Desde há algumas semanas que se sabe da existência de negociações entre o Grupo Proton e a Renault sobre a compra dos 25 por cento da equipa de Formula 1. Fontes vindas de França até tinham jurado a pés juntos no final de semana de Abu Dhabi que o acordo era iminente. Afinal, ele anda mais demorado do que se pensava, mas hoje o presidente da Proton, Datuk Tahir, confirmou que as negociações estão a decorrer neste momento.
"Sim, esta é a intenção. A decisão será tomada logo. Nós estamos perto, precisamos esperar mais alguns dias. Os 25 por cento [das ações] é algo que está a ser discutido. Ainda é muito prematuro para divulgarmos a percentagem que iremos ficar, mas temos que ficar numa posição em que possamos controlar a nossa marca", afirmou o dirigente ao jornal malaio "The Star", captada pelo sitio brasileiro Tazio.
Contudo, se a ideia é de comprar para colocar o nome "Lotus-Renault" no inicio de 2011, como deseja Dany Bahar e este Dahuk Tahir, as coisas não serão fáceis, de forma alguma. Até diria que nas circunstâncias actuais, o mais indicado seria que corressem como "Proton-Renault". E porquê?
Para começar, vamos à questão do nome. Qualquer alteração necessita do acordo unânime das equipas, e por aí, à partida Tony Fernandes iria vetar que a Renault usasse o nome "Lotus", pelo menos em 2011. E teria dúvidas se ele deixaria usar o nome "Proton"... e tambem, a FIA apoia, de uma certa forma, as intenções de Fernandes, pois no inicio da semana, na lista de inscritos provisória da FIA, a equipa era identificada como "Team Lotus". E claro, mesmo que o negócio vá para a frente e a Lotus queira colocar o seu nome na Renault, creio que a FIA teria de intervir para que evitasse essa duplicação. E para finalizar, há ainda uma terceira boa razão: mesmo que os dois anteriores não existissem, e existisse a tal mudança de nome, a Renault e a Proton estariam disposta a abdicar de 50 milhões de dólares a que tem direito pela sua classificação final no campeonato de construtores?
Por aqui, podemos ver que está tudo contra a Proton, Bahar e companhia, e Tony Fernandes sabe de tudo isso. Daí que a sua posição é de força: vai manter tudo como está, e vai jogar com o tempo, não só com o processo que corre nos tribunais ingleses, como também com a situação da Proton e de Bahar. E pelos vistos, não só ninguém acredita muito nos projectos anunciados pelo suiço (envolvimento em tudo que é categoria, desde a Indy até à GP3, e o projecto dos quatro supercarros até 2014) porque ele está a basear-se nos bolsos do governo malaio. E a Proton é neste momento uma companhia deficitária, que vende anualmente 160 mil carros...
Se a sua situação se agravar nos próximos tempos, o governo poderá querer colocar algumas cabeças no cepo, e Bahar seria o principal. E depois, para tentar recuperar algum desse dinheiro, poderá vender a Proton ou a Lotus, por um preço... simbólico. Reconhecem esta história de algum lado? Pois é, foi assim que Tony Fernandes comprou a Air Asia em 2001 e facturou imensos milhões até agora...
Como se vê, no mundo dos negócios, isto não faz qualquer sentido. Mas estamos a falar da Malásia, e aqui a coisa é mais politica do que económica, e a confusão que se instalou tende a continuar por muito tempo, qual novela televisiva. Pelo menos até que o martelo do tribunal bata de vez. E aí, outro martelo poderá entrar em acção, e esse será muito provavelmente o da leiloeira.
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