Depois do dia de descanso em Arica, no extremo norte do Chile, os concorrentes voltaram ao Dakar numa etapa relativamente encurtada em termos competitivos entre Arica e Antofagasta, num total de 839 quilómetros para os carros, menos 20 para as motos.
Nos carros, a luta ficou hoje reduzida aos Volkswagen, especialmente depois de Stephane Peterhansel ter perdido quase oito minutos na etapa. A luta foi entre os suspeitos do costume: o qatari Nasser Al Attyah e o espanhol Carlos Sainz. Hoje venceu o piloto árabe, que bateu Sainz por um minuto e vinte segundos e dois minutos e 56 ao sul-africano Giniel de Villiers. Em relação à liderança, a luta é taco a taco entre os dois, com o espanhol a liderar por um minuto e 22 segundos de diferença sobre o piloto do Qatar. Quanto a Peterhansel, com o tal atraso devido aos pneus, está agora a 21 minutos e onze segundos do lider Sainz.
Quanto aos portugueses, Ricardo Leal dos Santos acabou a tirada no sétimo posto e beneficiou dos abandonos de alguns pilotos como o argentino Orlando Terranova e o francês Guerlain Chicherit para subir até ao nono posto da geral, e agora o segundo melhor dos BMW X-Raid. E o piloto de Coimbra não está muito longe do francês Christian Laveille, o oitavo, pois existem quatro minutos a separá-los. No final do dia, Leal dos Santos estava satisfeito: "Estamos muito satisfeitos com esta etapa. Fizemos uma etapa limpa e estamos confiantes na nossa prestação. Parámos para ajudar o Terranova que capotou e perdemos algum tempo numa zona em que tivemos algumas dúvidas na navegação. Ficámos, obviamente, tristes com a desistência do nosso colega Chicherit, mas infelizmente são coisas que acontecem numa prova desta envergadura", afirmou.
Nas motos, o grande vencedor do dia foi local. Francisco "Chaleco" Lopez aproveitou o facto de jogar em casa e acelerou para a vitória, batendo os favoritos Cyril Després e Marc Coma. Quem foi algo prejudicado com esta boa performance foi Helder Rodrigues, que foi quarto classificado na etapa.
"Esta foi uma etapa verdadeiramente demolidora onde até zonas de trial apanhámos! Saindo à frente sabia que era inevitável ser apanhado pelos meus mais diretos perseguidores nas zonas lentas de dunas e foi isso que acabou por acontecer. Mas sei que andei bem e naveguei melhor. Agora os papéis invertem-se já amanhã, onde voltamos a ter uma etapa muito longa e difícil, mas onde já serei eu a sair em perseguição do Chaleco, Coma e Despres. Sei que nessas circunstâncias e com dunas pelo meio tenho todas as condições para recuperar bem", afirmou.
Em relação à sua luta particular com o local "Chaleco" Lopez, Helder Rodrigues confia que os nove minutos e 14 segundos de atraso podem ser recuperáveis até à meta, em Buenos Aires: "O Chaleco conhece muito bem o terreno e está a correr em casa, mas tudo farei para contrariar o seu avanço nas próximas etapas", concluiu.
Já no caso de Ruben Faria, depois das atribulações das penalizações e despenalizações na sexta-feira, hoje encarou a etapa com descontração, após o encurtamento desta por parte da organização. O quinto lugar na etapa revela isso: "Foi um dia de regresso ás pistas normal, se assim poderemos dizer. Comecei cauteloso na fase inicial e na segunda parte da especial aumentei um pouco o meu ritmo para fechar na quinta posição. Nada se altera em termos da minha classificação, exceção feita a que estou mais confortável no quinto posto face aos meus perseguidores. A especial era muito bonita e deu muito gozo estar hoje em prova.", afirmou.
Quanto aos seus objectivos, mantêm-se o mesmo: "discutirmos a vitória no Dakar [com Cyril Després]. É para isso que estamos aqui e é isso que vamos perseguir até ao derradeiro quilómetro da prova.", concluiu.
Já Paulo Gonçalves, depois da sexta-feira de pesadelo onde perdeu mais de sete horas com o sistema elétrico do seu BMW, tombando para lá do top 60 da classificação, foi sétimo e resta agora correr para terminar o melhor possivel e recuperar o mais que pode para ter um final digno nesta edição do Dakar. Quem teve problemas foi o francês David Casteu (Sherco) teve problemas, e poderá ter de ficar pelo caminho, já que em CP3 (km 192) já perto do final da etapa ficou parado devido ao facto da caixa de velocidades da sua moto ter ficado bloqueada.
Amanhã, a oitava etapa do Rali Dakar vai continuar a evoluir nos grandes espaços do Chile, com a promessa de um considerável aumento das dificuldades no que à navegação diz respeito. A ligação entre Antofagasta e Copiapo vai ter um total de 776 quilómetros, dos quais 508 serão feitos em especial cronometrada.
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