Há pouco mais de uma semana fui surpreendido com a noticia de que a Maxmen, a mais antiga publicação masculina de Portugal, iria fechar as portas, com efeito imediato, isto é, já nem iria sair neste mês de junho. Assim, os nove elementos que compõem a revista iriam para o desemprego e ao fim de dez anos - surgiu em março de 2001 - a sua aventura chegaria ao fim.
Estamos em crise, isso é certo. O panorama da imprensa nacional é negro, há mais publicações que fecham do que abrem, e ninguém se atreve a gastar o seu rico dinheiro em coisas dessas, pois não é viável. Nem para a imprensa, nem para qualquer negócio. São só os negócios mais ousados, diferentes ou inovadores é que podem ter esperança em resistir a mais de três meses de vida que qualquer pessoa tenha caso se lance em qualquer negócio sem apoios financeiros ou empréstimos no banco. Não há consumo que viabilize isto, os impostos são altos e nesta área, as revistas ou os jornais são os primeiros a pagar com a crise.
A Maxmen não foi a primeira a fechar as portas. Já tiveste a FHM, fechada em 2009 e no pano passado a Playboy, mas essa a história foi diferente, avidamente falada neste blog. Agora as coisas estão reduzidas a três: GQ, Penthouse e Men's Health, embora esta última esteja mais virada para a boa forma. Que claro contraste com as quatro ou cinco revistas que tínhamos em 2008, por exemplo!
Agora que os factos são conhecidos, que balanço se faz a isto? Pode-se dizer que há dez anos, quando a Maxmen chegou, era a tal "pedrada no charco" que as revistas precisavam. Foi um sucesso e foi o mote para que as restantes revistas chegasem a seguir. A GQ, Men's Health, FHM, vieram depois, alguns bem ou mal humorados, mais ou menos "descascados" mas vimos nessa década que passou um conjunto de raparigas, nacionais e estrangeiras, que deram a volta aos adolescentes e jovens adultos (como eu). As mentalidades mudaram e muita coisa aconteceu, houve edições memoráveis.
Quando a Playboy chegou, pensei que era o culminar de tudo. Não direi que era um sonho concretizado - teria sido se tivesse chegado em 2002 e não em 2009 - mas sempre tinha defendido que era tempo dela aparecer por estas bandas. Depois foi o pesadelo que se conhece: desconfianças, acusações de fraude e falta de pagamento à casa-mãe demonstrou que afinal de contas, aquilo era mais uma maneira "madoffiana" de fazer negócio do que propriamente profissionalismo. Enfim, águas passadas.
E agora, o que vai acontecer? Eventualmente mais uns tempos de longo Inverno. Estamos com o FMI por estas bandas, o aperto deve durar três ou cinco anos, senão mais, e voltar a crescer para que se criem empregos e se apostem de novo em projetos editoriais, vai demorar o seu tempo. Até lá, muitos emigrarão ou mudarão de profissão, e talvez não se tenha visto o fundo do poço. Ainda se vai esgravatar um pouco até lá chegar.
Quanto às revistas masculinas... creio que o seu tempo pode ter chegado ao fim. Alguns poderão voltar, novas revistas poderão chegar. Mas isso acontecerá quando as vacas voltarem a engordar, talvez na próxima década.
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