Passaram-se quase três semanas desde a última prova no Autódromo do Estoril, e em Jerez de la Frontera, a Formula 1 recebia de volta Michael Schumacher, que cumprira duas corridas de castigo, por desobedecido às ordens dos comissários de pista no GP da Grã-Bretanha, em Julho. Damon Hill tinha visto esta suspensão como uma oportunidade de reduzir a diferença para apenas um ponto e cumpriu: venceu as duas provas, em Monza e no Estoril.
Hill iria receber ajuda extra nesta campeonato: o seu compatriota Nigel Mansell, agora com 41 anos, mas liberto das suas tarefas na CART, ao serviço da Newman-Haas. Substituindo o novato David Coulthard, Mansell iria tentar intrepor-se entre Hill e Schumacher para ajudar a Williams a conseguir o título de pilotos e também o de construtores. Contudo, para certos fãs, apensar de saudarem o regresso do "Red Five" achavam também que era altura de dar lugar aos mais novos...
No "paddock" havia ainda mais agitação que o normal. Com a Lotus sob protecção dos credores, Tom Walkinshaw e Flávio Briatore, os donos da Benetton, compraram o contrato de Johnny Herbert para o colocar na Ligier. Ao mesmo tempo, tinham comprado a Ligier à familia do fundador, unica e exclusivamente para ficar com o contrato de motores que a equipa francesa tinha. Briatore e Walkinshaw correram com Eric Bernard para colocar Herbert, enquanto que este ia para a Lotus. Troca por troca...
Na própria Lotus, Philippe Adams saiu de cena para ser substituido por Alex Zanardi, enquanto que a Larrousse ia ter o seu terceiro piloto em pouco tempo, com a chegada dos ienes provenientes do japonês Hideki Noda, que se iria estrear na alta roda do automobilismo mundial. Na Simtek, havia também outra mudança de pilotos, com a chegada do italiano Domenico "Mimmo" Sciartarella.
Feitas as devidas apresentações, decorreram os treinos, com Schumacher a demonstrar não ter perdido a boa forma, ao fazer a "pole-position" no seu Benetton, batendo Damon Hill, que ficava a seu lado na grelha de partida. Na segunda fila ficava o segundo Williams de Nigel Mansell, tendo a seu lado o Sauber de Heinz-Harald Frentzen. O Jordan de Rubens Barrichello e o Ferrari de Gerhard Berger ocupavam a terceira fila, enquanto que na quarta estavam o Ligier-Renault de Johnny Herbert e o Footwork-Arrows de Gianni Morbidelli. A fechar o "top ten" estavam o McLaren-Peugeot de Mika Hakkinen e o segundo Jordan de Eddie Irvine.
Na partida, Hill passou para a frente de Schumacher, enquanto que Mansell é mais lento e é superado por vários dos seus adversários. Assim sendo, Frentzen ocupava a terceira posição. Nas voltas seguintes, Mansell subiu na classificação geral para chegar à quarta posição, atrás do alemão da Sauber. Mas para chegar lá, teve de se livrar do Ferrari de Berger e do Jordan de Barrichello, algo que não era fácil, dada a estreiteza do circuito espanhol...
Contudo, nos reabastecimentos, Barrichello conseguiu ultrapassar Mansell, algo que o velho "brutânico" tentou corrigir, mas uma travagem mal calculada fez com que patrtisse o seu bico na traseira do Jordan e ir às boxes para reparos. Por essa altura, Schumacher passara para a frente, graças a um melhor reabastecimento do que foi feito na Williams. Para piorar as coisas, Hill ainda tinha de parar mais uma vez, o que daria a vitória de bandeja a Schumacher.
Por esta altura, o Sauber de Andrea de Cesaris já tinha encostado à berma, vítima de uma avaria no acelerador. Aos 35 anos e após 204 Grandes Prémios sem vencer, o velho italiano, tratado carinhosamente por "De Crasheris", fazia a sua última corrida na Formula 1.
Entretanto, Mika Hakkinen faz um bom reabastecimento e consegue ficar com a terceira posição, superando Irvine, Berger, e Frentzen. Nesta altura, Mansell cometia mais um exagero e ficava na gravilha. Não houve mais alterações significativas até ao final da corrida, fazendo com que o piloto alemão vencesse no seu regresso à Formula 1, com Hill logo atrás. Os cinco pontos que agora separavam os dois pilotos significavam que a luta pelo título continuava ao rubro nas duas corridas finais de uma temporada absolutamente atribulada: Japão e Austrália.
Fontes:
Santos, Francisco - Formula 1 1994/95, Ed Talento/Edipódromo, Lisboa/São Paulo, 1994
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