A FOTA aproveitou estes dias para aprovar um novo sistema de pontuação da Formula 1, mantendo os pontos para os dez primeiros, mas valorizando ainda mais a vitória. Com isto, o vencedor ganhará 25 pontos na mesma, mas o segundo classificado levará 18 pontos para casa em vez dos 20 programados. Contudo, uma das propostas que existiam em cima da mesa, de atribuir pontos ao "poleman" e à volta mais rápida foi discutida, mas não decidida.
Assim, a busca pela vitória ganha importância, é certo, mas voltamos à velha questão: deseja-se que o título seja decidido nas últimas provas do campeonato ou teremos campeões com cinco ou seis provas antes do final? Esse tipo de equilibrio é discutido há muitos anos, e as soluções, pelo que vejo, andam ao sabor dos tempos.
Muitos, por exemplo, gostariam de ver de regresso o sistema de descartes, mas esse, para além das qualidades, têm também defeitos: artificializa o campeonato e causa situações onde o piloto que pode ter mais pontos não seja necessáriamente o campeão. O melhor exemplo que posso dar é o de Alain Prost, que caso não existisse esse sistema, teria sido campeão do Mundo em 1988, em deterimento de Ayrton Senna.
Assim sendo, o equilibrio no sitema de pontos é sempre um problema que ressurge de tempos a tempos, por mais diversas razões. Em 2002, depois de um dominio absoluto de Michael Schumacher, o sistema de pontos foi alterado, pois o alemão tinha conseguido o título mundial em Magny Cours, seis provas antes do final da temporada. Em pleno mês de Julho.
Ao desvalorizar a vitória, queria-se um equilibrio entre o piloto dominador e o resto do pelotão, que levasse a emoção até à última prova do campeonato. Isso foi conseguido em 2003, mas em 2004, Ross Brawn criou um carro imbatível e Schumacher dominou a seu bel-prazer. Mas o resto foi bem conseguido: os títulos de 2007 e 2008 foram conseguidos na última prova do ano, e no último caso, quase no último metro, no último segundo...
A alteração do sistema de pontuação tem bons motivos: os carros são cada vez mais resistentes (o regulamento obriga a tal) e numa grelha alargada a 26 carros, ver somente oito a pontuar seria desencorajador para os outras equipas, especialmente as novatas, que apostam muito dinheiro, com prespectivas diminutas de retorno, caso acabem o ano sem pontuar. Se repararem, desde há uns anos a esta parte, numa grelha com 20 ou 22 carros, ver 15 a chegar à meta tornou-se algo comum, ao contrário do que se sucedia nos anos 80, onde não era raro ver seis a cortar a meta, numa grelha de 26. Os tempos dos Turbos rebentados e dos componentes quebrados devido à sua fragilidade já lá vão... e não voltam.
É certo que muitos defendem o regresso do sistema dos seis primeiros. Mas para mim, isso seria pior, muito pior. Aliás, acho que esse sistema vigorou tempo demais. Uma competição que mantenha o mesmo sistema de pontos em 42 anos da sua existência é exagerado. Deveria ter sido modificado em 1980, por exemplo, para dar hipótese às equipas do fundo do pelotão de pontuarem. Quando o sitema foi modificado em 2003, para dar pontos até ao oitavo classificado, até achei que foi um acto de justiça.
Em jeito de conclusão, podemos dizer que este sistema não é perfeito, mas necessário para os tempos que vivemos. Mas creio que dentro de oito ou dez anos, voltaremos a discutir esta ideia. Veremos.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...