sábado, 22 de maio de 2010

GP Memória - Monaco 1955

Quatro meses depois dos pilotos terem sofrido o calor argentino, a primeira corrida europeia assinalava um regresso da Formula 1 às ruas do Mónaco, após cinco anos de ausência do calendário. Neste regresso à Europa, havia algumas novidades em termos de grelha, não só em termos de equipas da frente, como também no aparecimento dos privados. Na Mercedes, Juan Manuel Fangio e Stirling Moss correriam com os carros curtos nas ruas do principado, enquanto que um terceiro carro, com o chassis longo, seria guiado pelo alemão Hans Hermann. Contudo, ele fica ferido num acidente nos treinos e a equipa chama o francês André Simon para o substituir.

Na Lancia, a equipa inscrevia quatro carros para Alberto Ascari, Eugenio Castelloti, Luigi Villoresi e o local Louis Chiron, que aos 55 anos, era um dos mais velhos pilotos de sempre numa grelha de Formula 1. A sua rival, a Ferrari, tinha inscritos cinco máquinas, para o francês Maurice Trintignant, o americano Harry Schell, o belga Paul Frére e os italianos Nino Farina, já com 49 anos e no ocaso da sua carreira, e outro veterano, Piero Taruffi.

Na Maserati, a equipa tinha tembém cinco modelos 250F inscritos, para os franceses Jean Behra e Louis Rosier, o argentino Roberto Miéres, o britânico Lance Macklin e os italianos Luigi Musso e Cesare Perdisa. Para ele seria a sua estreia na Formula 1, e aos 23 anos, tinha idade para ser filho de alguns dos pilotos que viria a seu lado...

A Gordini tinha dois carros inscritos, para os franceses Elie Bayol e Jacques Pollet, enquanto havia um HWM-Alta inscrito pelo britânico Ted Whiteaway, que também fazia a sua estreia na Formula 1. E para finalizar, existia um Vanwall, que fazia a sua primeira aparição com chassis próprio, pilotado pelo britânico Mike Hawthorn.

Os treinos ficaram marcados, como já tinha sido dito anteriormente, pelo acidente de Hermann, substituido por André Simon. Mas no final, isso não impediu que a pole-position fosse da Mercedes, com Juan Manuel Fangio a fazer o melhor tempo, batendo um recorde com 18 anos, feito por Rudolf Caracciola, a bordo de outro Mercedes. O recorde do alemão era de 1.46,5, Fangio baixou para 1.41,1 logo no primeiro dia. Alberto Ascari igualaria esse tempo, mas como Fangio fizera um dia antes, perdia nesse critério de desempate. A fechar essa primeira fila estava o segundo Mercedes de Stirling Moss.

Na segunda fila estava o Lancia de Castelloti, seguido pelo Maserati de Behra, enquanto que a terceira fila tinha o Maserati de Miéres, o Lancia de Villoresi e outro Maserati, o de Luigi Musso. A fechar o top ten ficavam o Ferrari de Trintignant e o terceiro Mercedes de André Simon.

O dia 22 de Maio de 1955 acordava com céu limpo e as encostas cheias de espectadores. E para um dos pilotos, Alberto Ascari, havia algo de agoirento no ar, pois tinha sido inscrito com o numero 26, o mesmo numero que o seu pai, Alberto Ascari, tinha quando morreu no GP de França, 30 anos antes, a bordo do seu Alfa Romeo. Para piorar as coisas, o Mercedes de Fangio tinha o numero 2, enquanto que Moss tinha o 6.

Na partida, Fangio mantêm o comando, seguido por Ascari, Castelloti e Moss. Nino Farina tem problemas quando toca uma das rodas no passeio, tendo de ir ás boxes para reparações. Mossa passa Castelloti na volta seis, mas nessa altura, Fangio já tinha aberto uma distância considerável. Algumas voltas mais tarde, Ascari passa Castelloti e parte em perseguição de Moss. Pouco depois, os Maseratis de Musso e Rosier abandonam com problemas de transmissão e de rutura do tanque de combustivel, respectivamente.

Na volta 22, Simon desiste quando o seu motor explode. Era o primeiro dos Mercedes a abandonar a corrida. As coisas andam estáveis durante a primeira parte da corrida, com o unico evento relevante a ser o abandono de Perdisa na volta 40. A Maserati chama o carro de Behra, para ser substituido. Ambos trocam de lugar. Na volta 49 acontece o primeiro grande acontecimento da corrida quando de repente, a transmissão do Mercedes de Fangio quebra e é obrigado a desistir. É a primeira das grandes surpresas da corrida, outras viriam a seguir.

Com o abandono do argentino, Moss herdava a liderança, com Ascari logo a seguir, a pressionar o jovem britânico. Nas trinta voltas seguintes, assistie-se a um jogo do gato e do rato entre o Lancia do italiano e o Merecedes do britânico, com o Ferrari de Trintignant a uma distância considerável.

Na volta 80, os acontecimentos percipitam-se: no inicio dessa volta, o motor de Moss explode, colocando fora de prova o último Mercedes em prova. Pela primeira vez desde o GP da Grã-Bretanha do ano anterior, um Mercedes não ganharia a corrida, e pior, era a primeira vez que nenhum dos seus carros cortaria a meta.

Ascari herdava assim a liderança, mas não a gozaria: na volta seguinte, o italiano perde o controlo do seu carro, bate forte nas barreiras e cai à água! Um dos mais bizarros, mas marcantes, acidentes da história da Formula 1. Felizmente para Ascari, sai dali vivo, apenas com um nariz partido e o carro só seria recuparado das águas no final do dia.

O comando caia no colo de Trintignant, que via uma enorme possibilidade de vencer a corrida, não só para ele como para a Ferrari, que atravessava um mau periodo. No final, Trintignant cortou a meta no primeiro lugar, dando á Ferrari a sua primeira vitória desde 1954, e a primeira vitória de sempre de um piloto francês na Formula 1. Castelloti foi segundo no seu Lancia, enquanto que Cesare Perdisa, com o carro de Jean Behra, ficou com o lugar mais baixo do pódio, partilhando os seus pontos. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Ferrari de Nino Farina e o Lancia de Luigi Villoresi.

Fontes:

http://www.grandprix.com/gpe/rr043.html
http://en.wikipedia.org/wiki/1955_Monaco_Grand_Prix

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