Não sei se importa falar sobre isto, mas digo na mesma. Bem sei que é "chover no molhado" e que toda a gente já falou sobre as sérias dúvidas sobre a capacidade de correr uma segunda temporada, que é um "cadáver adiado", etc, etc, mas acho que agora que os testes chegaram ao seu final, dar a minha opinião sobre a Hispania não faz mal algum, mesmo que não fuja à regra.
Na passada sexta-feira, no dia da apresentação do novo chassis, disse algures que se o calendário tivesse desenrolado como o previsto, já teria acontecido o campeonato do Mundo, ou seja, estariam nas mesmas condições do que em 2010 em termos de apresentação do novo carro: sem "shakedown" e os pilotos tinham pouco ou nenhum conhecimento do F111. No dia a seguir à apresentação do carro, teria sido o dia da rodagem do novo carro, mas afinal, houve um problema burocrático com algumas peças da suspensão. Não direi que é de bradar os céus, mas ficas a pensar que de onde é que vieram as peças. Suiça? China? Russia? India? Brasil? É que da Alemanha à Espanha, existe uma coisa chamada "espaço Shengen" onde não existem quaisquer barreiras á circulação de pessoas e mercadorias...
Também quero acreditar que na Hispania se tenham aprendido as lições de 2010, especialmente no capítulo de "como não fabricar um carro". Quero acreditar que com os testes que fizeram no inicio da época, tenham experimentado novos componentes no F110 e que estes se encaixem no "novo" carro - deve ser mais um F110 com traseira modificada para caber a caixa de velocidades da Williams - e que comecem a empreender a tarefa quase impossível de superar a Virgin e sair do findo do pelotão.
Sempre acreditei que iriam começar a temporada de 2011, e ali eles vão, a caminho da Austrália, com o indiano Narain Kartikeyan e o italiano Vitantonio Liuzzi como pilotos. Um regressa depois de seis temporadas de ausência, o outro foi despedido da Force India e provavelmente usou o dinheiro da indemnização para continuar a correr. Devem adorar imenso a Formula 1 ou são autênticos viciados em adrenalina para estarem dispostos a correr em verdadeiras "cadeiras elétricas", e ainda por cima trazem dinheiro consigo - pelo menos o indiano - para injetar alguma vivacidade e esperança de não terminar todos os Grandes Prémios nos últimos lugares.
O chato é que o novo chassis vai para a Austrália sem ser testado propriamente, nem para um misero "shakedown". Tal como em 2010, acho que as declarações de Colin Kolles soam a pretenciosismo. Coisas que eu li como esta, dita na sexta-feira passada, são motivo de risota geral: "Penso que o nosso carro é mais rápido do que o do ano passado. De forma significativa. Temos a secção traseira da Williams, um motor Cosworth, um conjunto que nos consegue levar aos dez primeiros e terminar em sexto no campeonato. Não há nada de errado com isso. Temos aerodinâmica renovada, pelo que tudo parece mais promissor. Temos pilotos com maior experiência e tudo deverá ser melhor. No papel, parece melhor, penso".
Diz bem o Kolles: pensa. A realidade costuma ser mais dura.
Acho que toda a gente na equipa torce para que uma construtora seja louca a suficiente para comprar o seu lugar. Se é esse o caso, espero que o preço seja o suficiente para sair dali com o investimento recuperado, no mínimo.
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