25 de Março de 1970, sede da Apollo, Silverstone
Enquanto que alguns dos mecânicos começavam a pintar o Eagle com as cores pré-definidas pelo cliente, Pete Aaron e Sinead O'Hara viam papeis relacionados com as burocracias referentes a dinheiro. Pagamentos de salários, transferências bancárias e outras, bem como recebimentos das organizações referentes às participações nas corridas anteriores. Sinead era uma exzcelente ajuda enesse aspecto, embora a Pam Aaron, sua mulher, também ajudava nesse aspecto, embora hoje ela não estava, pois tinha uma casa para arrumar.
Já passava das quatro da tarde quando o telefone tocou na mesa de Pete. Ele estava na garagem, a ver detalhes dos carros, portanto, foi Sinead a atender o telefone.
- Está sim?
- O Pete está?
- Sim, mas está na oficina.
- Podia chamá-lo? Diga que é o John Hogarth.
- Sim senhor.
Sinead saiu do escritório rumo à oficina. Pete regressou em passo apressado e sentou-se com algum estrondo no cadeirão do seu escritório, apanhando o telefone nas mãos com uma pressa desastrada. Atendeu:
- John, velha baleia, como estás?
- Na mesma.
- Já não sei nada de ti há eras. Continuas retirado?
- Continuo, obviamente.
- Estás na Califórnia?
- Estou, mas vai ser por pouco tempo. Vou para a Europa na semana que vêm.
- Otimo, vem visitar-me.
- Vou ver se consigo, pois vou aí em negócios.
- Ah é?
- É. Diz uma coisa, o que se fala da Lamborghini?
- Uns zuns-zuns, mas nada de concreto.
- Hmmm... tenho uma coisa concreta para ti.
- Ah é? É o quê?
- Vou voltar.
- À competição, como piloto?
Ouviu-se uma sonora gargalhada do outro lado da linha. Ele tinha 39 anos, mas ainda poderia dar uma lição em alguns dos pilotos mais novos que andavam por aí, devido à sua grande reputação como afinador de carros e piloto regular nos seus tempos de BRM, e Yomura, onde foi seu companheiro no primeiro ano da marca na Formula 1. Tinha-se retirado em 1967, depois de ter ajudado Dan Gurney no seu Eagle, e desde então estava na Can-Am, às vezes como convidado da McLaren, ao lado de Peter Revson e do próprio Bruce. Mas não queria mais saber da Formula 1, e com quase 40 anos, pensava em dar o passo a seguir, e transmitir os conhecimentos a uma geração seguinte.
- Mas porquê fazes perguntas sobre a Lamborghini?
- Convidaram-me para testar um dos seus carros.
- Com que intenção?
- Aparentemente... a Formula 1.
Pete ficou mudo. A ideia de um novo concorrente na competição era algo que não tinha passado pela cabeça por agora, e ainda por cima, saber que uma pessoa tão competente como John, poder ser um seu rival na categoria máxima do automobilismo...
- Fazes ideia com que chassis?
- Não. Pode ser uma coisa deles, ou até pode ser algo que só vá acontecer mais tarde. Não me dizem muito, só querem os meus conhecimentos para afinar o motor e torná-lo fiável.
- Hmm... depois diz algiuma coisa.
- Semana que vem vou para Roma, depois dou um salto a Londres.
- Está bem.
- Ah! Tenho mais uma coisa a dizer.
- O quê?
- Parabéns. Estás a ter um excelente projecto por aí. O Dan contou-me algumas coisas, estou orgulhoso.
- Obrigado. Já começo a acumular troféus.
- Ahah! É esse o espírito.
- Abraços, até breve.
- Até breve.
O telefone desligou e Pete pousou-o no lugar. Pensativo, Sinead viu a sua expressão e perguntou:
- O que se passa?
- Aparentemente, vamos ter concorrência. Quando e como? Não sei.
(continua)
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