Neste fim de semana que passou, vimos o mesmo cenário em dois lugares diferentes, distanciados em mais de dez mil quilómetros um do outro: Melbourne e St. Petersburg. E vimos como duas organizações reagiram de modos diferentes a um cenário chuvoso: no caso da Formula 1, a corrida prosseguiu, com alguns incidentes, incluindo uma carambola na primeira curva, na primeira volta, embora sem consequências de maior. No caso de St. Pete, a prova da Indy Racing League foi adiada para o dia seguinte, devido às ocndições tempestuosas. Duas corridas, o mesmo cenário, resultados diferentes.
Formula 1: Button usa o cérebro e ganha, numa corrida atipica
Depois das criticas sobre o longo bocejo barenita, sabia-se à partida que as coisas no circuito de Albert Park, em Melbourne iriam ser diferentes, pelas caracteristicas da pista, que é citadina. Mas não sabia que as previsões de chuva, no inicio da corrida, iriam alterar completamente a nossa precepção das corridam em 2010. E logo, passamos do 8 ao 80...
Vimos uma carambola na primeira curva, vimos Jenson Button a fazer uma jogada arriscada e a ser bem sucedido nisto, e vimos Robert Kubica a contrariar as previsões e acabar no pódio do GP da Austrália, e que Felipe Massa chegaria ao pódio e superar Fernando Alonso.
Mas também vi pela primeira vez algo paradoxal: Michael Schumacher à busca de um ponto, e a degladiar-se com um Toro Rosso e um Virgin para obter aquele que é agora o último lugar pontuável. E ainda por cima, um dos carros era o de Jaime Alguersuari, que tem idade para ser o seu filho, não é? Não vou dizer o que isto significa, pois é totalmente permaturo avaliar pilotos e carros após duas corridas, pois ainda por cima, esta foi uma corrida atípica. Mas se a tendência continuar, é caso para ser analisado... e se falo disso em relação ao Schumacher, a mesma coisa se aplica em relação a Fernando Alonso e Felipe Massa e a decisão de Stefano Domenicalli de manter as posições na parte final da corrida. Só direi que em Maranello, a última palavra cabe a eles e não aos comentários dos "campeões da Playstation" num qualquer fórum da "Gazzetta dello Sport".
IRL: Power arranca em força, um dia depois do previsto
Algumas horas mais tarde, no estado da Florida, desabavam os céus sobre o circuito citadino de St. Petersburg. As horas passavam e em vez dos carros largarem com pneus de chuva e Safety Car na pista, como teria acontecido numa prova de Formula 1 (para sermos honestos, como teria acontecido em qualquer prova fora dos Estados Unidos), os organizadores da Indy Racing League decidiram adiar sucessivamente a partida, até que se renderam á evidência e adiaram a prova por 24 horas.
Nos Estados Unidos, as coisas são assim, independentemente de serem provas de IRL, NASCAR ou ALMS (American Le Mans Series). As normas foram implementadas há muito, numa medida para efeitos de segurança. Quando chove, como aconteceu na primeira prova do ano, em São Paulo, a corrida é imediatamente interrompida, sem intrevenção do Pace Car ou a amostragem de bandeiras às riscas, que assinalam piso escorregadio. Nesse aspecto, eles cortam com esse elemento de imprevisibilidade, e não se importam de adiar ou acabar mais cedo as corridas por causa disso. Só para terem uma ideia, em 1973, as 500 Milhas de Indianápolis decorreram ao longo de quatro dias... e não completaram as 200 voltas necessárias.
A corrida lá prosseguiu na manhã seguinte, sem grandes problemas. E Will Power, da Penske, o homem que fez a pole-position, ganhou sem margem para dúvidas pela segunda vez consecutiva e agora é o lider incontestado do campeonato. Claro, o que conta nesta categoria é a regularidade e não as vitórias, como passou agora a acontecer na Formula 1, com a entrada em vigor da nova pontuação.
Em jeito de conclusão...
Em termos de realidade pura e dura, em ambos os cenários assistimos a um paradoxo dos nossos tempos: nos Estados Unidos, eles não precisam da chuva para terem emoções nas corridas, enquanto que na Formula 1, temos de implorar aos Deuses da Chuva para termos emoção nas corridas. Sinais dos tempos neste automobilismo do século XXI, não é?
Na Formula 1, poderemos ter duas ou mais corridas onde o tempo fará a sua aparição, e onde a imprevisibilidade terá um factor decisivo no resultado final. Na Australia tivemos Kubica no pódio. Na Malásia prevê-se chuva para a hora da corrida. No ano passado, esta foi interrompida a meio e ficou-se por ali. Não creio que vá acontecer o mesmo este ano, mas nunca se sabe. Mas reparem: pode ser muito bom para o espectáculo, mas na realidade só disfarça, ou pelo menos "enxota para canto" uma discussão que é necessário fazer: a falta de ultrapassagens na Formula 1 actual, algo do qual tem de ser feita qualquer coisa.
Li que a reintrodução do fundo plano, aliado à abolição dos difusores, poderiam ser boas soluções para resolver o problema. Confesso que não sou engenheiro, mas tem da haver uma forma para que os carros não percam aderença em situações de Safety Car, onde a pessão dos pneus diminui quando a temperatura deles baixa. Aliás, essa é uma das causas apontadas ao acidente fatal de Ayrton Senna em Imola...
