O Autosport português publica, na edição desta semana uma extensa reportagem sobre a situação das novas equipas de Formula 1 para 2010. O Luis Vasconcelos, provavelmente o mais credivel jornalista automobilistico de Portugal, fala sobre a Lotus, Virgin/Manor, USF1 e Campos. E fala de, entre outras coisas, da credibilidade do projecto anglo-malaio, das ligações da Manor ao futuro ex-presidente da FIA, Max Mosley, e da possibilidade (mais real do que se julga...) de uma inédita dupla luso-brasileira (Alvaro Parente e Bruno Senna), do projecto da USF1 e das indefinições da Campos.
Sendo assim, decidi colocar aqui a matéria, que é para os meus visitantes brasileiros possam ver o que se pensa sobre as novas equipas aqui no Velho Continente.
SANGUE NOVO NA F1
O Lotus F1 Team, juntamente com a USF1, a Virgin Racing e a Campos Meta preparam-se para entrar no Mundial de Formula 1 em 2010, elevando para 26 o numero de carros nas grelhas de partida. Quem são, como se estruturam e de que meios dispõem... por Luis Vasconcelos
Montar uma equipa de F1 do zero é obra, e durante mais de uma década a FIA desencorajou quaisquer tentativas de independentes, ao exigir uma caução de 48 milhões de dólares aos interessados. Mas quando Max Mosley se quis livrar dos construtores, abriu as portas de par em par e em 2010 poderemos ter quatro novas equipas em pista, mesmo subsistindo dúvidas da viabilidade da Campos.
O projecto mais interessante de entre os estreantes é, paradoxalmente, aquele que avançou mais tarde: o da Lotus F1 Team. Empresário de suvesso, o malaio Tony Fernandes [de origem goesa] assumiu o controlo do projecto que a Litespeed vira recusado pela FIA em Junho, conseguiu os apoios do governo do seu país e da Proton, garantiu a utilização do nome da Lotus - propriedade do construtor numero um da Malásia - e elaborou um "business plan" muito bem estruturado, com duas vertentes bem distintas, mas complementares.
Do ponto de vista dos malaios, esta é uma equipa nacional - o nome da empresa até é 1Malaysia F1 Team, inspirado na campanha governamental que tenta eliminar as diferenças entre as três etnias que dominam o país - e Fernandes aposta forte na tecnologia local para, progressivamente, fazer com que cada vez mais partes dos seus chassis sejam feitos na nova base da equipa, em Sepang.
Em 2010 arrancará mesmo uma escola para treinar mecânicos e engenheiros malaios enquanto que Alex Yoong se juntou a este projecto para tentar encontrar jovens pilotos de talento no seu país.
Do ponto de vista da Formula 1, este é o regresso do Team Lotus, pois Fernandes conseguiu o apoio da familia de Chapman e quer usar a herança dese nome mítico, É por isso que a Proton está a investir na equipa, pois com a notoriedade ganha nos Grandes Prémios, poderá aumentar substancialmente a venda dos Lotus de estrada.
A contratação de Mike Gascoyne como director técnico deu enorme credibilidade a esta equipa e muitos elementos da Renault, Toyota, jordan e até técnicos da FIA estão a tentar fazer parte do grupo de 225 elementos que vão constituir o Lotus F1 Team. Para já é uma empresa de ex-funcionários da Toyota que está a projectar o chassis de 2010, sob a supervisão de Gascoyne, enquanto que Jean-Claude Migeot se encarrega da aerodinâmica.
A partir de Janeiro a equipa assumirá o controlo do projecto, mas sabendo que só o poderá fazer antes do inicio da temporada, Gascoyne só quer pilotos experientes na sua equipa: "Para o primeiro carro o Trulli é a minha primeira escolha, mas um Heidfeld seria muito bem vindo. Para o segundo carro, queremos um jovem com experiência e, por isso, estamos a falar com muita gente: Kovalainen, Glock, Nakajima, Davidson, Sato e Sutil estão na nossa lista, mas temos dinheiro suficiente para contratarmos com base apenas no talento e não nos apoios que nos podem trazer"
A escolha da Manor foi uma enorme surpresa quando a FIA divulgou as equipas que aceitara como estreantes para 2010. Mas quem pensava que isto era um projecto de John Booth [fundador e dono da Manor] desenganou-se rapidamente. O patrão da Mabor está envolvido, mas o controlo técnico da equipa é de Nick Wirth, um protegido de Max Mosley, de quem até já foi sócio, e a Virgin já assumiu o controlo da vertente comercial, ocupando-se mesmo das negociações com os potenciais pilotos, entre os quais está o nosso Alvaro Parente.
O apoio da Virgin deu credibilidade a um projecto que muitos duvidavam, pois as anteriores experiências de Wirth na F1 foram um fracasso, mas como esta foi uma equipa feita a pensar no tecto orçamental antes deste ser abandonado, Booth já admitiu que, "não vai ser fácil competir com o as equipas que já estão na F1, pois vão gastar o dobro ou mais do que nós temos orçamentado".
