Quem anda a seguir o assunto sobre o GP dos Estados Unidos e o circuito de Austin, agora rebatizado "Circuito das Americas", certamente deverá ficar preocupado com esta mais recente noticia. O senado do Texas decidiu esta semana bloquear um fundo de 25 milhões de dólares que serviriam para a construção do circuito nos arredores da cidade americana, dinheiro necessário para que provavelmente a construção do circuito pudesse continuar sem incidentes.
Um dos deputados que votou contra o pacote de ajuda, o senador Dan Patrick, justificou na imprensa local as razões desse veto: "Numa altura em que as pessoas estão nervosas com as suas escolas, empregos e cuidados de saúde, para nós, libertar 25 milhões de dólares para corridas de automóveis poderá fazer as pessoas questionar as nossas prioridades. Esses 25 milhões de dólares pagariam 500 salários de professores. Como podemos explicar que vamos gastar esse dinheiro em corridas?", concluiu.
Razões válidas, é certo, o que nos leva a pensar de novo na validade do modelo eclestoniano de organização. Numa altura em que se discute um novo Acordo de Concórdia e onde todos lutam por uma fatia maior do grande bolo (Ferrari, FIA e o resto da FOTA) e Bernie Ecclestone faz tudo para que não perca a sua posição dominante, mesmo com os problemas que tem por trás, como o caso Gerhard Gribowsky, os problemas de Austin surgem poucos dias depois de rumores sobre as obras do circuito de Deli, na India.
Para além dos atrasos nas obras, que fazem de novo pairar os fantasmas de Yeongnam, na Coreia do Sul, e da própria India, que viu em risco a realização dos Jogos da Commonwealth devido a atrasos nas obras, a corrupção é outro fantasma que paira sobre o circuito indiano. E numa altura em que Ecclestone prestou declarações ao Procurador Geral da Baviera sobre os 50 milhões de euros que deu a Gribowsky em 2003, como forma de "luvas" pela BayernLB ter cuidado dos fundos do Grupo Kirch quando esta abriu falência nesse ano, e que foram descobertos numa conta na Austria após a suspeita falência do banco BayernLB, em 2009, sem que Gribowsky tivesse declarado, ter outras sombras não devem fazer muito bem ao octogenário anãozinho tenebroso.
Apesar de poucos acreditarem que o caso Gribowsky expluda nas mãos de Ecclestone porque ou não fez nada de mal ou apagou muito bem as pistas - temos de pensar nas duas faces da moeda - só o fato de ser nomeado nisto, além das noticias das dificuldades que os organizadores têm para arranjar dinheiro para levar adiante os seus projetos, demonstra bem que esta Formula 1 atual, pelo dinheiro que movimenta, assenta num equilibrio delicado.
E como já vimos o que sessenta milhões de dólares a menos podem provocar, no caso do cancelamento do GP do Bahrein e as tentativas de o recolocar no calendário ainda este ano, pode-se ver até que caso nada mude, em menos de dois anos, as coisas podem tornar-se feias. Ecclestone não caminha para novo... e ele sabe que todos querem o seu quinhão.
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