O antigo presidente do Comité Olimpico Internacional (COI), o catalão Juan Antonio Samaranch, morreu esta manhã aos 89 anos em Barcelona, vítima de insuficiência cardíaca. "Não encontro palavras para expressar o pesar da família olímpica. Perdemos um grande homem, um mentor e um amigo, que dedicou a sua longa e preenchida vida aos Jogos Olímpicos", afirmou esta tarde o belga Jacques Rogge, actual presidente do COI.
Presidente durante vinte e um anos, foi uma personlidade que relançou os Jogos Olimpicos, que na altura em que chegou à presidência, estava em crise nos anos 70 e 80 com os boicotes e os problemas financeiros. Contudo, apesar de ter sido uma personlidade marcante, a sua presidência não foi isenta de polémicas, nomeadamente os escândalos de suborno que rodearam a escolha de Salt Lake City para os Jogos Olimpicos de Inverno de 2002.
Nasceu a 17 de Julho de 1920 em Barcelona, de uma familia próspera na área dos texteis, jogou hóquei em patins na sua juventude e combateu na Guerra Civil Espanhola, primeiro nas forças republicanas, e depois desertou para a Falange, através da França. Quando acabou, estudou economia e escreveu para o jornal "La Prensa", durante algum tempo, chegando até a ser enviado especial aos Jogos Olimpicos de Helsinquia, em 1952, até que um dia é demitido por falar mal do comportamento dos adeptos do Real Madrid depois de uma famosa derrota por 11-1 ao Barcelona.
Depois disso, voltou aos negócios da familia e mais tarde foi trabalhar para o banco "La Caixa", de Barcelona, onde chegou ao topo da organização e era actualmente seu presidente honorário. A partir dos anos 50, trabalha muito no seio da Falange, onde subiu na organização, onde serviu primeiro no conselho municipal de Barcelona, depois como deputado das Cortes e ministro dos Desportos durante quatro anos, entre 1967 e 71. Antes disso, tinha sido presidente do Comité Olimpico espanhol.
Quando Francisco Franco morre e a democracia é restaurada, através do Rei Juan Carlos I, Samaranch era o presidente do governo de Barcelona, e em 1977 o novo governo o convida para ser embaixador na União soviética e Mongólia. Samaranch aceita o convite, e é nessa ocasião que empreende o maior desafio da sua carreira: ser o presidente do Comité Olimpico Internacional.
Nessa altura, era uma instituição em descrédito. Os atentados terroristas, os boicotes politicos e a quase bancarrota, especialmente depois do fracasso que foram os Jogos Olimpicos de Montreal, que deixaram a Câmara Municipal financeiramente arruinada por muitos anos, fizeram com que os Jogos Olimpicos entrassem em decadência, com muitas cidades a evitarem organizar tal evento. Samaranch, com a sua experiência e as suas ideias, conseguiu cativar os votos dos países do Leste europeu e a 18 de Julho de 1980, um dia depois do seu 60º aniversário, era presidente do Comité Olimpico Internacional.
A partir dali, os Jogos Olimpicos chegaram à era moderna. Começou a atrair patrocinadores multinacionais e negociou os direitos televisivos, gerando milhares de milhões de dólares de receitas, e tornando os Jogos Olimpicos novamente atrativos. Estableceu o profissionalismo dos atletas, e aos poucos, as audiências subiram aos milhares de milhões, tornando-se num evento global, o maior do mundo.
E com os anos, muitas mais cidades começaram a candidatar-se a receber os Jogos. A sua cidade natal, Barcelona, acolheu-os em 1992, uma realização pessoal sua. E com a queda do Muro de Berlim e o final da União Soviética, muitos mais países juntaram-se ao Comité Olimpico Internacional e mandaram os seus atletas. Agora, mais de 200 países e territórios são membros do Comité Olimpico.
Claro, a sua presidência não foi isenta de criticas. Desde as suas ligações ao regime franquista, até ao facto de não ter levado muito a sério o combate ao "doping". Mas foi o escândalo dos subornos aos membros do Comité Olimpico Internacional no processo de escolha da candidatura para os Jogos Olimpicos de Inverno de 2002, em Salt Lake City, é que abalaram as fundações do Comité Olimpico. Vários membros foram explusos ou resignaram os seus cargos, e Samaranch foi alvo de criticas, até alguns pediram a sua cabeça, algo que não o fez. Em vez disso, decidiu não candidatar-se a novo mandato, em 2001, passando o testemunho ao belga Jacques Rogge.
Na sua Espanha natal, foi laudado com imensas condecorações, e em 1991, o Rei Juan Carlos I o elevou á nobreza, nomeando-o Marquês de Samaranch, um título hereditário. A sua mulher Maria Teresa, com quem se casou em 1955, já tinha morrido em 2000, e teve dois filhos, Juan Antonio e Maria Teresa, que ambos ocupam hoje em dia cargos desportivos. Juan Antonio é vice-presidente da Federação Internacional de Pentatlo Moderno e Maria Teresa é a presidente da Federação Espanhola de Desportos de Gelo.