Mesmo assim, Booth planeia ter "50 pessoas na minha fábrica, mas a Wirth Research vai ter um numero superior, pois são eles que vão tratar do projecto e desenvolvimento dos chassis, enquanto nós teremos a equipa de corridas a nosso cargo"
Devendo assumir o nome de Virgin Racing mal a marca de Branson termine o seu contrato com a Brawn GP, esta equipa tem na Renault o seu campo perferiencial para contratar engenheiros e outros técnicos de qualidade, com Christian Silk a assumir o lugar de Chefe de Engenheiros, depois de ter deixado a escuderia de Enstone.
Quanto a pilotos, e para além de Parente, que parece ser o perferido de Wirth, a Virgin Racing nagoceia com Bruno Senna, Adam Carroll, Tom Chilton e outrs jovens, para os moldar à imagem do grupo liderado por Branson, do qual serão verdadeiros embaixadores, pois à falta de testes durante a temporada, vão estar muito ocupados com acções promocionais.
Mas antes de se estrear na F1 esta equipa já está rodeada em controvérsia, pois o braço direito de Mosley, Alan Donnelly, é seu consultor e procura patrocinadores para Booth e Wirth, o que muitos consideram imcompatível com o facto de ter estado entre os que seleccionaram a Manor para correr em 2010, em detrimento de equipas com meios técnicos e humanos muito mais credíveis.
Desde 2006 que Ken Anderson e Peter Windsor estão a trabalhar no projecto do Team USF1. ainda antes de mosley apresentar a peregrina ideia de uma limitação de orçamentos, o projecto americano já estava em andamento, depois de terem sido angariados 22 milhões de dólares que Anderson considerava necessários para arrancar. Isto depois de terem falhado as tentativas para correr em 2007 com o apoio da BMW americana e em 2008 com o apoio da Honda local.
Com vitórias em todas as categorias de topo nos Estados Unidos, Anderson quer provar que é possivel ser competitivo na F1 com um orçamento substancialmente inferior ao que as equipas tradicionais utilizam e, também, com muito menos funcionários. Uma forte aposta na contratação de serviços externos leva a que Anderson pretanda que "a equipa não exceda os 120 elementos na base com outros 30 na Europa, em Aragon, pois este é o numero minimo para podermos fazer um trabalho com qualidade".
A contratação de Bernard Ferguson como consultor deu boa publicidade à equipa, mas só uma terceira inspecção da FIA a Charlotte é que convenceu a Federação que esta equipa é mesmo uma realidade, mesmo se ainda não tem patrocinadores conhecidos, apesar de alguns dos seus investidores terem meios maos do que suficientes para garantir o futuro da equipa.
Resta saber se o desejam ou se os 60 milhões de dólares que Anderson considera necessários terão de vir de patrocinadores. Em relação ao motor, apesar do contrato com a Cosworth, condição imposta pela FIA para aceitar equipas novas para 2010, o Team USF1 ainda tem uma ténue esperança de poder utilizar os Toyota V8, o que traria como contrapartida um apoio importante do importador americano e imporia a contratação de Kazuki Nakajima como piloto.
Anderson e Windsor já renunciaram a ideia de só ter pilotos americanos - até porque nenhum dispõe de Super-Licença - e é cada vez mais provavel que corram em 2010 com dois estrangeiros, com Jonathan Summerton e Alexander Rossi a terem a possibilidade de serem pilotos de testes.
Adrian Campos foi dos primeiros a avançar quando a FIA anunciou uma F1 limitada a 33 milhões de euros por ano, por equipa, ficando em situação complicada quando a Federação teve de fazer marcha-atrás nos seus planos irrealistas.
Aceitando a imposição de utilizar motor cosworth e a caixa de velocidades X-Trac, o espanhol foi surpreendentemente perferido face a Villadelprat [dono da Epsilon Euskadi], pois não tinha fábrica, pessoal, departamento de projecto nem patrocinadores. Para ter carro, Campos contratou a Dallara - que deslocou 80 engenheiros para este projecto e Gabriele Tredozi - mas necessitou de um parceiro para pagar as contas, pois a Meta 1 não encontrou qualquer patrocinador para o apoiar. O mesmo acontece com Daniele Audetto, imposto por Ecclestone como condição para tentar ajudar a equipa de Valencia.
Por isso Campos procura desesperadamente pilotos com grandes apoios, estando a pressionar Vitaly Petrov e Pastor Maldonado para assinarem com a equipa, unico modo de não ter de renunciar ao projecto. E Antonio Cuquerella, contratado à Sauber como Chefe de Engenheiros, não tem tido tarefa fácil em encontrar interessados a juntar-se a uma equipa com mais interrogações do que certezas e de cuja viabilidade muitos duvidam.
Por isso, segundo fontes espanholas, Campos já ligou a Nelson Piquet Sr. para saber se o brasileiro estaria interessado em comprar a sua equipa - unico meio de voltar a ter o filho a correr em Grandes Prémios - e lançou sinais à Qadbak de que está interessado em vender o seu lugar no Mundial de 2010. Foi por isso que vetou que a equipa de Hinwill se tornasse na 14ª participante no próximo ano, só para forçar os árabes a comprarem a sua inscrição, sob pena de ficarem com um projecto nado-morto nas mãos"
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