(continuação do capitulo anterior)
Contudo, para a primeira corrida do ano, na Argentina, a Vanwall não estava pronta para correr com o seu novo chassis, e Stirling Moss foi libertado dos seus deveres na equipa, para poder correr em qualquer carro que lhe apetecesse. Moss resolveu então recorrer aos serviços do seu amigo John Cooper e de Rob Walker, um milionário, herdeiro da marca de whisky escocesa Johnny Walker, que inscreveu um Cooper de motor traseiro. Quando chegou a Buenos Aires, os organizadores, que esperavam um carro potente, como tinha a Ferrari e a Maserati, ficaram chocados com o pequeno Cooper, 100 cavalos menos potente do que um Ferrari, por exemplo. Os organizadores, que lhe tinham pago as custas de transporte, para que Moss pudesse participar, estavam furiosos por ele ter trazido “una cosa” para o seu Grande Prémio.
Contudo, Moss acaba em sétimo nos treinos e durante a corrida, ele e Walker combinam uma estratégia onde eles não param para trocar de pneus, ao contrário dos outros pilotos. Poupa os pneus de inicio, e depois passa ao ataque, passando primeiro o Maserati de Jean Behra e depois o Ferrari de Mike Hawthorn, e quando Juan Manuel Fângio parou para para trocar de pneus e reabastecer, era a vez de Moss liderar, e levou o carro até ao fim, tornando-se no primeiro piloto a ganhar com um carro de motor traseiro, e o primeiro a vencer uma corrida oficial de Formula 1 ao volante de um Cooper.
Com a Formula 1 a voltar à Europa, Moss volta para a Vanwall e desiste no Mónaco, Mas vence na Holanda e é segundo em França, numa corrida que marcou a despedida de Juan Manuel Fangio das pistas e a morte de um dos seus rivais, o italiano Luigi Musso. Fica duas corridas sem terminar e quando a Formula 1 faz a sua estreia no circuito português da Boavista, na cidade do Porto, Moss e Hawthorn eram os maiores rivais na conquista do título mundial. A corrida foi bem disputada, e Moss ganhou, com Hawthorn no segundo posto. Mas perto do fim, Hawthorn despistou-se e precisou de ser empurrado para voltar à corrida. De inicio, os comissários desclassificaram-no, mas Moss testemunhou a favor do seu compatriota, alegando que isso não aconteceu na pista, mas fora dela. Um gesto que lhe iria custar o título.
Anos depois, afirma que não se arrepende desse gesto: “Os meus sentimentos em relação a aquele incidente nunca mudaram”, afirmou, numa entrevista feita este mês num jornal britânico. “Mike não fez nada de errado. Ficou preso uma área de escape e foi empurrado num sítio que não era propriamente a pista. Não via isso como justificação para a exclusão. É irrelevante que foi por causa disso que não consegui o título. O facto de ter sido vice-campeão por quatro vezes consecutivas, dá-me um certo sentido de exclusividade, e sei que era mais rápido do que certos pilotos que foram campeões. Correr somente para chegar ao fim e conseguir alguns pontos nunca me interessou. Há quem faça isso e vi muitos a fazê-lo ao longo dos anos, mas a minha filosofia era diferente. Podia ser a errada, mas eu era piloto”, concluiu.
Na última prova do ano, em Marrocos, Moss precisava de ganhar e Hawthorn deveria chegar na terceira posição para que fosse coroado campeão. Assim aconteceu, mas Moss conseguiu o segundo posto, quando a Ferrari ordenou ao americano Phil Hill para que deixasse passar Hawthorn e assim pudesse ganhar o tão esperado título. Quando o ganhou, afirmou que se iria retirar da competição logo a seguir. Quando a Moss, o segundo lugar pode ter-lhe deixado um pouco frustrado, mas mais aflito ficaria, quando o seu patrão Tony Vanderwell decidiu retirar-se, por causa do acidente mortal de um dos seus pilotos, Stuart Lewis-Evans. Sem carro para correr na temporada de 1959, virou-se para Rob Walker, que tinha comprado um Cooper T51 para ele. Ficaria com Walker para o resto da sua carreira.
A temporada de 1959 não foi das melhores, apesar da Cooper dominar a temporada, com o australiano Jack Brabham. Moss correu duas corridas com um BRM adquirido pela BRP (British Racing Partnership), organização fundada por Alfred Moss e Ken Gregory, o seu pai e o seu “manager”. Moss foi segundo em Aintree, o melhor resultado da equipa, antes de regressar ao Cooper e a Rob Walker, onde venceu em Monsanto e em Monza, conseguindo 25,5 pontos no total daquela temporada.
