![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK1sorCLUvTTuOphGniv6tl1fe8IgjejQEA6pb6sQ_dBBRl_wZ2CPIcXznLTMvIB_QqdbJgbbeZY8YF7oGgIklc8Omq89g_AwVVFD9GrLaaFvZx5Dlxz-YXcKPAJtp2o4t4arXiYx6Z6dQ/s400/385px-Soyuz_TMA-2_launch.jpg)
Faço esta analogia porque a pessoa que se segue, pode-se dizer que foi um endinheirado que tentou dar vida a um "aristocrata falido". E esse aristocrata era a Lotus. O calendário aponta como o dia de hoje o aniversário de um dos mais interessantes "turistas" da Formula 1, o belga Philippe Adams. No dia em que comemora o seu 40º aniversário, falo da aventura que este jovem rapaz e na sua experiência na categoria máxima do automobilismo, no qual pagou para conseguir dizer "eu estive lá". Mas apesar de ser "pay driver", tinha o seu talento, principalmente nas categorias mais abaixo, como a Formula 3 e a Formula 3000. Portanto, hoje é dia de contar a história do último belga a competir na Formula 1, o país que nos deu Paul Frére, Olivier Gendebien, Jacky Ickx e Thierry Boutsen.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7jTFO8o3an1a5VRGaxtGXr9PaeA72swyFYOUhalgipjNyYZVY5uMuxrrQsIjOej0otrW88b5i7oywQMju8EudU3JipBrL_7Y7XIOfYNxFZosxWBOOaYNUEy2uwGvPZVs_-CV1SGWCkAiu/s280/Belgica+94+4.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI5q-sXRNY28akjqWyMUtbNitXPz3ediRV9nN-d338InLmWd1agJlgqLQFwzurMnTFGqNKl03kMURdpGaix4DEiY4H45DnhNy2339u2ZETaD_a4s7X0_RUZYyBKZISYgCEk2MHYixm0k0W/s280/Adams+F3+89.jpg)
Depois de uma má temporada, muda-se em 1991 para o Japão, onde a sua temporada na Formula 3 local não lhe deu mais do que um 12º lugar na geral, e as suas entradas na Formula 3000 e nos Turismos também se saldaram em fracasso. Sendo assim, voltou para a Europa em 1992, para competir uma terceira temporada na Formula 3 britânica. Mas a experiência japonesa marcou-o, como contou anos mais tarde numa entrevista a Leandro Verde, publicada no blog F1 Nostalgia:
"O automobilismo no Japão é muito popular porque o país possui muitas indústrias automobilísticas e patrocinadores. As corridas chegavam a receber mais de 80.000 espectadores. Era um belo show. Eu realmente gostei de tudo lá, das equipes, dos pilotos e dos fãs, porque como um piloto gaijin (um estrangeiro) você acaba conseguindo seus fãs. É uma pena que o automobilismo japonês ainda seja desconhecido na Europa, que nós não vemos muitos pilotos japoneses correndo. Desde essa minha experiência, passei a valorizar o país, decorando a minha casa com objetos de lá, comendo comida japonesa com frequência, lendo livros sobre a cultura japonesa... Às vezes, eu não entendo o porquê dos pilotos estrangeiros odiarem morar lá. É um país legal, com gente legal, comida boa... No fim das contas, eu me arrependo por ter ido embora de lá, por ter perdido a oportunidade de ter construído uma carreira boa lá, mas o que eu queria mesmo era ir para a Fórmula 1.", afirmou.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqQVCosGEWfcPVlOccLAslhm8bCtWthUmb35MUl0IJl36n09BQgBsYUKQIo-9ItWmO3tu9vfaaeFsBSXpv3UxAdwC-9XBoQeOp31-8ZPYH4urJ2Vkkgow5IsWkKJra28S_KO-_GOBP2NeT/s280/Adams+F3+92.jpg)
Em 1993, passa para a Formula 2 britânica (que não era mais do que a Formula 3000 mas composto de chassis com pelo menos um ano de idade) onde começa a competir pela Madgwick International. Contudo, problemas entre ele e a Madgwick International, que tinha contratado o seu compatriota Mike Van Hool, e a desorganização interna da equipa, que debatia com problemas financeiros, fizeram com que a meio do ano, aceitasse o convite da Argo, onde conduziu com um chassis de 1991 na duas últimas provas do campeonato. Na ultima prova do ano, em Brands Hatch, venceu a Van Hool e conquistou o título.
