Esta semana surgiram noticias sobre a possibilidade da Formula 1 regressar a França, mais concretamente a Paul Ricard, onde uma comissão governamental chefiada pelo primeiro ministro Francois Fillon estuda a possibilidade do regresso dos franceses ao calendário da categoria máxima do automobilismo, arredados desde 2008. A ideia seria realizar essa corrida em finais de agosto, em alternância com o GP da Belgica, em Spa-Francochamps.
E esta não é uma ideia original. Fala-se disso também para o GP da Alemanha, que este ano acontece no traçado de Nurburgring, pois desde há algum tempo um acordo entre os promotores alemães faz com que se alternem entre Nurburgring e Hockenheim. A ideia seria que a Alemanha alternasse com o GP da Austria, que voltaria ao traçado de Zeltweg, renomado desta vez de Red Bull Ring, pois foi a companhia de Dietrich Mateschitz que pagou as obras de remodelação do traçado que recebeu a Formula 1 em dois periodos: entre 1970-87, e entre 1997 e 2004. Em suma, num possivel calendário 2015-2016, por exemplo, poderia acontecer que nos anos pares, teriamos as corridas da Belgica e na Austria, e nos anos impares, o GP de França e da Alemanha. Assim se poderia salvar algum dinheiro dos bolsos dos promotores locais, pois não iria doer assim tanto como doi agora.
Que a Europa anda mal de finanças, é um fato. Mas também é um fato que Bernie Ecclestone pede a cada ano que passa valores cada vez mais incomportáveis de segurar pelos promotores, onde para além do valor inicial, quer ainda mais 15 por cento a cada ano. Ou seja, em vez de ser um valor fixo durante os cinco anos de contrato, é um valor que no final da sua vigência pode alcançar o dobro do inicial. Logo, é incomportável. É aliás, um teste à paciência de promotores, adeptos e outros agentes, incluindo estados e regiões.
É mais do que sabido que Bernie Ecclestone só lhe interessa o dinheiro, e que mesmo que diga que faz a Formula 1 um negócio lucrativo, metade do dinheiro vai parar aos bolsos da sua firma, desconhecendo-se o que faz com boa parte dessa sua parte. Se só os petrodólares do Golfo Pérsico são capazes de acompanhar as suas exigências, ele não se importa. E aparentemente, está cada vez menos interessado em saber das consequências a médio prazo que é ao desenhar o calendário da Formula 1 para correr em paises nitidamente sem tradição automobilistica, onde as bancadas ficarão inevitavelmente vazias, como em Xangai, ou cheias de milionários ricos que são capazes de pagar milhares de euros, libras ou dólares, como no Bahrein. E isto, todos nós dizemos e falamos, está a matar esta competição.
Logo, o ideal seria de establecer um nivel razoável de dinheiro para que os paises possam receber algo tão importante como a Formula 1. Mas à medida que o ritmo aumenta, a sensação que tenho é que dentro de cinco anos, ou talvez menos, o calendário da Formula 1 seja cada vez menos europeu. E ainda por cima, se nada for feito, nem mesmo a alternância de corridas em paises diferentes o salva. Sim, acham que Dietrich Mateschitz iria pagar, vamos supor, trinta milhões para ter o GP da Austria em anos pares? Ou o governo francês a fazer o mesmo para ver Paul Ricard em anos ímpares?
Francamente, penso que os agentes da Formula 1 que não Ecclestone só irão reagir acerca disto no dia em que a FIA anunciar que parte europeia do calendário da Formula 1 ficará reduzido ao trio Mónaco, Monza e a Silverstone... e estariam lá provavelmente por "obrigação contratual das televisões"...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...