A Formula 1 acolheu muito mais do que campeões. Mesmo so pilotos que tiveram uma passagem fugaz pela competição também tem um palmarés interessante e uma vida quer antes, quer depois da sua passagem pela categoria máxima do automobilismo. O aniversariante de hoje é um deles. Mais um dos pilotos pertencentes à "cantera" da FFSA, a Federação Francesa de Automobilismo, teve uma passagem fugaz pela Formula 1 há quinze anos atrás, pela Ligier, onde correu em dois Grandes Prémios, para não ser mais visto pelo público em geral. Mas quer antes, quer depois, a sua carreira foi recheada. No dia em que faz 41 anos, falo de Franck Lagorce.
Nascido a 1 de Setembro de 1968 em L'Hay des Roses, nos arredores de Paris, começou a correr aos onze anos no karting. Nos sete anos seguintes, a sua carreira nos karts foi de título em título (Infantis, Cadetes, Juniores - onde foi bicampeão) até chegar aos Mundiais, onde o melhor foi ter sido décimo nos Campeonatos do Mundo de 1985. Após ter chegado ao topo no karting, passou para os monolugares, onde em 1987 foi segundo no Volant Elkron, no autódromo de Monthery, em Paris.
No ano seguinte, participou na Formula Ford francesa, onde foi quinto classificado, e em 1989, fez uma segunda temporada, onde terminou um lugar mais acima na classificação geral. Em 1990, passou para a Formula Renault, onde foi vice-campeão. Isso fez com que passasse para o nivel seguinte, a Formula 3 francesa, onde foi quarto classificado.
Em 1992, participa uma segunda temporada da competição, e no final, alcança o titulo nacional. Após esse triunfo, passa para a Formula 3000, onde correrá na DAMS, a equipa francesa da competição, tendo como companheiro o seu compatriota Olivier Panis. Nesse ano começa com um quarto lugar em Silverstone, a segunda prova do campeonato, e vence as duas últimas provas do ano, em Magny-Cours e Nogaro. Para além disso, conseguiu uma pole-position e uma volta mais rápida, termimando no quarto posto da classificação geral, com 21 pontos.
Em 1994, transfere-se para a Apomatox, onde terá como companheiro outro compatriota seu, Emmanuel Clerico. Nessa temporada, apesar de ter sido mais regular, ter ganho duas provas, em Silverstone e em Hockenheim, e de ter liderado o campeonato durante largo periodo de tempo, perdeu por dois pontos (39 contra 37) o título para outro compatriota seu, Jean-Christophe Bouillon, porque este venceu as três últimas provas da temporada.
No final dessa temporada, Lagorce tem a sua oportunidade na Formula 1, ao ser chamado por Guy Ligier para correr nas duas últimas corridas da temporada, no Japão e Austrália, depois de ter corrido com Johnny Herbert, que tinha sido trocado por Eric Bernard no GP da Europa, em Jerez. A corrida de Lagorce em Suzuka foi de curta duração, pois sofreu uma colisão com o Minardi de Pierluigi Martini na décima volta. Em Adelaide, palco da última prova do ano, terminou na 11ª e última posição, a duas voltas do vencedor, Nigel Mansell.
Nesse mesmo ano, Lagorce inicia-se nas 24 Horas de Le Mans, num Courage LM Porsche, tendo como companheiros Alain Ferté e Henri Pescarolo. O carro aguentou 142 voltas ao circuito de La Sarthe, até desistir.
No ano seguinte, Lagorce torna-se no piloto de testes da Ligier, pois nesse ano, a equipa oficial tinha motores Honda e dois veteranos ao lado de Olivier Panis: o britânico Martin Brundle e o japonês Aguri Suzuki. Logo, a sua chance de correr era minima. Em 1996, vai para a Forti Corse, como terceiro piloto, ao lado de Luca Badoer e Andrea Montermini, e fica até esta fechar as portas a meio da época. Nesse ano, participa no Troféu Renault Spyder, onde se torna campeão, e também no Troféu Andros, guiando um Seat Cordoba.
A partir de 1997, toma a decisão de se aventurar no nascente Campeonato FIA GT, depois de uma segunda aventura nas 24 Horas de Le Mans, a bordo de um Panoz GTR Ford, da DAMS tendo como companheiros Eric Bernard e o homem que o bateu na corrida para o título de 1994 da F3000: Jean Christophe Bouillon. A temporada foi má, pois as desistências foram muitas e o melhor resultado foi um sétimo posto em Mugello. Em 1998, corre um pouco de tudo, desde a FIA GT, onde foi quinto nos 1000 km de Suzuka, até a Procar Series belga, onde foi terceiro num Renault Megane, ao lado de Vannina Ickx, filha do legendário Jacky Ickx.
Em 1999, faz parte da equipa Mercedes de FIA GT no assalto a Le Mans, alinhando nesse ano com o alemão Bernd Schneider e o português Pedro Lamy. Contudo, os acidentes de Mark Webber e Peter Dumbreck quer nos treinos, quer na corrida, levaram a que os carros fossem retirados por ordens de equipa ao final da tarde, cinco horas depois da corrida ter começado.
A partir de 2000, Lagorce corre na American Le Mans Series, desenvolvendo o Cadillac GT, e correndo em Le Mans, com o americano Butch Letzinger e o inglês Andy Wallace, onde chega ao sexto lugar na sua categoria, 21º da geral. Passa em 2001 para a Panoz, sem resultados relevantes. Depois de mais uma passagem pela Pescarolo em 2002, muda de cenário, ao correr no campeonato do Mundo de Rally-Raid num SMG em 2003.
Desde 2004 e até aos dias de hoje, participa regularmente no Troféu Andros, primeiro pela Fiat, depois pela KIA, onde se classifica na terceira posição da geral nas duas últimas temporadas, uma competição dominada por dois ex-pilotos de Formula 1: Alain Prost e Olivier Panis. Para além disso, é o piloto de testes de um veículo protótipo de origem elétrica no mesmo Troféu Andros. Em paralelo a isso, regressou às origens, correndo de kart. Em 2004 participou nas 24 Horas de Le Mans nessa categoria, como capitão da equipa francesa, tendo a seu lado três jovens esperanças do seu país: Nelson Panciatici, Alexis Passelaigues e Peps Gaignault. A FFSA escolhe-o de novo em 2005.
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