"Ninguém conseguia me superar naquele ano. Ganhei o campeonato disputando 6 corridas das 10 possíveis e vencendo 5 delas. Foi muito bom estar no topo, com 5 vitórias, 5 poles, 6 voltas mais rápidas e o recorde da pista de Thruxton. A Madgwick era uma boa equipa, mas tinha problemas financeiros graves e acabou tendo de contratar o Mikke van Hool, que trazia muito dinheiro. E ele começou a pressionar a equipa, dizendo que por trazer todo esse dinheiro, deveria ser o primeiro piloto. Aí o Franco (dono da equipe Argo), que já tinha tomado conhecimento da minha situação, me convidou para correr para ele nas duas últimas corridas da temporada. E eu venci as duas, deixando o Van Hool para trás! Eu me lembro que o Van Hool terminou em segundo em Brands Hatch, só que eu tinha vencido e ainda por cima tinha colocado uma volta em cima dele. Ficou louco de raiva!", declarou.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcLalHLzBSLwZxagqI1ldUyeYpDOGyDTbdvZ5bes48EfYKXhLDzRytzdVjwu0nB0oi_vOejI3yk-78SZ6bgE87gtgE8KS5Z7AQsD-B6PUM1x0TmSZ6zBqJrhlW26vdGz53YZZoPX00ojpF/s280/Adams+Procar+94.jpg)
Adams arranjou 500 mil dólares (provenientes das empresas do seu pai) para pagar o seu lugar na quase falida Lotus, que para além de passar por um mau bocado em termos financeiros, também tinha contra si o facto de ter tido azar em termos de pilotos. Primeiro, o acidente em que colocou o português Pedro Lamy numa cama de hospital, e depois o facto de ter Alex Zanardi no seu lugar não ter melhorado as coisas em termos financeiros, sendo o "sacrificado" quando as finanças apertaram um pouco mais daquilo que esperavam. Daí que quando viram Adams a acenar com o dinheiro, não hesitaram.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG4HBFKQddS6XMfJxplsRP-xrBHNIt2aazoZLGT9GFNuCghfGZxitBSy-YDb5gaxdQ_hQKkhAqkOd6_5z3u4cyLWsdt16BH61Ay7dFFi4He4_6IQ6OWHjNxaUOIVPdLSyzUZ_U1DeI4MOq/s280/Belgica+94+5.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4I_PZTiCAuPSTr-C8sniv0-s1n-bYbw1fthXbfwRlOjQV_eS4O_-3Nw13Oqj6jq_bverJA0BjLwLFHWriMRfiX96oKPv7WExsLiXEL7RGgtZi3UOyuZ4Z_bhLXRfk95eOjGUw4sTgpL-0/s280/Belgica+94+3.jpg)
"Em Spa, o clima também estava horrível, mas pelo menos eu conhecia a pista, visto que eu estava competindo no campeonato belga de carros de turismo (Belgian Procar) pela Audi. No entanto, correr em um Audi Quattro a 230km/h é uma coisa. Correr em um F1 a 300km/h é outra completamente diferente. Eu rodei e bati na saída da Bus Stop na minha segunda volta rápida no treino livre de sexta e perdi todo o resto desse treino. Naquele momento, eu pensei que meu fim de semana tinha acabado. No entanto, os caras da Lotus fizeram um ótimo trabalho e conseguiram consertar o carro a tempo para o primeiro treino oficial. E a cada vez que eu ia a pista, eu ia ficando mais rápido e ganhando mais experiência, visto que eu não tinha conseguido quilometragem o suficiente antes do fim de semana. No primeiro treino de classificação, eu consegui uma boa volta e fiquei em 25º. Eu sabia que eu podia ter conseguido algo melhor. O que me atrapalhou foi não conseguir calcular o número de voltas que eu já tinha feito e quantas mais eu podia fazer (já tinha feito 7 até a pista secar, o máximo permitido era 8). Quando a pista começou a secar, eu poderia ter feito um tempo 2 ou 3 segundos mais rápido, assim como ocorreu com Rubens Barrichello, que havia conseguido sua primeira pole."
