Nas duas semanas após Spa-Francochamps, a desclassificação de Michael Schumacher na Bélgica, bem como as várias irregularidades ocorridas na Benetton fizeram com que a FIA tivesse de tomar uma decisão. Sendo assim, esta decidiu suspender Schumacher por duas corridas, falhando as corridas de Monza e Estoril, regressando apenas em Jerez de la Frontera, para o GP da Europa. Para o seu lugar era chamado J.J. Letho, o terceiro piloto da equipa, que tinha tido um acidente no início da época e que ainda não tinha recuperado a sua competitividade.
Este resultado era uma boa notícia para a Williams e para Damon Hill em particular, que caso vencessem as duas corridas onde o piloto alemão iria estar ausente, poderia reduzir dramaticamente a diferença e relançar o campeonato.
Nas outras equipas, também havia modificações. Depois da experiência Philippe Adams em Spa-Francochamps, a Lótus voltava a ter Alex Zanardi no seu carro, numa altura em que a equipa estava prestes a declarar a falência e a entrar numa concordata que lhe permitia correr até ao final da época e tentar encontrar compradores para salvar a equipa de continuar a correr na Formula 1. Entretanto, a Mugen-Honda fornecia a Johnny Herbert um novo motor, mais leve do que o anterior, no sentido de mostrar algum ar da sua graça, que recordasse os velhos dias da marca fundada por Colin Chapman. A Larrousse fazia a mesma coisa: depois de chamar Phillipe Alliot para correr na Bélgica, em substituição do monegasco Olivier Beretta, contratou outro velho conhecido da equipa, o francês Yannick Dalmas, para o segundo carro.
O circo da Formula 1 via em Monza o regresso de uma cara conhecida: Karl Wendlinger. Depois de ter tido um bom começo de temporada, e do horrível acidente na chicane do Porto, no Mónaco, a recuperação tinha sido firme, e o piloto austriaco estava apto a correr de novo na Formula 1. Peter Sauber tinha-lhe prometido na altura que quando estivesse apto para correr, o carro estaria à sua espera. Em princípio, Wendlinger regressaria para as duas últimas corridas do ano, significando que dentro em breve era o fim da linha para o seu substituto, Andrea de Cesaris.
A grelha de partida tinha nomes surpreendentes nas filas da frente. A Ferrari, dona de um potente motor V12 e a jogar em casa, colocou Jean Alesi na “pole-position”, levando os tiffosi ao delírio. Após 81 corridas e cinco temporadas na categoria máxima do automobilismo, o mais italiano dos pilotos franceses conseguia ficar no primeiro lugar da grelha, a primeira vez que um Ferrari ficava nessa posição desde Mário Andretti, em 1982. Ao seu lado, para completar o ramalhete, estava o seu companheiro de equipa Gerhard Berger. Na segunda fila estavam Damon Hill, no seu Williams-Renault, e Johnny Herbert, no seu Lótus-Mugen Honda. Por fim, o novo motor compensava o esforço, e era uma boa notícia, na mesma semana que a equipa tinha feito uma concordata para tentar salvar a equipa da falência. A terceira fila tinha David Coulthard, no segundo Williams-Renault, e Olivier Panis, no Ligier-Renault. O sétimo a partir era o McLaren-Peugeot de Mika Hakkinen e o Sauber-Mercedes de Andrea de Cesaris e a fechar o “top ten“ estava o Jordan de Eddie Irvine e o Benetton de Jos Verstappen.
Na “warm up” de domingo, um incidente ia estragando a festa da Ferrari quando Gerhard Berger teve uma violenta saída de pista e teve de passar pela enfermaria do hospital. Felizmente não tinha nada, e os médicos autorizaram-no a alinhar na prova, apesar das dores no pescoço.
Na partida, os dois Ferrari largaram bem, com Herbert e Hill a disputarem a terceira posição. Contudo, na primeira chicane, Irvine exagera na travagem e bate na traseira de Herbert, caindo na gravilha e levando consigo Panis, Coulthard, Herbert e o seu companheiro Zanardi, o Arrows de Gianni Morbidelli e o Benetton de Verstappen. Estes três últimos abandonaram na hora, enquanto que a corrida era interrompida. O incidente na primeira chicane, e subsequente estrago no carro de Herbert foi recebido com um misto de fúria e de uma enorme tristeza na boxe da Lótus, que via esfumar a sua última hipótese de se mostrar naquela temporada. Peter Collins, o director-desportivo da marca fundada por Colin Chapman, largou um comentário sarcástico: “O cérebro de Irvine foi removido e já é altura da FIA fazer o mesmo com a sua Superlicença”. Apenas mais um no paddock a dizer o que pensava do louco irlandês… no final da corrida, a FIA iria suspender Irvine para o GP de Portugal, mas a pena ficava suspensa por três corridas.
