A cada ano que passa, estamos cada vez mais rendidos à figura deste senhor nascido na Alsácia. Ninguém é capaz de o apanhar, poucos foram os que conseguiram vencer-lhe, e desde 2004 que o seu lugar no final do campeonato é sempre o mesmo: o primeiro. E isso lhe dá uma aura de imbatiblidade que me faz lembrar a velha frase do futebolista britânico Gary Lineker, devidamente adaptado às circunstâncias: "O campeonato do Mundo de ralis tem treze provas, milhares de classificativas e no final ganha o Citroen de Sebastien Löeb".
Aos 36 anos, Sebastien Löeb, este talento competitivo que sempre foi fiel a uma equipa, a Citroen, não dá sinais de abrandamento. Continua com as suas capacidades intactas, combate com a mesma agressividade perante um plantel cada vez mais jovem. Quando começou, lidava contra veteranos como Carlos Sainz, Colin McRae e Marcus Gronholm, e hoje entra na estrada com Mikko Hirvonen, Petter Solberg, Jari-Matti Latvala, Sebastien Ogier e os mediáticos Ken Block e Kimi Raikonnen, sem fazer demasiados erros, sempre certinho.
Dá-se sempre bem em qualquer superficie, e já ganhou na Suécia, Noruega e Finlândia, tidos como feudos nórdicos, onde nenhum estrangeiro consegue vencer. Mas ele tem uma superfície de eleição, o asfalto. Em França, a esmagadora maioria dos ralis são feitas nessa superfície, e os pilotos franceses adaptam-se bem. Mas Löeb é especial. Não só ganha nessas superfícies, como ganha sem concorrência à vista. Só um exemplo: desde 2002 que o Rali da Alemanha tem um vencedor: Löeb. Foi ali que conseguiu a sua primeira vitória em ralis, e até este ano não teve concorrência a ameaçá-lo.
E claro, sempre que está apertado, recorre sempre a essa superfície para dar o seu melhor. Foi assim em 2007, 2008 e 2009, quando o carro de Mikko Hirvonen parecia ser melhor do que o Citroen C4 WRC do francês. Nesses anos, o campeonato foi tão equilibrado que teve de ir até às ultimas para decidir quem seria o campeão. Löeb ganhava vantagem na Catalunha, um rali de asfalto, para depois tentar não perder muito na Grã-Bretanha, uma prova de terra, quase sempre molhada nessa altura do ano, contra pilotos que se davam melhor, como os nórdicos Gronholm e Hirvonen. E sempre conseguia batê-los. Ou aguentar o suficiente para ser coroado campeão.
É de facto um piloto completo. Tão completo que se dá ao luxo de participar noutras provas. Correu nas 24 Horas de Le Mans e já foi segundo classificado na edição de 2006. Já testou na Formula 1 e "flertou" com a hipótese de uma troca para os monolugares e correr na GP2, ou na categoria máxima do automobilismo. Se fosse há 40 anos, provavelmente teria feito sem problemas. Mas numa era como esta, parece ser algo improvável, senão impossível.
Em 2011, Sebastien Löeb terá 37 anos. Vai correr na nova era dos ralis, onde a sua nova máquina, o DS3, competirá contra o Ford Fiesta e o novo Mini da Prodrive. Certamente que os seus adversários estarão mais motivados para o bater, e Löeb provavelmente está ansioso por testar a nova máquina, para saber se manterá a competitividade demonstrada nos últimos anos. Mas sabe que tem novos adversários, mesmo dentro da sua equipa. Todos olham para Sebastien Ogier como "o novo Löeb", pela sua consistência e rapidez, e potencial para ser campeão do mundo. Já venceu por duas vezes em 2010, e em 2011 poderá ganhar mais. Será que foi por isso que Löeb anunciou que não se vê mais nos ralis a partir desse ano?
Veremos. O ano de 2011 poderá ser inolvidável em vários aspectos. E poderemos assistir o final de uma era nos ralis, caso os desejos de Löeb se concretizem. Mas que era!
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