Vejo agora - como provavelmente muitos de vocês - as manifestações no centro do Cairo, com apoiantes pró e contra Hosni Mubarak, lutando uns contra os outros, sob o olhar do Exército. Depois de ontem, o velho presidente Mubarak ter dito que aos 82 anos, não se recandidatará a novo mandato, começou-se a tentar uma contra-revolução.
Que Mubarak cedeu forte e feio, lá cedeu. Mas ele quer sair pelo seu próprio pé em vez de ser puxado pelo povo e fugor, como fez o Ben Ali na Tunisia, isso é verdade. Só que essas pessoas perderam um pouco o medo e agora exigem o impossivel. Lembram-se a frase o Maio de 68? Andamos por aí.
Só se pode esperar e torcer para que não acabe num banho de sangue. Mas estou a ver cenas surreais, como os manifestantes pró-Mubarak, que provavelmente são organizados e ordenados por ele, e cenas como cavalos e camelos a correr pela Praça Tahir e a atacarem os jornalistas internacionais.
"São brutamontes do Partido Nacional Democrático [no poder]. Eu estava com outros num muro humano e então apareceu um grupo de gente que começou a empurrar-nos e atirar pedras contra nós", descreveu à Reuters um manifestante anti-Mubarak, com a cabeça ensanguentada dos ferimentos sofridos. Muitos acreditam que são policias disfarçados, que na semana passada andaram a espancer os mesmos manifestantes.
Como isto acabará, não sabemos, porque tudo isto está a acontecer enquanto escrevo estas linhas... é o pandemónio.
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