Desde que comecei este blog e encontrei ao longo do caminho imensa gente que como eu, gosta de automobilismo, notei a admiração e carinho que muita gente tinha por um "Peroba" chamado Luiz Pereira Bueno, que muitos diziam ser um dos pilotos mais talentosos do seu tempo, que o comparavam a outros nomes que, vivendo onde vivo, nunca tinha ouvido falar: Bob Sharp, Bird Clemente, Christian "Bino" Heins, Jan Balder... tudo nomes que abrilhantaram as corridas brasileiras nos anos 60 e 70, um viveiro de pilotos dos quais os mais capazes foram para a Europa e mostrar do que os brasileiros eram feitos. Os irmãos Fittipaldi, José Carlos Pace, e em menor grau, Ingo Hoffman e Alex Dias Ribeiro foram esses expoentes que deram a conhecer o Brasil ao mundo, e que teve como auge a aventura da Copersucar-Fittipaldi.
Pelo que me contam, correu no inicio dos anos 60, quando "Bino" Heins o descobriu e o pediu para correr na Willis Interlagos, a versão brasileira do Alpine francês. A equipa era tão boa que se tornou no sitio onde se formaram as carreiras de pelo menos dois pilotos: José Carlos Pace e Wilson Fittipaldi.
Outra das coisas que o "Peroba" fez foi correr um ano na Formula Ford britânica, em 1969. Não fez feio: pela equipa de Stirling Moss, conseguiu nove vitórias em dezassete corridas. Só não foi campeão nacional porque tinha chegado a meio. Depois voltou ao Brasil e teve duas oportunidades de guiar um Formula 1. Foi buscar um Surtees e participou, aos 36 anos, na edição de 1973 do Grande Prémio do Brasil. No ano anterior, quando a prova era extra-campeonato, alinhou com um March e não fez feio. Quando a corrida acabou, pediu o March 711 emprestado mais uma vez para tentar fazer algo inédito: estabelecer o recorde de volta no Anel Exterior de Interlagos. Pegou no carro, deu o seu melhor e colocou a marca, que até hoje ninguém o bateu.
Andou noutros carros, mais dentro do Brasil. Montou uma equipa, a Hollywood, e provou aquele quer era na altura o mais potente dos carros de então: o Maverick Berta. Um Ford preparado pelo argentino Orestes Berta para a Divisão 3, e no qual se tornou no melhor carro do pelotão no meio dos anos 70, na altura em que nasci. Peroba não gostava muito do carro. Era potente, mas frágil, quebrava frequentemente. Mas quando estava num dia bom, era imbatível.
Pelo que me contam, os últimos anos de "Peroba" Bueno não foram fáceis. Mas ele tinha conseguido juntar uma legião de seguidores e amigos que o ajudaram a dar um final de vida mais digno. E fizeram mais do que tudo para que o seu nome não fosse esquecido no meio, demonstrado há umas semanas com o lançamento da sua biografia. Sabia que estava doente e temia que o seu fim estaria próximo. Tenho pena de não o conhecer melhor, mas estou certo que os seus muitos amigos não o deixarão cair no esquecimento e continuarão a trabalhar no seu legado. As gerações futuras agradecem.
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