Em 1960, Moss continuou com Rob Walker, e foi para a Argentina com o Cooper, terminando no terceiro lugar, numa corrida partilhada com Maurice Trintignant. Na corrida seguinte, no Mónaco, Walker ficou com um Lótus 18 igual ao de fábrica. O último carro da era de 2,5 litros, apesar de ser pouco potente, era muito manobrável, excelente para uma prova onde a velocidade não era importante. Foi Moss que deu à marca a sua primeira vitória de um chassis Lotus na Formula 1, ainda antes da sua primeira vitória oficial, que aconteceria ano e meio depois.
Depois do Mónaco, foi quarto em Zandvoort, antes de correr na prova seguinte, o circuito belga de Spa-Francochamps. Moss conseguiria o terceiro tempo na qualificação, mas durante o “warm-up”, perdeu o controlo do seu carro na zona de Bruneville, a mais de 225 km/hora. “Senti algo estranho [no meu carro], até que fui ultrapassado por uma das minhas rodas traseiras e pensei: ‘agora é que vou morrer’”. Moss saiu de pista, embateu violentamente contra um muro e o que restava do chassis foi parar ao meio da pista. Moss foi cuspido do carro e sofreu ferimentos nas pernas, nariz, três vértebras esmagadas e várias contusões. Esse foi um dos piores fins-de-semana do automobilismo, pois para além de Moss. Mike Taylor ficou ferido. Pior foi o destino de Alan Stacey e Chris Bristow, que morreram na corrida, tendo Stacey morrido quando um pássaro bateu na sua cabeça.
Moss esteve dois meses a recuperar, e voltou à competição na Suécia, numa corrida extra-campeonato. Depois de vencer, ainda com dores, regressou oficialmente à Formula 1 no GP de Portugal. A corrida foi problemática, com um motor a falhar. Foi várias vezes à boxe e na volta 51, despistou-se contra os fardos de palha, e ele foi empurrado. Ironicamente, foi no mesmo sitio do que com Hawthorn, dois anos antes, e desta vez não tinha ninguém que o defendesse. Resultado: foi desclassificado. Na última prova do ano, no circuito americano de Riverside, correu com o Lótus 18 e venceu categoricamente a sua segunda corrida com o carro desenhado por Colin Chapman. No final daquela temporada, ficou na terceira posição com 19 pontos.
(continua amanhã)
Contudo, para a primeira corrida do ano, na Argentina, a Vanwall não estava pronta para correr com o seu novo chassis, e Stirling Moss foi libertado dos seus deveres na equipa, para poder correr em qualquer carro que lhe apetecesse. Moss resolveu então recorrer aos serviços do seu amigo John Cooper e de Rob Walker, um milionário, herdeiro da marca de whisky escocesa Johnny Walker, que inscreveu um Cooper de motor traseiro. Quando chegou a Buenos Aires, os organizadores, que esperavam um carro potente, como tinha a Ferrari e a Maserati, ficaram chocados com o pequeno Cooper, 100 cavalos menos potente do que um Ferrari, por exemplo. Os organizadores, que lhe tinham pago as custas de transporte, para que Moss pudesse participar, estavam furiosos por ele ter trazido “una cosa” para o seu Grande Prémio.
Contudo, Moss acaba em sétimo nos treinos e durante a corrida, ele e Walker combinam uma estratégia onde eles não param para trocar de pneus, ao contrário dos outros pilotos. Poupa os pneus de inicio, e depois passa ao ataque, passando primeiro o Maserati de Jean Behra e depois o Ferrari de Mike Hawthorn, e quando Juan Manuel Fângio parou para para trocar de pneus e reabastecer, era a vez de Moss liderar, e levou o carro até ao fim, tornando-se no primeiro piloto a ganhar com um carro de motor traseiro, e o primeiro a vencer uma corrida oficial de Formula 1 ao volante de um Cooper.
Com a Formula 1 a voltar à Europa, Moss volta para a Vanwall e desiste no Mónaco, Mas vence na Holanda e é segundo em França, numa corrida que marcou a despedida de Juan Manuel Fangio das pistas e a morte de um dos seus rivais, o italiano Luigi Musso. Fica duas corridas sem terminar e quando a Formula 1 faz a sua estreia no circuito português da Boavista, na cidade do Porto, Moss e Hawthorn eram os maiores rivais na conquista do título mundial. A corrida foi bem disputada, e Moss ganhou, com Hawthorn no segundo posto. Mas perto do fim, Hawthorn despistou-se e precisou de ser empurrado para voltar à corrida. De inicio, os comissários desclassificaram-no, mas Moss testemunhou a favor do seu compatriota, alegando que isso não aconteceu na pista, mas fora dela. Um gesto que lhe iria custar o título.
