Depois de Hockenheim, o pelotão da Formula 1 ia para a Hungria, onde iriam correr a sua já habitual corrida no outro lado da Cortina de Ferro, que naquele ano de 1989, não era tão de ferro assim. Com a própria Hungria em fase de transição do monolito comunista para a democracia e o capitalismo, no próprio centro de Budapeste, milhares de cidadãos da Alemanha do Leste, sob o pretexto de férias, acampavam nos jardins da embaixada da Alemanha Ocidental, para assim contornar o Muro de Berlim. E ao mesmo tempo, a Polónia, que não há muito tempo estava sob Lei Marcial, já era governada pelo primeiro governo não-comunista desde 1945. Era um ano diferente naquele lado da Europa, e mais estava para acontecer...
Entretanto, o pelotão da Formula 1 estava mais preocupado em saber como iria correr o seu fim de semana no lento e travado circuito de Hungaroring. Com o campeonato ao rubro entre os dois pilotos da McLaren, o resto do pelotão estava mais preocupado em conseguir escapar ao fundo da grelha, pelo menos aqueles que tinham a sorte de não participar no inferno das sextas-feiras de manhã, que eram a pré-qualificação. Nesse campo, agora que Brabham, Dallara e Rial já lá não estavam, tinha em compensação a Osella, Larrousse e Coloni. Aí, a Onyx continuava com a sua boa forma, colocando os seus pilotos, Stefan Johansson e Bertrand Gachot, na qualificação, acompanhados por o Osella de Piercarlo Ghinzani e o Larrousse de Michele Alboreto, deixando de fora o seu companheiro Philippe Alliot.
Chegados à qualificação, e após as sessões de Sexta-feira e Sábado, a grande surpresa vinha da Williams: após 17 corridas, Riccardo Patrese colocava o carro na pole-position, a primeira da Renault desde o seu regresso, e também era o primeiro do piloto italiano em quase oito temporadas, já que o último tinha sido no GP de Itália... de 1983, ao volante de um Brabham-BMW. Ayrton Senna estava a seu lado na primeira fila, enquanto que na segunda, estava um surpreendente Alessandro Caffi, no seu Dallara-Judd (graças a um bom desempenho dos pneus Pirelli na pista húngara), com Thierry Boutsen, no segundo Williams, na quarta posição. Alain Prost, no seu segundo McLaren, e o Ferrari de Gerhard Berger estavam na terceira fila, enquanto que Alessandro Nannini (Benetton-Ford) e Stefano Modena (Brabham-Judd) eram sétimo e oitavo, respectivamente. A fechar o "top ten" estavam o Arrows de Derek Warwick e o Minardi de Pierluigi Martini.
Mais atrás, Nigel Mansell era apenas 12º no seu Ferrari, enquanto que Nelson Piquet largava da 17ª posição na sua Lotus-Judd. os Onyx de Gachot e Johansson foram respectivamente 21º e 24º, e Michele Alboreto era o último a largar, deixando de fora os Ligier de René Arnoux e Olivier Grouillard, e os Rial de Christian Danner e Wolker Weidler.
Na partida, Patrese larga bem e mantêm a liderança, com Senna e Caffi atrás. Contudo, o piloto italiano, bem como os outros pilotos que tinham calçado os pneus italianos, iriam lutar em corrida com a má performance no calor, e cedo ficaria para trás, utrapassado por Prost, Berger e um veloz Mansell, que no final da primeira volta já era oitavo. O italiano da Williams manteve a liderança durante 52 voltas sem problemas, com Senna atrás dele, sempre a menos de um segundo de diferença, a quer ultrapassá-lo, mas num circuito estreito e com quase nenhuns pontos de ultrapassagem, a tarefa era complicada.
Paulatinamente, Mansell passava os pilotos à sua frente e na volta 20, já estava nos pontos. Mais vinte voltas e era quarto classificado, apenas atrás de Prost, Senna e Patrese. Mas tal como os outros que estavam à sua frente, estava bloqueado devido ao facto do Williams ser um pouco mais lento do que os demais e da pista ser mais estreita.
Então, na volta 53, Patrese sofre um furo no radiador e é ultrapassado por Senna. Nessa altura, já Mansell tinha ultrapassado Prost e estava em cima do piloto brasileiro. Nas quatro voltas seguintes, houve um duelo à distância entre os dois, e quando na volta 57, ambos vêm o Onyx mais lento de Johansson (estava a ter problemas de caixa de velocidades), Senna hesitou e Mansell, usando do seu instinto, flectiu para a direita e ultrapassa ambos os carros, numa manobra ousada, mas provavelmente a melhor ultrapassagem do ano.
Com o tempo Mansell escapa-se e consegue ganhar vantagem suficiente para vencer a corrida, à frente de Senna e do Williams de Thierry Boutsen, que conseguira ultrapassar Alain Prost e ficar na quarta posição. O Arrows de Eddie Cheever e o Lotus de Nelson Piquet fecharam os lugares pontuáveis.
Fontes:
Santos, Francisco - Formula 1 1989/90, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1989
http://en.wikipedia.org/wiki/1989_Hungarian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr478.html
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