Aquilo que veremos não é mais do que um paliativo. A problema de fundo lá continua. Basta chegarmos a um "tilkódromo", num dia de sol para vermos isso. Abraços a todos, bom fim de semana e Boa Páscoa!
Formula 1: Button usa o cérebro e ganha, numa corrida atipica
Depois das criticas sobre o longo bocejo barenita, sabia-se à partida que as coisas no circuito de Albert Park, em Melbourne iriam ser diferentes, pelas caracteristicas da pista, que é citadina. Mas não sabia que as previsões de chuva, no inicio da corrida, iriam alterar completamente a nossa precepção das corridam em 2010. E logo, passamos do 8 ao 80...
Vimos uma carambola na primeira curva, vimos Jenson Button a fazer uma jogada arriscada e a ser bem sucedido nisto, e vimos Robert Kubica a contrariar as previsões e acabar no pódio do GP da Austrália, e que Felipe Massa chegaria ao pódio e superar Fernando Alonso.
Mas também vi pela primeira vez algo paradoxal: Michael Schumacher à busca de um ponto, e a degladiar-se com um Toro Rosso e um Virgin para obter aquele que é agora o último lugar pontuável. E ainda por cima, um dos carros era o de Jaime Alguersuari, que tem idade para ser o seu filho, não é? Não vou dizer o que isto significa, pois é totalmente permaturo avaliar pilotos e carros após duas corridas, pois ainda por cima, esta foi uma corrida atípica. Mas se a tendência continuar, é caso para ser analisado... e se falo disso em relação ao Schumacher, a mesma coisa se aplica em relação a Fernando Alonso e Felipe Massa e a decisão de Stefano Domenicalli de manter as posições na parte final da corrida. Só direi que em Maranello, a última palavra cabe a eles e não aos comentários dos "campeões da Playstation" num qualquer fórum da "Gazzetta dello Sport".
IRL: Power arranca em força, um dia depois do previsto
Algumas horas mais tarde, no estado da Florida, desabavam os céus sobre o circuito citadino de St. Petersburg. As horas passavam e em vez dos carros largarem com pneus de chuva e Safety Car na pista, como teria acontecido numa prova de Formula 1 (para sermos honestos, como teria acontecido em qualquer prova fora dos Estados Unidos), os organizadores da Indy Racing League decidiram adiar sucessivamente a partida, até que se renderam á evidência e adiaram a prova por 24 horas.
Nos Estados Unidos, as coisas são assim, independentemente de serem provas de IRL, NASCAR ou ALMS (American Le Mans Series). As normas foram implementadas há muito, numa medida para efeitos de segurança. Quando chove, como aconteceu na primeira prova do ano, em São Paulo, a corrida é imediatamente interrompida, sem intrevenção do Pace Car ou a amostragem de bandeiras às riscas, que assinalam piso escorregadio. Nesse aspecto, eles cortam com esse elemento de imprevisibilidade, e não se importam de adiar ou acabar mais cedo as corridas por causa disso. Só para terem uma ideia, em 1973, as 500 Milhas de Indianápolis decorreram ao longo de quatro dias... e não completaram as 200 voltas necessárias.
A corrida lá prosseguiu na manhã seguinte, sem grandes problemas. E Will Power, da Penske, o homem que fez a pole-position, ganhou sem margem para dúvidas pela segunda vez consecutiva e agora é o lider incontestado do campeonato. Claro, o que conta nesta categoria é a regularidade e não as vitórias, como passou agora a acontecer na Formula 1, com a entrada em vigor da nova pontuação.
Em jeito de conclusão...
Em termos de realidade pura e dura, em ambos os cenários assistimos a um paradoxo dos nossos tempos: nos Estados Unidos, eles não precisam da chuva para terem emoções nas corridas, enquanto que na Formula 1, temos de implorar aos Deuses da Chuva para termos emoção nas corridas. Sinais dos tempos neste automobilismo do século XXI, não é?
Na Formula 1, poderemos ter duas ou mais corridas onde o tempo fará a sua aparição, e onde a imprevisibilidade terá um factor decisivo no resultado final. Na Australia tivemos Kubica no pódio. Na Malásia prevê-se chuva para a hora da corrida. No ano passado, esta foi interrompida a meio e ficou-se por ali. Não creio que vá acontecer o mesmo este ano, mas nunca se sabe. Mas reparem: pode ser muito bom para o espectáculo, mas na realidade só disfarça, ou pelo menos "enxota para canto" uma discussão que é necessário fazer: a falta de ultrapassagens na Formula 1 actual, algo do qual tem de ser feita qualquer coisa.
Li que a reintrodução do fundo plano, aliado à abolição dos difusores, poderiam ser boas soluções para resolver o problema. Confesso que não sou engenheiro, mas tem da haver uma forma para que os carros não percam aderença em situações de Safety Car, onde a pessão dos pneus diminui quando a temperatura deles baixa. Aliás, essa é uma das causas apontadas ao acidente fatal de Ayrton Senna em Imola...
Aquilo que veremos não é mais do que um paliativo. A problema de fundo lá continua. Basta chegarmos a um "tilkódromo", num dia de sol para vermos isso. Abraços a todos, bom fim de semana e Boa Páscoa!
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