Já repararam num pormenor interessante na fotografia que coloco aqui? Ele tem um autocolante no ombro em que diz "Red Bull, breakfast of the champions". A maneira como aquilo está desenhado é exactamente igual ao autocolocante que James Hunt trazia no seu fato de competição nos tempos da Hesketh, em que dizia "Sex, breakfast of champions". James Hunt foi um dos seres mais coloridos da história da Formula 1, do qual se fizeram livros, e partilha duas coisas com Sebastian Vettel: é campeão do mundo, mas só alcançou a liderança na última prova do ano. Uma coincidência com 34 anos de diferença...
É nestes pequenos pormenores que se vê o estilo da pessoa. E cada vez mais tenho razões para gostar do Sebastien Vettel: não é carrancudo, não se arma em "Principe das Asturias", e vejo-o que goza a vida no automobilismo, com consciência que há vida dela. Lembro-me de uma história contada há dois anos, creio eu. Depois do GP do Japão, que nesse ano tinha sido no Monte Fuji, ele e o veterano alemão Alexander Wurz decidiram escalar o vulcão, o mais alto do Japão, partido muito cedo, pois parecia que a escalada iria durar o dia todo. O facto de ainda ter tempo para gozar a vida e não ficar fechado num motorhome ou entre aeroportos, ou então a aparecer nas revistas cor de rosa, como Lewis Hamilton, faz dele uma pessoa diferente dos outros.
O título mundial conquistado hoje foi talvez o seu primeiro ponto alto, ainda nos seus 23 precoces anos. Foi o culminar de uma ascensão impressionante, pois a sua estreia tinha sido no GP dos Estados Unidos de 2007, na BMW, com provecta idade de 19 anos. Semanas antes tinha o visto no Mónaco, na corrida da World Series by Renault, num duelo à distância com o português Alvaro Parente, ganho por este último. Aliás, foi a sua partida da World Series para disputar o resto daquela época na Toro Rosso, em substituição do americano Scott Speed (já agora, por onde andará esse rapaz?) que permitiu ao português vencer esse campeonato. Um ano mais tarde, vencia em Monza, numa corrida absolutamente anormal (chovera nesse dia, lembram-se?) e no ano seguinte, chegava à Red Bull no momento em que esta começava a entrar a senda vencedora do qual hoje alcançou o seu ponto mais alto.
Depois, descobrimos os seus tiques: dar nomes de mulheres aos seus carros, divertir-se num ambiente ainda mais descontraído da Red Bull... a sua simpatia era contagiante, e dele só se fala bem. Tirando talvez os atritos que deva ter agora com Mark Webber, e provavelmente os seus excessos em pista, como aconteceu na Turquia, parece não ter adversários, criticos ou anticorpos, como tem agora Fernando Alonso (arrogante para muitos), Felipe Massa (cobarde para outros) ou Lewis Hamilton (demasiado agressivo), para não falar de Michael Schumacher, não é?
Pessoalmente, acho que Sebastien Vettel tem tudo para ser multi-campeão. A concorrência não é pêra doce, mas enquanto tiver todos os instrumentos que o permitam vencer, a ele bastará sentar-se no "cockpit" e guiar. E se ganhar, festejar "red Bull style". Francamente, adoraria que dentro de dez anos ou no dia em voltar a ler este post, não o olhar com nostalgia ou tristeza. Gostaria que fosse assim para sempre, pois esta Formula 1 precisa de algo que nos faça sentir orgulhosos e que suportemos melhor as intrigas politicas, os anões tenebrosos, os aborrecidos tilkódromos, as arrogâncias asturianas e as trapacerias schumacherianas.
Pessoalmente, esses são os meus votos para o ano de 2011 e seguintes.
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