Por estes dias, Ross Brawn prepara-se para mais uma etapa da sua já longa carreira no automobilismo. Depois da sua Brawn GP ter vencido ambos os campeonatos de Pilotos e Construtores, em 2009, a sua equipa foi adqurida pelos alemães da Mercedes, para a partir de 2010 reavivar a equipa que dominou a Formula 1 com os seus Flechas de Prata em 1954 e 55, com Juan Manuel Fangio e Stirling Moss ao voltante. No dia em que celebra o seu 55º aniversário natalicio, é altura de fazer um resumo da sua bem sucedida carreira.
Nascido a 23 de Novembro de 1954 em Manchester, Brawn fez os estudos secundários na Reading School, antes de entrar na British Atomic Energy Research Establisment, no inicio dos anos 70. Trabalhando na área da instrumentação, tinha contudo uma paixão pelo automobilismo, mais concretamente pela área da mecânica. Em 1976 começou a trabalhar na March, na sua fábrica de Bicester, como operador de máquinas, mas logo depois torna-se mecânico na sua equipa de Formula 3.
No ano seguinte, junta-se à recém-formada Williams Grand Prix Engeneering, em Didcot, numa antiga fábrica de tapetes, de novo como operador de máquinas, mas cedo os seus talentos na área da aerodinâmica não passaram despercebidos a Frank Williams e a Patrick Head, nomeadamente no modelo FW07. No inicio da década de 80, Brawn era membro do departamento de aerodinâmica chefiado por Frank Dernie, onde entre outras coisas, era o encarregado do túnel de vento da fábrica.
Em 1985, decide sair dali para trabalhar no novo projecto da FORCE/Haas, o projecto americano de Formula 1 liderado por Carl Haas. No final de 1986, depois do final do projecto, Brawn vai para a Arrows, onde projecta o seu primeiro chassis: o Arrows A10. Com motor Megatron Turbo (que não era mais do que um motor BMW preparado por eles), e pilotados por Eddie Cheever e Derek Warwick, o carro conseguiu alguns dos melhores resultados de sempre em 1987 e 88. Isso atrai a atenção de Tom Walkinshaw, que convida Brawn para a Jaguar, de novo como projectista-chefe. Ele aceita e em 1989 muda-se para lá, onde monta um departamento de design, e dali sai o modelo XJ-14, que dá á marca inglesa o Mundial de Sport-Protótipos de 1991.
A meio desse ano, Walkinshaw compra parte da Benetton, e convida Brawn para o lugar de coordenador técnico da equipa, deixando os aspectos de design para Rory Bryne. Poucos meses depois, junta-se um jovem piloto que tinha prometido muito na sua primeira corrida. Chamava-se Michael Schumacher. Nos quatro anos seguintes, Brawn, Bryne e Schumacher, tendo como director desportivo o italiano Flávio Briatore, construiram a Benetton até esta conseguir alcançar os títulos de pilotos em 1994, e os de pilotos e construtores em 1995.
No inicio de 1996, Schumacher muda-se para a Ferrari e quer Brawn e Bryne junto a ele, pois acredita que a marca do Cavalino Rampante voltaria aos seus dias de glória com o seu trabalho e ideias. Brawn junta-se a ele no final daquele ano, e preparam juntos o campeonato de 1997. No final, a equipa luta pelo título até à ultima prova, em Jerez de la Frontera, onde Schumacher tentou colocar fora o seu maior rival, o canadiano Jacques Villeneuve. A tentativa fracassa e o alenão não só perde o título, como é desclassificado do seu resultado final.
Apesar de a partir de 1998 a Ferrari teve a grande oposição da McLaren, a partir de 2000, a Ferrari passou a dominar sem oposição as grelhas de Formula 1, graças não só ao talento de Michael Schumacher ao volante, como muitas vezes às estratégias de Ross Brawn como director de pista, complementando Jean Todt, o director desportivo. Isso via-se principalmente nas táticas de corrida, onde o numero de reabastecimentos por vezes foi o factor decisivo para muitas das vitórias de Schumacher na primeira década do século XXI. A parceria entre ele e Scumacher terminou em 2006, altura em que o piloto alemão se retirou das pistas.
No final desse ano, Brawn abandonou a Ferrari, no sentido de tirar um ano sabático longe das pistas. Ao longo de 2007, apareceram rumores de que iria regressar através da Red Bull, mas no final, foi contratado pela honda para ser o seu director desportivo, com poderes não só para coordenar a equipa em pista, mas também para desenhar o chassis da marca. Já não foi a tempo de deixar o seu cunho no RA108, que era pobre e pouco eficaz, mas as suas decisões em pista foram as suficientes para dar a Rubens Barrichello o seu primeiro pódio desde 2005, no GP de Inglaterra. Nessa altura, ele já desistira de desenvolver o RA108, e concentrava-se no chassis de 2009, esperando que ele fosse capaz de levar a honda para as vitórias. Contudo, no inicio de Dezembro de 2008, a Honda decide intempestivamente abandonar a Formula 1, deixando Brawn, os engenheiros, técnicos e demais funcionários da fábrica de Brackley desamparados.
Julgando que este era o fim da aventura, Brawn e Nick Fry tentaram comprar as instalações de Brackley e partirem eles mesmos para a aventura, com nome próprio. Ross Brawn tinha desenhado aquilo que iria ser o RA109, mas passou a ser o chassis Brawn BGP001. E le sabia que tinha desenhado um chassis ganhador e ia prová-lo. No final de Fevereiro de 2009, o carro entrava em pista com Rubens Barrichello e Jenson Button ao volante, e os criticos ficam surpresos: afinal, não só era um bom chassis, como era ganhador, graças ao difusor duplo instalado na sua traseira.
Brawn arranjou motores da Mercedes-Benz, instalando-os no seu chassis, e na Austrália, surpreende tudo e todos ao colocar os seus carros na primeira fila do Grande Prémio. O seu piloto Jenson Button vence as primeiras seis das sete provas do campeonato, e apesar dos protestos do resto do pelotão, o difusor duplo é considerado como legal, e Button era o principal candidato ao título.
Até ao final da época, Rubens Barrichello vence mais duas corridas, e Ross Brawn, um relutante dono de equipa, com nome próprio, torna-se campeão do mundo de Construtores e Pilotos, logo no seu primeiro ano de existência. A sua vitória na Austrália colocara-o no restrito grupo de construtores que venceram na sua primeira corrida, a par da Mercedes, em 1954, e da Wolf, em 1977. E no final da época, a Mercedes compra 75,1 por cento da Brawn GP para a transformar em Mercedes GP e eventualmente iniciar uma terceira era de "Flechas de Prata", com ele a seu cargo.
A nivel pessoal, vive em Henley-on-Thames,é casado, tem duas filhas, e tem como "hobbies" a jardinagem, pesca e é um confesso melómano. Em 2006, Brawn recebeu um Doutoramento Honoris Causa de Engenharia na Brunel University pelos seus serviços ao desporto automóvel.
Fontes:
http://www.brawngp.com/theteam.asp?bgp=j%B5%B0%99%A8%8C%B5%A5V%AF%BF%C1%8C%92
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