terça-feira, 22 de setembro de 2009

GP Memória - Canadá 1974

Quando a Formula 1 entrava na sua penultima prova do ano, no circuito de Mosport, no Canadá, as coisas estavam bem equilibradas nos lugares da frente, com o suiço Clay Regazzoni a liderar o campeonato com 46 pontos, mais um do que Jody Scheckter, o segundo classificado, no seu Tyrrell. O brasileiro Emerson Fittipaldi, no seu McLaren, tinha 43 pontos, e as suas chances de alcançar o bicampeonato estavam intactas, depois daquele segundo lugar na corrida anterior, em Monza. Niki Lauda era o quarto, com 38 pontos, e apesar das desistências, estava matemáticamente na luta, e com 18 pontos em jogo, poderia chegar lá, caso vencesse nas duas últimas provas do ano.

À entrada da prova canadiana, a lista de inscritos tinha duas novas equipas, e mais alguns novos pilotos. A Parnelli e a Penske eram duas equipas americanas que se aventuravam na Formula 1, ambas com um só carro, fabricado por eles próprios, e tinham consigo a elite do automobilismo desta lado do Atlântico. Mario Andretti, com alguma experiência na Formula 1, pela Lotus, March e Ferrari, corria no carro de Parnelli Jones, o VPJ4 com o numero 55, desenhado por Maurice Philippe, enquanto que Roger Penske tinha o numero 66, e o piloto que conduzia o seu carro era outro vencedor de Indianápolis e da Can-Am, e que tinha saído da sua retirada, para ajudar na aventura do seu amigo na formula 1: Mark Donohue.

Chris Amon tinha decidido fechar a sua equipa e aceitou o convite para disputar as duas últimas provas do ano ao serviço da BRM, que tinha apenas dois carros no Canadá, enquanto que na Surtees, Derek Bell era agora acompanhado pelo jovem austriaco Helmut Koenigg. A McLaren tinha agora no terceiro carro o alemão Jochen Mass, que estaria aqui a antecipar a próxima temporada, já que ele já tinha sido contratado para ser o segundo piloto de Fittipaldi e o substituto de Dennis Hulme, que estava agora a correr pela penultima vez na Formula 1.


A Brabham tinha Carlos Reutmann e José Carlos Pace, mas havia mais três carros privados, um para John Watson, outro para Ian Ashley e um terceiro para o local Eppie Wietzes. Sendo assim, estavam 30 carros inscritos, dos quais somente 26 iriam alinhar à partida.


No final das sessões de qualificação, Emerson Fittipaldi levou a melhor, fazendo a sua segunda pole-position do ano. Ao seu lado estava outro rival na conquista do título, Niki Lauda. Na segunda linha estava Jody Scheckter, que tinha Carlos Reutmann a seu lado, e na terceira fila ficavam o Shadow de Jean-Pierre Jarier e o segundo Ferrari de Clay Regazzoni. O sétimo a partir nessa grelha era o segundo Tyrrell de Patrick Depailler, que tinha logo a seguir o jovem James Hunt, no seu Hesketh. Para fechar o "top ten" estavam o segundo Brabham de José Carlos Pace e o Lotus de Ronnie Peterson.


Mario Andretti era o melhor dos estreantes, na 16ª posição, enquanto que Mark Donohue estava no final da grelha, na 24ª posição. Mas ficava imediatamente à frente de Amon, no seu BRM. Contudo, havia quatro azarados que falhavam a grelha: o Ensign de Mike Wilds, o March de Vittorio Brambilla, o Brabham de Ian Ashley, e o Surtees de Derek Bell.


Na partida, Lauda partiu melhor e ficou com a liderança, seguido por Fittipaldi, Regazzoni, Scheckter e Pace. Na terceira volta, o piloto sul-africano trocou de posição com o segundo Ferrari e partiu em perseguição dos dois da frente. Os quatro primeiros do campeonato lutavam entre si para saber quem era o melhor, e assim se manteve durante quase metade da corrida. Caso acabassem nesta ordem, três dos quatro pilotos (Regazzoni, Fittipaldi e Scheckter) iam para Watkins Glen empatados com 49 pontos!


Contudo, essa perspectiva caiu na volta 47, quando Scheckter viu os seus travões falharem e bateu forte à saída de uma curva. Assim Regazzoni subiu para terceiro, e era agora o novo lider (virtual) do campeonato. Na volta 67, outro acidente iria ser decisivo nos planos do título, quando o líder da corrida, Niki Lauda, passou por cima dos destroços de outro piloto que se tinha despistado, e perdeu o controle do seu Ferrari. Não só isso entregava a liderança da corrida para Fittipaldi, com as suas hipóteses de título mundial acabavam ali.


Assim, Fittipaldi só tinha que levar o carro até ao fim e vencer a corrida, que faria avivar ainda mais as suas chances para o bicampeonato, com Regazzoni em segundo e o Lotus de Ronnie Peterson na terceira posição. James Hunt foi o quarto, no seu Hesketh, Patrick Depailler e o segundo McLaren de Dennis Hulme fechavam os lugares pontuáveis.


E a duas semanas da corrida final, em Watkins Glen, a luta pelo título tinha dois pilotos empatados na liderança: Emerson Fittipaldi e Clay Regazzoni, ambos com 52 pontos. Jody Scheckter era o terceiro, com 45 pontos, e tinha algunmas chances para alcançar o título. Mosport serviu apenas para encerrar as hipóteses de Niki Lauda, mas esta sua temporada de estreia na Ferrari demonstrava que já não era mais do que um promissor piloto. O futuro diria que iria ser um dos nomes mais brilhantes daquela década.


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