No final da corrida, tudo era sorrisos na boxe da Apollo. Depois de no inicio do mês John O'Hara ter subido ao pódio para ir buscar o troféu de campeão, agora era a vez de Teddy Solana ser coroado vencedor no Race of Champions, em Brands Hatch, à frente de John, do BRM de Bob Turner e do unico Matra presente, o de Pierre de Beaufort. Um esfusiante Teddy abria a garrafa de champanhe e comemorava a vitória no traçado de Brands Hatch, que iria receber dentro de alguns meses o GP da Grã-Bretanha.
Em menos de um mês, a Apollo, como construtora, marcava o seu terreno na Formula 1, ao conseguir duas vitórias, uma oficial e outra extra-campeonato. O chassis bem desenhado, a competência dos pilotos e a sagacidade do patrão faziam com que a Ferrari, Matra, BRM, Jordan e outros a olhassem com um misto de temor e respeito. Encostado às boxes estava Alexandre de Monforte, que aplaudia os esforços dos outros pilotos com um sorriso nos lábios. A sua primeira incirsão na Formula 1 tinha sido digna, terminando a corrida na mesma volta dos lideres, na sexta posição, atrás do Jordan de Pieter Reinhardt. Alexandre estava no mesmo grupo da equipa, e quando Pete o viu, cumprimentou-o:
- Parabéns pela tua performance. Gostei de te ver a lutar com o McLaren e o Kalhola.
- Obrigado, mas isto foi mais uma experiência.
- Para experiência, não está nada mal.
- Obrigado.
- Pena não me virem em Thruxton, no próximo dia 30.
- Se calhar até o veremos. Vai ao International Trophy?
- Já não. Pensei bem e perfiro ir a Barcelona, para a Formula 2. Vai ser uma época complicada, e vou concentrar-me na Formula 1 e Formula 2. É melhor assim.
- Acho que sim, faz bem.
- Diga uma coisa, quando é que tem a pintura pronta?
- Quando quiser.
- Otimo. Há pessoal que quer tirar umas fotos minhas com o carro pintado, para por nos jornais. Como vou fazer Thruxton no dia 30, se estiver pronto dia 1 ou 2, até pode ser que convide os meus compatriotas para uma apresentação. Pode ser?
- Pode, tem é de avisar com antecedência.
- Então, depois telefono para si.
- Excelente, então. Vou tratar disso a partir de amanhã.
Enquanto isso, os mecânicos, pilotos e demais pessoas comemoravam e conversavam sobre a corrida e a vitória de Solana. Os concorrentes também vieram para dar os parabéns a Aaron e à Apollo. Um deles era Bruce McLaren, que veio à boxe para os felicitar.
- Olá Pete! Parabéns pela vitória.
- Obrigado.
- Ainda bem que não foste como eu, que ainda conduzo estas coisas que ando a criar.
- Mas tu és bom naquilo que fazes, amigo...
- Mas eu faço quase tudo sozinho.
- Tudo não. Tens o Teddy, o Tyler e agora o Pete...
- Um bando de americanos apaixonados como eu. É engraçado, mas estamos em situações opostas, sabes?
- Como assim?
- Sou um "kiwi" no meio de americanos. Tu és um americano no meio de irlandeses...
- O meu projectista é inglês, Bruce.
- E dos bons. Foste buscar à BRM.
- Ele ofereceu-se, para te dizer a verdade. E ainda bem. E acho o teu novo carro melhor do que o meu, basta mostrar serviço...
- Um sétimo lugar entre dois "rookies"? Tou a ver que não tardo eu me reformo como piloto. Nem sei o que faço aqui a pilotar estes carros.
- Formula 1, Can-Am...
- Dava jeito tu pilotares um dos meus carros. Ganhavas bastante.
- Não, Bruce. Larguei o volante, agora sou um engravatado...
- Vê-se. Pensava que depois de ver o Carrol Shelby engravatado, tinha visto tudo. Afinal não, também tu...
- E olha para ti!
- Mas eu tive sempre esta visão, desde os tempos em que o John Cooper deixou de desenvolver os seus carros.
- Ganhaste asas, fazes bem. É o que estou a fazer.
- Ganhei é mais uma dor de cabeça... faz-me um favor, não me construas um carro de Can-Am, quero ver se fico com os prémios todos...
Pete soltou uma sonora gargalhada. Ao lado, John O'Hara comemorava com a irmã a vitória de Teddy, segurando uma taça de champanhe. Viu Bruce e estendeu a mão:
- Queres comemorar conosco?
- Depois, quando ganhar com o meu carro... respondeu, soltando uma gargalhada.
- Ao menos estás contente. O Teddy está sempre macambúzio...
- É o feitio dele. Já agora, protege a tua irmã, parece que o Pete está de olho nela. Curioso, não o vejo por aqui.
- Deve estar a seduzir outra.
- Enfim, considera-te avisado.
- Obrigado, mas sei defender-me, respondeu Sinead.
McLaren soltou nova gargalhada, e logo a seguir aparece Pat, a sua mulher, que veio cumprimentar Pete e John. Ela cumprimenta Sinead e afirma:
- O meu marido incomoda-vos?
- Nada, veio avisar-nos do Pete.
- Não liguem, ele também tinha receios em relação a mim e ele se porta bem.
- Nâo queres ficar a comemorar?
- Obrigado, mas temos a nossa filha à espera em casa.
- Está bom, portem-se bem.
- Vemo-nos em Espanha.
- É isso tudo, vemo-nos em Espanha. respondeu John.
- Adeus Bruce, cumprimentou Pete.
- Até amanhã Pete. Lembra-te: tira as patas da Can-Am para este ano.
- Ouvi dizer que a Porsche vai para lá...
- Com essa dor de cabeça lido bem. É o Roger Penske, respondeu Bruce, afastando-se de mão dada com Pat McLaren, acenando com a outra mão.
Pete via-os afastar, rumo à garagem com os carros laranja, onde estavam a ser colocados nos camiões, rumo à sede para serem reparados e preparados para seguirem viagem, dentro de três semanas, para Espanha. Entretanto, a festa continuava, enquanto que alguns mecânicos começavam a colocar as suas caixas de ferramentas no camião aque levava os chassis de volta a Silverstone.
(continua)
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