Na segunda partida, os Ferrari mantiveram os seus postos, apesar de Alesi ter forçado a embraiagem. O francês disparou na liderança e planeava parar por duas vezes, enquanto que Berger aguentava Hill e Coulthard, seguido do Tyrrell de Ukyo Katayama e o McLaren de Mika Hakkinen. Na volta 15, Alesi fez a sua primeira paragem programada, mas quando quis engatar a primeira… a embraiagem cedeu, deixando-o na mão. Saiu do carro, chorou que nem uma madalena, e pelo que se consta, voltou no final daquela tarde para Avignon à mesma velocidade que corria em Monza…
Entretanto, a corrida continuava, com Berger a aguentar os Williams, mas apenas até à volta 23, altura em que uma série de pilotos passaram por lá, desde Hill a Coulthard, passando por Hakkinen, até que na volta 28, Hill ficou definitivamente com a liderança, depois da boxe ter avisado Coulthard para que este cedesse o primeiro lugar a Hill, pois havia um título em jogo. O britânico passou para a frente e não a largou até ao final da corrida. Atrás dele ficava o seu fiel companheiro Coulthard e de Berger, que tivera a sua paragem nas boxes prejudicada pelo facto do Ligier de Panis ter ficado parado à sua frente, perdendo preciosos segundos.
Na última volta, um drama: Coulthard tinha a meta à vista e nova subida ao pódio, quando de repente fica em pane seca e perde o segundo lugar certo a favor de Berger. Nem tudo foi perdido, pois o escocês ainda conseguiu um ponto, por ter percorrido a distância suficiente para se classificar na sexta posição. Mika Hakkinen foi o terceiro, enquanto que Rubens Barrichello terminou no quarto posto e Martin Brundle conseguiu mais dois pontos para a McLaren, antes de Coulthard fechar os pontos. Assim, Hill conseguia cumprir a primeira parte do plano de recuperação para Schumacher. Restava saber se dentro de 15 dias, no Autódromo do Estoril, iria conseguir cumprir a segunda parte.
Fontes:
Santos, Francisco – Formula 1 1994/95, Ed. Talento, Lisboa, 1994
http://en.wikipedia.org/wiki/1994_Italian_Grand_Prix
Este resultado era uma boa notícia para a Williams e para Damon Hill em particular, que caso vencessem as duas corridas onde o piloto alemão iria estar ausente, poderia reduzir dramaticamente a diferença e relançar o campeonato.
Nas outras equipas, também havia modificações. Depois da experiência Philippe Adams em Spa-Francochamps, a Lótus voltava a ter Alex Zanardi no seu carro, numa altura em que a equipa estava prestes a declarar a falência e a entrar numa concordata que lhe permitia correr até ao final da época e tentar encontrar compradores para salvar a equipa de continuar a correr na Formula 1. Entretanto, a Mugen-Honda fornecia a Johnny Herbert um novo motor, mais leve do que o anterior, no sentido de mostrar algum ar da sua graça, que recordasse os velhos dias da marca fundada por Colin Chapman. A Larrousse fazia a mesma coisa: depois de chamar Phillipe Alliot para correr na Bélgica, em substituição do monegasco Olivier Beretta, contratou outro velho conhecido da equipa, o francês Yannick Dalmas, para o segundo carro.
O circo da Formula 1 via em Monza o regresso de uma cara conhecida: Karl Wendlinger. Depois de ter tido um bom começo de temporada, e do horrível acidente na chicane do Porto, no Mónaco, a recuperação tinha sido firme, e o piloto austriaco estava apto a correr de novo na Formula 1. Peter Sauber tinha-lhe prometido na altura que quando estivesse apto para correr, o carro estaria à sua espera. Em princípio, Wendlinger regressaria para as duas últimas corridas do ano, significando que dentro em breve era o fim da linha para o seu substituto, Andrea de Cesaris.
