Tinham passado cerca de cinco semanas desde a corrida de Interlagos quando a Formula 1 chegou a Imola, palco do GP da San Marino, terceira prova do ano. Algumas equipas como a Arrows, Benetton e Brabham tinham reservado a corrida italiana para mostrar as suas novas máquinas, e numa era em que os bicos estavam a ser levantados, cada uma destas equipas mostrava a sua versão, sendo que o Benetton B191, desenhado por John Barnard, era o mais interessante deles todos e provavelmente iria fazer com que todos seguissem a tendência.
No caso da Arrows, as dificuldades com o motor Porsche continuavam, e para piorar as coisas, Michele Alboreto tinha tido algumas semanas antes a um forte embate na curva Tamburello quando testava com o chassis novo. Felizmente, sobreviveu incólume.
Em termos de pilotos, havia uma alteração: o sueco Stefan Johansson decidiu ir embora da AGS e no seu lugar veio o italiano Fabrizio Barbazza, um estreante nestas lides, na mesma altura em que a marca decidiu pintar o seu carro de vermelho a azul em vez do branco que tinham antes. Mesmo com estas mudanças, o carro de Barbazza foi um dos que não conseguiu passar na qualificação, a par do seu companheiro Gabriele Tarquini e dos Footwork-Arrows de Alex Caffi e Michele Alboreto. Antes, na pré-qualificação, o Dallara de Emmanuele Pirro, o Lambo de Nicola Larini, o Coloni de Pedro Matos Chaves e o Fondmetal de Olivier Grouillard também tinham ficado pelo caminho.
Nos treinos, Ayrton Senna fez de novo a pole-position, mas a diferença para o segundo classificado, o Williams-Renault de Riccardo Patrese, tinha sido de uns meros 0,080 segundos. Uma qualificação mais apertada do que o normal para o piloto brasileiro. Alain Prost era o terceiro, tendo a seu lado o segundo Williams de Nigel Mansell. Na terceira fila estava Gerhard Berger, no segundo McLaren, com Stefano Modena no sexto posto, no seu Tyrrell. A quarta fila tinha o segundo Ferrari de Jean Alesi na frente do primeiro Minardi-Ferrari de Gianni Morbidelli. Pierluigi Martini, no segundo Minardi, e Satoru Nakajima, no segundo Tyrrell, fechavam o "top ten".
O dia da corrida anunciava chuvoso, e assim aconteceu meia hora antes da corrida, com uma chuvada algo forte que ameaçava "acquaplanning" em algumas zonas. Assim sendo, os pilotos começaram a fazer a volta de aquecimento o mais cuidadosamente possivel. Mas quando os carros passavam pela Rivazza, deu-se o desastre: alain Prost perde o controlo do seu carro e vai para a berma, perante os atónitos "tiffosi". Gerhard Berger também comete o mesmo erro, mas continua em frente e consegue manter o motor a trabalhar. Já Prost não tinha essa sorte, pois fizera um pião e deixou o motor calar-se. A sua corrida terminava ainda antes de começar.
Na partida, Senna larga mal e é superado por Patrese, com Modena a saltar para o terceiro posto, aproveitando o buraco deixado antes por Prost. Mas mais atrás, o seu companheiro Mansell tinha problemas devido à caixa de velocidades. Afundara-se no pelotão e para piorar as coisas, sofreu um toque do Brabham de Martin Brundle, que causou um pião na entrada da reta da meta, ficando por ali. Na segunda volta, o Benetton de Nelson Piquet fica pelo caminho na travagem para a Tosa, e depois é a vez de Alesi, que se despista no mesmo local que Piquet quando passava Stefano Modena, na luta pelo terceiro posto.
Nas voltas seguintes, a chuva para e o asfalto começa a secar, fazendo com que Senna se aproximasse de Patrese, mas isso não se devia à melhor performance do brasileiro: o motor Renault estava a falhar, e na nona volta, o italiano vai às boxes. Ainda regressa à corrida, mas pouco mais podia fazer. Em menos de dez voltas, a McLaren via grande parte da concorrência a ser eliminada, e o terceiro era... Modena, no seu Tyrrell.
Por essa altura, o asfalto secava e os pilotos trocavam para pneus slicks. Os Tyrrell andavam atrás dos McLaren, mas em poucas voltas, Nakajima e Modena desistiam com problemas de transmissão nos seus carros, e aos poucos, o pelotão ficava assustadoramente pequeno. O Benetton de Roberto Moreno herdou o terceiro posto e lá permaneceu durante boa parte da corrida, com o Dallara do finlandês J.J. Letho atrás de si. Mas na volta 55, o motor de Moreno falha e perde o terceiro posto a favor do finlandês.
Mas iria haver mais drama no final. O Lambo-Lamborghini do belga Eric Van de Poele conseguira sobreviver à hecatombe e ia a caminho de dar os primeiros pontos à novata equipa quando a sua bomba de combustivel avaria a meio da última volta. Van de Poele era quinto e acabou a corrida na nona posição.
Assim sendo, Senna era o vencedor, acompanhado no pódio por Gerhard Berger e J.J. Letho, no seu primeiro (e unico pódio) da sua carreira. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Minardi de Pierluigi Martini e os Lotus de Mika Hakkinen e Julian Bailey, que tinha largado para a corrida... na última fila da grelha de partida. Seria a unica vez que pontuariam naquele ano e para ambos os pilotos, eram os seus primeiros pontos da sua carreira.
Fontes:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...