Peter Warr, o homem que tomou conta da Lotus após a morte de Colin Chapman, morreu ontem aos 72 anos, vitima de ataque cardíaco, no sul de França. Curiosamente, ele morre no mesmo dia em que Emeson Fittipaldi venceu o seu primeiro Grande Prémio na Formula 1, em Watkins Glen...
Peter Warr foi um dos homens nos bastidores da Formula 1 que, apesar de não ser um dos homens mais conhecidos do seu tempo, como Bernie Ecclestone, Frank Williams ou Ken Tyrrell, muita da história da Formula 1 dessa altura não passa sem a sua presença.
Nascido no sul da Grã-Bretanha, após um tempo a cumprir o serviço militar, juntou-se à Lotus em 1958, no departamento comercial, mas no inicio dos anos 60 tentou a sua carreira como piloto, cuja coroa de glória foi a vitória no primeiro GP do Japão, em 1963, num modelo Lotus 23 de Sport. Em 1966, depois de se tornar director da Lotus Components, não acompanha Colin Chapman quando este se muda para Norfolk. Em vez disso, fica em Londres para dirigir uma loja de... "slot cars".
Três anos mais tarde, volta para a Lotus e é a partir dali que entra no departamento de competição. A partir de 1970, substitui Andrew Ferguson e tornou-se no "numero dois" da Lotus, numa altura em que a equipa estava no topo do pelotão na categoria máxima do automobilismo. Assistiu à glória e tragédia de Jochen Rindt, em 1970, ao nascimento e consagração de Emerson Fittipaldi como um dos melhores pilotos da sua geração, em 1972, e logo a seguir à chegada de Ronnie Peterson à equipa. Todos eles corriam a bordo do modelo 72, provavelmente um dos melhores chassis da história do automobilismo.
Warr permaneceu na Lotus até ao final de 1976, quando foi atraído pelos milhões pagos pelo canadiano Walter Wolf, que establecera a sua própria equipa. Com Jody Scheckter como piloto, a Wolf torna-se numa estrela no pelotão da Formula 1 até 1979, quando Walter Wolf vende-a aos irmãos Fittipaldi, e Peter Warr acompahou-os até ao seu fecho, em 1982.
É nessa altura que Colin Chapman morre e a Lotus pede a Peter Warr para que tome conta da equipa. Nessa altura, com motores Renault Turbo, leva a equipa ao primeiro auge após a morte do seu fundador. A principio, não era fã de Nigel Mansell, escolhido por Chapman. Chegou até dizer que "ele nunca ganharia um Grande Prémio", mas a realidade encarregou-se de desmentir, com 31 Grandes Prémios e títulos na Formula 1 e CART. No final de 1984, foi contra a contratação de Ayrton Senna, imposto pelo patrocinador John Player Special. Contudo, pouco depois, ficou rendido pelo seu talento, e Senna proporcionou à equipa seis das últimas sete corridas que a Lotus teve.
Contudo, Warr teve tensões com Senna. Em 1986, queria contratar Derek Warwick, mas essa intenção foi frustrada pelo veto de Senna, que não teve outro remédio senão recorrer aos serviços de Johnny Dumfries. No final de 1987, Senna foi para a McLaren e no seu lugar veio Nelson Piquet, e ficou até ao inicio de 1989, altura em que saiu de vez da Lotus, devido aos maus resultados. Depois disto, passa para o BRDC (British Racing Drivers Club) até ao meio da década, altura em que se retirou de vez.
Peter Warr tinha o hábito de pedir aos pilotos um exemplar dos seus capacetes. Com o tempo, acumulou uma impressionante colecção que o colocou a leilão em 1996, que rendeu quase meio milhãos de dólares. Depois retirou-se para a sua casa de França, a gozar o resto dos seus dias. Ars lunga, vita brevis.
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