Quinze dias depois do grave acidente de Niki Lauda, no Nurburgring Nordschleife, palco do GP da Alemanha, o mundo inteiro estava com os olhos postos na clinica onde o piloto austriaco ainda estava internado, pois estava em estado critico, chegando até a receber a extrema-unção. Apesar de ter recuperado um pouco, ainda havia muitas dúvidas sobre a sua sobrevivência quando máquinas e pilotos chegaram a um quase desertico Zeltewg para correr o Grande Prémio da Austria.
Havia confusão e polémica no pelotão da Formula 1, especialmente nos lados da Ferrari, que declarou que não iria correr na pista austriaca não só por causa de Lauda, mas também em protesto com a decisão da Comission Sportive International de reverter a desclassificação de James Hunt no GP de Espanha, em abril, e também de validar a decisão dos comissários britânicos de classificar James Hunt após o acidente na primeira volta do GP da Grã-Bretanha, em Brands Hatch. A Ferrari decidira apelar à FIA em relação à corrida britânica, mas tal decisão só iria ser apreciada no mês seguinte, e até lá, decidira fazer este protesto simbólico.
Mas se a Ferrari não estava, havia outras entradas. A Ensign contratara o local Hans Binder para o lugar de Chris Amon, enquanto que a RAM aparecia com o suiço Loris Kessel e a italiana Lella Lombardi, conduzindo ambos os Brabham BT44 adquiridos à fábrica. E ainda apareceram dois pilotos locais decididos a tentar a sua sorte no pelotão da Formula 1. Um chamava-se Karl Oppitzhauser e apresentava-se com um March 761, o outro era Otto Stuppacher, e tinha um Tyrrell 007 nas suas mãos. Contudo, a organização decidiu vetar as suas participações, alegando que não tinham experiência suficiente para correr no pelotão da Formula 1. Oppitzhauser não mais tentou, mas Stuppacher iria voltar mais tarde.
Sem Lauda, Regazzoni e os Ferrari, a pole-position acabou nas mãos de James Hunt, que tinha a seu lado o Penske de John Watson, que conseguia aqui a sua melhor posição de sempre, um ano depois do acidente que tinha matado o seu antecessor, Mark Donohue. Ronnie Peterson era o terceiro, no seu March-Ford, seguido pelo Lotus de Gunnar Nilsson. O francês Jacques Laffite era o quinto no seu Ligier-Matra, seguido do Shadow-Ford de Tom Pryce. Vittorio Brambilla, no segundo March, era o sétimo da grelha, seguido do segundo Shadow de Jean-Pierre Jarier. A fechar o "top ten" estavam o segundo Lotus de Mario Andretti e o Tyrrell de seis rodas conduzido por Jody Scheckter.
O tempo tinha estado algo instável na manhã daquele domingo, mas a pista estava seca na hora da partida. Quando aconteceu, Watson largou melhor que Hunt e ganhou o primeiro posto à entrada da primeira curva. Quem também aproveitou para ficar o mais à frente possivel foi Peterson, que chegou ao segundo lugar. Nilsson era o quarto, com Laffite e Pryce atrás. Algumas voltas depois, Peterson passa Watson e fica com a liderança, mas lá atrás, Scheckter vinha de pedal a fundo e tinha chegado ao segundo posto no final da sétima volta. Três voltas depois, o sul-africano passa Peterson e alcança a liderança.
Mas a luta pela liderança estava ao rubro, pois nenhum dos quatro pilotos que lhe seguiam (Hunt, Watson, Nilsson e Peterson) queria desistir. Na volta 12, Scheckter atrapalha-se com um piloto atrasado e Peterson passa para o comando. Quase logo a seguir, Watson faz o mesmo e Scheckter cai para o terceiro posto. A luta continua e o irlandês passa Peterson na volta seguinte e toma o primeiro lugar. O duelo é a três até à 15ª volta, quando Scheckter sofre uma falha na sua suspensão e despista-se com aparato. O sul-africano nada sofre, mas a sua corrida termina ali.
Mas se Scheckter sai, Nilsson entra na luta, e a batalha torna-se num 'Watson vs Suécia', já que os seus adversários são Peterson e Nilsson. Na volta 19, o piloto da Lotus fica com o comando, enquanto que Peterson cai para o terceiro lugar, ameaçado por Hunt e Laffite. O francês da Ligier conseguiu passar o sueco e foi atrás de Nilsson e Watson. Entretanto, o piloto da Penske ficou com o comando e não mais o largou, com o piloto da Lotus agora a aguentar as investidas de Laffite. Contudo, na volta 45, ele passa Nilsson e fica definitivamente com o segundo lugar.
No final, John Watson cruza a meta no primeiro lugar e dá à equipa americana a sua primeira vitória na Formula 1 e foi emocionante, pois acontecera precisamente no mesmo local onde no ano anterior, Mark Donohue, amigo pessoal de Roger Penske, teve o acidente que o matou. Jacques Laffite foi o segundo, conseguindo o melhor resultado até então pela Ligier, enquanto que Gunnar Nilsson conseguia o lugar mais baixo do pódio. Nos restantes lugares pontuáveis ficava o McLaren de James Hunt, o segundo Lotus de Mario Andretti e o March de Ronnie Peterson.
E com Watson no lugar mais alto do pódio, ele tinha de cumprir a promessa que fizera ao seu patrão: em caso de vitória, iria cortar a sua barba, que o tinha há muito tempo. Dito e feito: nunca mais teve tamanho pêlo facial durante o resto da sua carreira na Formula 1...
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