Agora que o Verão europeu está a chegar ao fim, e os dias de calor começam a esvair-se entre os nossos dedos, começamos a ler dois tipos de noticias: os factos, vindos das corridas dos fins de semana automobilísticos, e as especulações sobre as movimentações na próxima temporada. Equipas em situação periclitante, pilotos que tentam desesperadamente manter-se na elite do automobilismo ou ensaiam o seu regresso. Poderia falar de Jacques Villeneuve, mas nas últimas horas o nome de Kimi Raikonnen voltou em força, mais forte do que nunca.
Convenci-me, e ainda estou convencido, que Kimi-Matthias não quer saber da Formula 1 para nada, a não ser para ganhar dinheiro, muito dinheiro. Sente-se melhor nos ralis, onde até nem está a comprometer. Pode ser o pior dos pilotos que conduzem um Citroen C4WRC, que é o melhor carro, sem dúvida, mas porta-se bastante melhor do que o "malabarista" americano Ken Block, por exemplo.
Para mim, este súbito interesse pela Renault, demonstrada após o fim de semana italiano cheira-me a uma tentativa de conseguir um novo contrato multimilionário. Na Ferrari, Kimi era o piloto mais bem pago da Formula 1, com um salário anual na ordem dos 45 milhões de euros, e mesmo desempregado, a marca de Modena lhe pagava 17 milhões para este ano sabático de 2010. Se não fosse os ralis, seria o homem com o melhor subsidio de desemprego do mundo.
Agora que Setembro está a meio e a temporada de 2011 se aproxima a passos largos, observo a nova novela que se desenrola e se especula nas principais publicações mundiais. É certo que a Renault em 2010 recuperou muito do seu prestigio perdido, graças a Robert Kubica e à gestão de Eric Boullier, e que o lugar de segundo piloto - ocupado por Vitaly Petrov - é mais de pagante do que outra coisa, agora, a casa-mãe quer recuperar o protagonismo que deixou de ter com o "Singaporegate" e consequente despedimento de Flávio Briatore e Pat Symmonds.
Onde é que quero chegar? Ora, a Renault voltou a ser um lugar atraente. A reabilitação correu bem e agora todos correm para lá. As vozes que insistiam que esta aventura do Kimi-Matthias não passaria do final de 2010 e ele voltaria a um carro no inicio do próximo ano, ganharam força esta semana, tentando contrariar as que afirmavam que a Formula 1 era um amor acabado para ele. Francamente, acho duas coisas: essas pessoas vivem numa ilusão e que o Kimi é um interesseiro.
Interesseiro no sentido que volta pela melhor oferta que podem dar. Se a Renault lhe der 30 milhões por ano, ele volta. Se a Mercedes lhe fizer uma proposta de 40 milhões para ficar no lugar de Michael Schumacher (se ele quiser se retirar no final deste ano), provavelmente ele - e o seu manager e amigo Steve Robertson - também dirão que sim. O que estas equipas terão em troca? Honestamente, um tipo que não colabora muito com os engenheiros e mecânicos, na minha opinião. É calado e antipático, tem uma postura de "não me interessa nada" cujo melhor exemplo foi aquele que vi no GP da Malásia de 2009, que enquanto todos esperava para que a chuva passasse, estava nas boxes a comer um gelado. E há pessoal que adora essa postura!
Enfim, confesso não saber qual é o final desta novela. Mas se a conclusão apontar para mais um regresso à categoria máxima do automobilismo, ficarei com a impressão que este Kimi navega à vista e só volta pela melhor oferta, sem grandes garantias de sucesso.
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