terça-feira, 8 de setembro de 2009

GP Memória - Itália 1974

Esta estava a ser uma temporada diabólica, pois havia quatro pilotos com hipóteses reais de conseguir o título mundial. O suíço Clay Ragazzoni, no seu Ferrari, era o líder, com 46 pontos, mas dele até ao quarto classificado, o brasileiro Emerson Fittipaldi, da McLaren, distava apenas nove pontos, o valor de uma vitória. E entre eles estava o sul-africano Jody Scheckter, segundo com 41 pontos, e Niki Lauda, no segundo Ferrari, era terceiro, com 38 pontos. Outros espreitavam uma hipótese matemática, como o sueco Ronnie Peterson, no seu Lótus (22 pontos) e Carlos Reutmann, no seu Brabham (23 pontos), mas o campeonato só tinha mais três corridas para chegar ao fim, e essas hipóteses para ambos os pilotos já eram bem remotas.

Na lista de inscritos, que se tinha alargado para 31 carros, nos quais somente 25 conseguiriam a qualificação, havia algumas novidades. Chris Amon voltava com o seu carro, numa última tentativa de colocar o seu projecto de pé, enquanto que na BRM, Henri Pescarolo e Francois Migault voltavam com os seus carros, depois de terem estado ausentes na Áustria. Na muito confusa Surtees, o francês Jean-Pierre Jabouille era substituído pelo seu compatriota José Dolhem. Na Scuderia Finotto, que corria com um chassis Brabham, iriam buscar um piloto local, Carlo Fachetti, no lugar de Helmut Koennig. O mais interessante de todas estas novidades é que… nenhum deles conseguiu a qualificação para a corrida italiana.


Em Monza existia a legitima expectativa de que a Ferrari pudesse brilhar “em casa” para assim impulsionar definitivamente as suas aspirações ao título. E na realidade, foi o segundo piloto da marca, Niki Lauda, conseguiria, graças ao seu motor V12, a “pole-position”. Ao seu lado tinha o vencedor da corrida anterior, na Áustria: o argentino Carlos Reutmann. Na segunda fila, demonstrando o bom momento dos Brabham, estavam dois desses modelos. O ficial, tripulado por José Carlos Pace, e os privados da Hexagon, tripulado pelo norte-irlandês John Watson. Na terceira fila estavam o segundo Ferrari de Clay Regazzoni e o Lotus do sueco Ronnie Peterson. Depois vinha Emerson Fittipaldi, no seu McLaren, e o Hesketh de James Hunt. Para fechar o “top tem” estavam o Shadow de Jean-Pierre Jarier e o Tyrrell de Patrick Depailler. O seu companheiro de equipa, Jody Scheckter, tinha tido problemas na qualificação e iria partir somente da 12ª posição.


Quanto aos pilotos que não conseguiram a qualificação para a corrida, para além de Amon, Dolhem e Fachetti, falharam também o Ensign de Mike Wilds e os Surtees de Leo Kinnunen e Derek Bell. Para Amon, Monza iria signicar era o fim da sua aventura com a sua própria equipa, enquanto que Kinnunen iria para a história como o primeiro finlandês a participar na Formula 1, pois este viria a ser também a sua última tentativa de participar num Grande Prémio.


Na partida, não houve novidades de maior, com Lauda na liderança, mas na volta a seguir, Regazzoni começava uma corrida de recuperação até ao segundo lugar, passando os Brabhams de Watson, Pace e Reutmann em algumas voltas, para ficar colado a Lauda. Com os carros da Scuderia a ficaram nesta situação, enquanto viam nas voltas a seguir o desmembramento do pelotão Brabham, com Reutmann a desistir com problemas de caixa na volta 12, enquanto que Watson e Pace tinham problemas e atrasavam-se. Quem beneficiou com isto tudo foram três pilotos: Peterson, Fittipaldi e Scheckter, que ficaram atrás dos Ferrari, enquanto que Pace era sexto, mas com dificuldade para aguentar os ataques do Iso-Marlboro de Arturo Merzário, que fazia uma sensacional corrida do 15º posto.


Tudo indicava que isto seria mais uma gloriosa tarde da Rossa em Monza, mas na volta 30… um rastro de fumo começou a surgir do carro de Lauda, fazendo com que abdicasse da liderança a favor do seu companheiro. Viria a desistir na volta 32, com o motor V12 partido. Regazzoni continuou por mais algum tempo, mas o constante esforço daquele motor nas longas rectas de Monza fez com que também cedesse na volta 40, entregando a liderança ao Lótus de Peterson.


Nessa altura, o sueco tinha nos seus escapes a frente do McLaren do seu ex-companheiro de equipa, e nas doze voltas finais houve uma batalha à distância, com o brasileiro a fazer marcação cerrada ao piloto da Lótus, mas não passou. No final, Peterson ganha, mas a diferença para Fittipaldi foi de 0.8 segundos. Era a terceira vitória do ano para o sueco, mas era insuficiente para lançar a sua candidatura ao título, já que atrás dele ficaram dois dos quatro candidatos ao campeonato: Fittipaldi e Scheckter, que completavam o pódio.


Nos restantes lugares pontuáveis ficaram Arturo Merzário, no seu Iso-Marlboro, o Brabham de José Carlos Pace e o segundo McLaren de Dennis Hulme. E a luta pelo campeonato estava ao rubro, quando faltavam duas provas para o final do campeonato. Regazzoni ainda liderava com 46 pontos, mas Fittipaldi tinha agora 45 e Jody Scheckter 43. Niki Lauda tinha 38 pontos e Ronnie Peterson 31, mas o sueco dependia de um milagre para conseguir alcançar o título, pois tinha de ganhar ambas as corridas e os seus mais directos adversários não poderiam pontuar. O que ninguém sabia era que a vitória de Peterson em Monza viria a ficar na História do Automobilismo como a última de um modelo mítico como era o Lótus 72.

Fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/1974_Italian_Grand_Prix
http://www.grandprix.com/gpe/rr248.html

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...