E assim foi-se homem, ficou a sua obra. Ars lunga, vita brevis.
Presidente durante vinte e um anos, foi uma personlidade que relançou os Jogos Olimpicos, que na altura em que chegou à presidência, estava em crise nos anos 70 e 80 com os boicotes e os problemas financeiros. Contudo, apesar de ter sido uma personlidade marcante, a sua presidência não foi isenta de polémicas, nomeadamente os escândalos de suborno que rodearam a escolha de Salt Lake City para os Jogos Olimpicos de Inverno de 2002.
Nasceu a 17 de Julho de 1920 em Barcelona, de uma familia próspera na área dos texteis, jogou hóquei em patins na sua juventude e combateu na Guerra Civil Espanhola, primeiro nas forças republicanas, e depois desertou para a Falange, através da França. Quando acabou, estudou economia e escreveu para o jornal "La Prensa", durante algum tempo, chegando até a ser enviado especial aos Jogos Olimpicos de Helsinquia, em 1952, até que um dia é demitido por falar mal do comportamento dos adeptos do Real Madrid depois de uma famosa derrota por 11-1 ao Barcelona.
Depois disso, voltou aos negócios da familia e mais tarde foi trabalhar para o banco "La Caixa", de Barcelona, onde chegou ao topo da organização e era actualmente seu presidente honorário. A partir dos anos 50, trabalha muito no seio da Falange, onde subiu na organização, onde serviu primeiro no conselho municipal de Barcelona, depois como deputado das Cortes e ministro dos Desportos durante quatro anos, entre 1967 e 71. Antes disso, tinha sido presidente do Comité Olimpico espanhol.
Quando Francisco Franco morre e a democracia é restaurada, através do Rei Juan Carlos I, Samaranch era o presidente do governo de Barcelona, e em 1977 o novo governo o convida para ser embaixador na União soviética e Mongólia. Samaranch aceita o convite, e é nessa ocasião que empreende o maior desafio da sua carreira: ser o presidente do Comité Olimpico Internacional.
Nessa altura, era uma instituição em descrédito. Os atentados terroristas, os boicotes politicos e a quase bancarrota, especialmente depois do fracasso que foram os Jogos Olimpicos de Montreal, que deixaram a Câmara Municipal financeiramente arruinada por muitos anos, fizeram com que os Jogos Olimpicos entrassem em decadência, com muitas cidades a evitarem organizar tal evento. Samaranch, com a sua experiência e as suas ideias, conseguiu cativar os votos dos países do Leste europeu e a 18 de Julho de 1980, um dia depois do seu 60º aniversário, era presidente do Comité Olimpico Internacional.
A partir dali, os Jogos Olimpicos chegaram à era moderna. Começou a atrair patrocinadores multinacionais e negociou os direitos televisivos, gerando milhares de milhões de dólares de receitas, e tornando os Jogos Olimpicos novamente atrativos. Estableceu o profissionalismo dos atletas, e aos poucos, as audiências subiram aos milhares de milhões, tornando-se num evento global, o maior do mundo.
E com os anos, muitas mais cidades começaram a candidatar-se a receber os Jogos. A sua cidade natal, Barcelona, acolheu-os em 1992, uma realização pessoal sua. E com a queda do Muro de Berlim e o final da União Soviética, muitos mais países juntaram-se ao Comité Olimpico Internacional e mandaram os seus atletas. Agora, mais de 200 países e territórios são membros do Comité Olimpico.
Claro, a sua presidência não foi isenta de criticas. Desde as suas ligações ao regime franquista, até ao facto de não ter levado muito a sério o combate ao "doping". Mas foi o escândalo dos subornos aos membros do Comité Olimpico Internacional no processo de escolha da candidatura para os Jogos Olimpicos de Inverno de 2002, em Salt Lake City, é que abalaram as fundações do Comité Olimpico. Vários membros foram explusos ou resignaram os seus cargos, e Samaranch foi alvo de criticas, até alguns pediram a sua cabeça, algo que não o fez. Em vez disso, decidiu não candidatar-se a novo mandato, em 2001, passando o testemunho ao belga Jacques Rogge.
Na sua Espanha natal, foi laudado com imensas condecorações, e em 1991, o Rei Juan Carlos I o elevou á nobreza, nomeando-o Marquês de Samaranch, um título hereditário. A sua mulher Maria Teresa, com quem se casou em 1955, já tinha morrido em 2000, e teve dois filhos, Juan Antonio e Maria Teresa, que ambos ocupam hoje em dia cargos desportivos. Juan Antonio é vice-presidente da Federação Internacional de Pentatlo Moderno e Maria Teresa é a presidente da Federação Espanhola de Desportos de Gelo.
E assim foi-se homem, ficou a sua obra. Ars lunga, vita brevis.
Ainda ontem vi um programa sobre a presidência do Samaranch no COI, com palavras do próprio, onde também abordava o modo como lidou com os escândalos.
ResponderEliminarSem duvida uma grande perda