No dia seguinte, o tempo piorou, mas para Adams foi o suficiente para conseguir qualificar-se à frente do seu compatriora Bertrand Gachot, no pífio Pacific - Ilmor, só que na corrida as coisas iriam ser diferentes, pois ia competir em tempo seco. Mas entretanto, tinha a corrida da Procar Series, com o Audi, onde aproveitando a tecnologia 4WD, conseguiu uma vitória convicente, com uma vantagem de... 27 segundos sobre o segundo classificado! Nada mau.
Pouco depois partia para a sua primeira corrida da sua carreira: "A corrida foi realizada em pista seca e eu tive de aprender a dirigir o Lotus nesse tipo de condições, visto que era a primeira vez que eu andava em um carro de F1 em uma pista que não estava molhada! Eu tente manter contato com os carros da Larrousse e da Simtek e extraí uns 85% do carro, visto que eu não queria cometer erros e queria apenas chegar ao fim. Em um momento, Gounon rodou sua Simtek e eu consegui passar por ele. E ele não estava conseguindo dar o troco até que tivemos de dar passagem aos líderes na volta 19. Quando Barrichello chegou para passar, em uma descida, fui para a parte de fora do traçado. O problema é que eu havia me esquecido que havia chovido muito durante o fim de semana e, por aquela parte ser uma descida, antes da Pouhon, formou-se uma espécie de rio. Como meus pneus traseiros já estavam completamente sujos, eu perdi o controle quando freei para entrar na Pouhon e rodei, ficando na caixa de brita. Naquele momento, estava a uns 260km/h, e tudo acontece muito rapidamente, não tive qualquer chance de controlar o carro. Ali eu aprendi que, na Fórmula 1, se você se preocupa demais em ser legal com os outros pilotos, você se dá mal.", comentou.
No dia seguinte, o tempo piorou, mas para Adams foi o suficiente para conseguir qualificar-se à frente do seu compatriora Bertrand Gachot, no pífio Pacific - Ilmor, só que na corrida as coisas iriam ser diferentes, pois ia competir em tempo seco. Mas entretanto, tinha a corrida da Procar Series, com o Audi, onde aproveitando a tecnologia 4WD, conseguiu uma vitória convicente, com uma vantagem de... 27 segundos sobre o segundo classificado! Nada mau.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGL2BKlRmOkSbdijCLBnJw8XBnHYGm__r4LPWImYdixebeVOchq31woU_fqAGCPnmu7RkTjcua2M1rRLbXg1NEPlahk8l57egEQn0z_8HREdZNGZKwoVoq5efhlKjPDdIaxELgr51oVMU9/s280/Belgica+94+2.jpg)
Depois de Spa-Francochamps, Adams só voltaria à equipa no Estoril, onde conseguiu de novo classificar-se na penultima fila da grelha de partida, e na corrida conseguiu chegar ao fim, apesar das dores no pescoço. "Na corrida, tudo o que eu queria era chegar ao fim. Mas até isso estava difícil, porque eu estava fora de forma, com muitas dores no pescoço. Isso após apenas 32 voltas, e ainda faltavam 45! Mas, dessa vez, eu havia conseguido chegar ao fim [no 16º posto, a quatro voltas do vencedor] sem cometer erros durante a corrida", afirmou.
Contudo, as suas performances, aliadas aos seus problemas de tesouraria o impediram de concluir a terceira parte do acordo, que implicava correr em Jerez. E assim, a sua carreira na categoria máxima do automobilismo chegava ao seu fim.
A sua carreira na Formula 1: Dois Grandes Prémios, em uma temporada (1994), zero pontos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyoXXcyDJ9FzVBDbXKPCwyIQBwtJvtS3IxtWtuLCKkgKx6tPugL5JjT0RN6IRB4l-Xn-KfDIOftc14vjF-4UfdAznD0r5WRHM34kY8gTLLWNWwe0ADghUWP8Rn6wm1h-CyAXxdGvXEySda/s280/Adams+Nurburgring+00.jpg)
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Philippe_Adams
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...