande Prémio por parte do local Thierry Boutsen, que começara a correr sete temporadas antes, em… Spa-Francochamps, começou com as pré-qualificações de sexta-feira de manhã, com os Larrousse de Michele Alboreto e Philipe Alliot, e os Onyx de Stefan Johansson e Bertrand Gachot a serem contemplados com a passagem para a fase seguinte. No final da qualificação, estes quatro carros conseguiriam estar entre os 26 felizes contemplados para correr na prova de Domingo.


Para o lugar mais cobiçado, a “pole-position” o feliz contemplado foi o favorito de todas as casas de apostas: Ayrton Senna, no seu McLaren-Honda. Ao seu lado estava o seu companheiro de equipa, e maior rival, Alain Prost. Na segunda fila ficaram o Ferrari de Gerhard Berger e o Williams-Renault de Thierry Boutsen, e na terceira estavam o segundo Williams-Renault de Riccardo Patrese e o segundo Ferrari de Nigel Mansell. Alessandro Nannini, no seu Benetton-Ford, era o sétimo a partir, tendo a seu lado o Brabham-Judd de Stefano Modena. A fechar o “top ten” ficavam o March-Judd de Maurício Gugelmin e o Arrows-Ford de Derek Warwick.

A tarde de Sábado ficaria famosa em Spa-Francochamps por um “escândalo”: a Lótus, a mítica equipa fundada em 1958 por Colin Chapman, não conseguia meter nenhum dos seus carros na grelha. Nelson Piquet e Satoru Nakajima não iriam alinhar, devido a problemas de vária ordem. Um motor partido num chassis e danos noutro devido a despiste, aliados a pneus Goodyear pouco eficazes, fizeram com que ambos os pilotos ficassem de fora. Um golpe brutal na equipa, que vivia tempos conturbados…

No dia da partida, uma chuva forte atrasou a partida por mais de uma hora, devido ao facto de em certas zonas, a água inundava a pista. Quando esta amainou um pouco, a partida foi dada, com Senna a manter a liderança atrás de Prost, Berger e Mansell, que sai um pouco do asfalto para tentar ganhar uns lugares extra. As coisas andam assim por mais umas voltas, até que Berger desiste, vítima de "acquaplanning" na volta nove.


A meio da corrida, tudo está na mesma, com Prost a não largar Senna e atrás deles, Mansell a não largar os McLaren. Ricardo Patrese desiste devido a um acidente, uma volta depois e no mesmo local que o Larrousse do seu compatriota Michele Alboreto. Esse é praticamente o último acontecimento relevante da corrida até ao final, quando Senna cruza a meta como vencedor, mas ganhou apenas três pontos a Prost. Mansell acompanhou-os no pódio, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Williams de Thierry Boutsen, o Benetton de Alessandro Nannini e o Arrows de Derek Warwick.

Fontes:

Santos, Francisco – Formula 1 1989/90, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1989


http://en.wikipedia.org/wiki/1989_Belgian_Grand_Prix

1 comentário:

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...