A grelha de partida tinha nomes surpreendentes nas filas da frente. A Ferrari, dona de um potente motor V12 e a jogar em casa, colocou Jean Alesi na “pole-position”, levando os tiffosi ao delírio. Após 81 corridas e cinco temporadas na categoria máxima do automobilismo, o mais italiano dos pilotos franceses conseguia ficar no primeiro lugar da grelha, a primeira vez que um Ferrari ficava nessa posição desde Mário Andretti, em 1982. Ao seu lado, para completar o ramalhete, estava o seu companheiro de equipa Gerhard Berger. Na segunda fila estavam Damon Hill, no seu Williams-Renault, e Johnny Herbert, no seu Lótus-Mugen Honda. Por fim, o novo motor compensava o esforço, e era uma boa notícia, na mesma semana que a equipa tinha feito uma concordata para tentar salvar a equipa da falência. A terceira fila tinha David Coulthard, no segundo Williams-Renault, e Olivier Panis, no Ligier-Renault. O sétimo a partir era o McLaren-Peugeot de Mika Hakkinen e o Sauber-Mercedes de Andrea de Cesaris e a fechar o “top ten“ estava o Jordan de Eddie Irvine e o Benetton de Jos Verstappen.
Na “warm up” de domingo, um incidente ia estragando a festa da Ferrari quando Gerhard Berger teve uma violenta saída de pista e teve de passar pela enfermaria do hospital. Felizmente não tinha nada, e os médicos autorizaram-no a alinhar na prova, apesar das dores no pescoço.
Na partida, os dois Ferrari largaram bem, com Herbert e Hill a disputarem a terceira posição. Contudo, na primeira chicane, Irvine exagera na travagem e bate na traseira de Herbert, caindo na gravilha e levando consigo Panis, Coulthard, Herbert e o seu companheiro Zanardi, o Arrows de Gianni Morbidelli e o Benetton de Verstappen. Estes três últimos abandonaram na hora, enquanto que a corrida era interrompida. O incidente na primeira chicane, e subsequente estrago no carro de Herbert foi recebido com um misto de fúria e de uma enorme tristeza na boxe da Lótus, que via esfumar a sua última hipótese de se mostrar naquela temporada. Peter Collins, o director-desportivo da marca fundada por Colin Chapman, largou um comentário sarcástico: “O cérebro de Irvine foi removido e já é altura da FIA fazer o mesmo com a sua Superlicença”. Apenas mais um no paddock a dizer o que pensava do louco irlandês… no final da corrida, a FIA iria suspender Irvine para o GP de Portugal, mas a pena ficava suspensa por três corridas.
Na segunda partida, os Ferrari mantiveram os seus postos, apesar de Alesi ter forçado a embraiagem. O francês disparou na liderança e planeava parar por duas vezes, enquanto que Berger aguentava Hill e Coulthard, seguido do Tyrrell de Ukyo Katayama e o McLaren de Mika Hakkinen. Na volta 15, Alesi fez a sua primeira paragem programada, mas quando quis engatar a primeira… a embraiagem cedeu, deixando-o na mão. Saiu do carro, chorou que nem uma madalena, e pelo que se consta, voltou no final daquela tarde para Avignon à mesma velocidade que corria em Monza…
Entretanto, a corrida continuava, com Berger a aguentar os Williams, mas apenas até à volta 23, altura em que uma série de pilotos passaram por lá, desde Hill a Coulthard, passando por Hakkinen, até que na volta 28, Hill ficou definitivamente com a liderança, depois da boxe ter avisado Coulthard para que este cedesse o primeiro lugar a Hill, pois havia um título em jogo. O britânico passou para a frente e não a largou até ao final da corrida. Atrás dele ficava o seu fiel companheiro Coulthard e de Berger, que tivera a sua paragem nas boxes prejudicada pelo facto do Ligier de Panis ter ficado parado à sua frente, perdendo preciosos segundos.
Na última volta, um drama: Coulthard tinha a meta à vista e nova subida ao pódio, quando de repente fica em pane seca e perde o segundo lugar certo a favor de Berger. Nem tudo foi perdido, pois o escocês ainda conseguiu um ponto, por ter percorrido a distância suficiente para se classificar na sexta posição. Mika Hakkinen foi o terceiro, enquanto que Rubens Barrichello terminou no quarto posto e Martin Brundle conseguiu mais dois pontos para a McLaren, antes de Coulthard fechar os pontos. Assim, Hill conseguia cumprir a primeira parte do plano de recuperação para Schumacher. Restava saber se dentro de 15 dias, no Autódromo do Estoril, iria conseguir cumprir a segunda parte.
Fontes:
Santos, Francisco – Formula 1 1994/95, Ed. Talento, Lisboa, 1994
http://en.wikipedia.org/wiki/1994_Italian_Grand_Prix
Speeder, no 4º paragrafo está dizendo que o Coulthard pilotava um Williaws-Honda, mas acima para o Hill está correto.
ResponderEliminarTexto excelente como sempre.
Obrigado pelo aviso. A correcção está feita.
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