Anos depois, afirma que não se arrepende desse gesto: “Os meus sentimentos em relação a aquele incidente nunca mudaram”, afirmou, numa entrevista feita este mês num jornal britânico. “Mike não fez nada de errado. Ficou preso uma área de escape e foi empurrado num sítio que não era propriamente a pista. Não via isso como justificação para a exclusão. É irrelevante que foi por causa disso que não consegui o título. O facto de ter sido vice-campeão por quatro vezes consecutivas, dá-me um certo sentido de exclusividade, e sei que era mais rápido do que certos pilotos que foram campeões. Correr somente para chegar ao fim e conseguir alguns pontos nunca me interessou. Há quem faça isso e vi muitos a fazê-lo ao longo dos anos, mas a minha filosofia era diferente. Podia ser a errada, mas eu era piloto”, concluiu.
Na última prova do ano, em Marrocos, Moss precisava de ganhar e Hawthorn deveria chegar na terceira posição para que fosse coroado campeão. Assim aconteceu, mas Moss conseguiu o segundo posto, quando a Ferrari ordenou ao americano Phil Hill para que deixasse passar Hawthorn e assim pudesse ganhar o tão esperado título. Quando o ganhou, afirmou que se iria retirar da competição logo a seguir. Quando a Moss, o segundo lugar pode ter-lhe deixado um pouco frustrado, mas mais aflito ficaria, quando o seu patrão Tony Vanderwell decidiu retirar-se, por causa do acidente mortal de um dos seus pilotos, Stuart Lewis-Evans. Sem carro para correr na temporada de 1959, virou-se para Rob Walker, que tinha comprado um Cooper T51 para ele. Ficaria com Walker para o resto da sua carreira.
A temporada de 1959 não foi das melhores, apesar da Cooper dominar a temporada, com o australiano Jack Brabham. Moss correu duas corridas com um BRM adquirido pela BRP (British Racing Partnership), organização fundada por Alfred Moss e Ken Gregory, o seu pai e o seu “manager”. Moss foi segundo em Aintree, o melhor resultado da equipa, antes de regressar ao Cooper e a Rob Walker, onde venceu em Monsanto e em Monza, conseguindo 25,5 pontos no total daquela temporada.
Em 1960, Moss continuou com Rob Walker, e foi para a Argentina com o Cooper, terminando no terceiro lugar, numa corrida partilhada com Maurice Trintignant. Na corrida seguinte, no Mónaco, Walker ficou com um Lótus 18 igual ao de fábrica. O último carro da era de 2,5 litros, apesar de ser pouco potente, era muito manobrável, excelente para uma prova onde a velocidade não era importante. Foi Moss que deu à marca a sua primeira vitória de um chassis Lotus na Formula 1, ainda antes da sua primeira vitória oficial, que aconteceria ano e meio depois.
Depois do Mónaco, foi quarto em Zandvoort, antes de correr na prova seguinte, o circuito belga de Spa-Francochamps. Moss conseguiria o terceiro tempo na qualificação, mas durante o “warm-up”, perdeu o controlo do seu carro na zona de Bruneville, a mais de 225 km/hora. “Senti algo estranho [no meu carro], até que fui ultrapassado por uma das minhas rodas traseiras e pensei: ‘agora é que vou morrer’”. Moss saiu de pista, embateu violentamente contra um muro e o que restava do chassis foi parar ao meio da pista. Moss foi cuspido do carro e sofreu ferimentos nas pernas, nariz, três vértebras esmagadas e várias contusões. Esse foi um dos piores fins-de-semana do automobilismo, pois para além de Moss. Mike Taylor ficou ferido. Pior foi o destino de Alan Stacey e Chris Bristow, que morreram na corrida, tendo Stacey morrido quando um pássaro bateu na sua cabeça.
Moss esteve dois meses a recuperar, e voltou à competição na Suécia, numa corrida extra-campeonato. Depois de vencer, ainda com dores, regressou oficialmente à Formula 1 no GP de Portugal. A corrida foi problemática, com um motor a falhar. Foi várias vezes à boxe e na volta 51, despistou-se contra os fardos de palha, e ele foi empurrado. Ironicamente, foi no mesmo sitio do que com Hawthorn, dois anos antes, e desta vez não tinha ninguém que o defendesse. Resultado: foi desclassificado. Na última prova do ano, no circuito americano de Riverside, correu com o Lótus 18 e venceu categoricamente a sua segunda corrida com o carro desenhado por Colin Chapman. No final daquela temporada, ficou na terceira posição com 19 pontos.
(continua amanhã)
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