quinta-feira, 25 de agosto de 2011

GP Memória - Belgica 1991


Quinze dias depois de Hungaroring, a Formula 1 deslocava-se ao circuito belga de Spoa-Francochamps para disputar a décima corrida do Mundial daquele ano. Mas bem antes do pelotão chegar ao mítico circuito das Ardenas, havia agitação no pelotão devido a uma disputa extra-oficial, quando um dos pilotos locais, Bertrand Gachot, tinha sido preso na Grã-Bretanha e sentenciado a quatro anos de prisão devido a uma agressão a um taxista londrino em dezembro do ano anterior. Nessa altura, Gachot usou um frasco de gás pimenta, que era ilegal em terras de sua Majestade. No julgamento subsequente, um juíz assustadoramente rigoroso sentenciou-lhe uma uma pena de prisão quando normalmente deveria se ter safado com uma multa e pena suspensa.

Com Gachot numa cadeia londrina, uma vaga abria-se inesperadamente da equipa Jordan, uma das eesnações daquela temporada. E muitos eram os candidatos, como o sueco Stefan Johansson. Até o finlandês Keke Rosberg pensou sériamente no regresso à Formula 1, mas no final, a Mercedes ofereceu a Eddie Jordan entre 300 mil e meio milhão de dólares (os valores diferem) para que um dos seus pilotos da esquadra jovem da Mercedes de Sport-Protótipos pudesse estrear na categoria máxima do automobilismo. O seu nome era Michael Schumacher, e alegava já ter experiência de corrida no circuito belga nos seus tempos da Formula 3 alemã. Na realidade, o jovem piloto de 22 anos, e que morava ali perto, na cidade alemã de Kerpen, tinha dado apenas três voltas ao circuito em toda a sua carreira... e todos de bicicleta.

Mas Schumacher e Willi Webber, o seu manager, esconderam essa informação a Eddie Jordan, para que ele pudesse aproveitar a sua oportunidade na categoria máxima do automobilismo, e desde o momento em que sentou no carro e acelerou, tinha colocado toda a gente espantada pela sua extrema facilidade que tinha em se adaptar ao circuito, ao carro e ao ambiente à sua volta. Para além disso, conseguiu superar à primeira o seu muto mais experiente companheiro de equipa, o italiano Andrea de Cesaris.

No final das duas sessões de qualificação, Ayrton Senna foi de novo o melhor, com o Ferrari de Alain Prost a seu lado. Na segunda fila tinha o Williams-Renault de Nigel Mansell, com o segundo McLaren de Gerhard Berger logo atrás, enquanto que na terceira fila estavam o segundo Ferrari de Jean Alesi e o Benetton de Nelson Piquet. O sétimo posto era ocupado pelo estreante Michael Schumacher, no seu Jordan, batendo o segundo Benetton de Roberto Moreno. E a fechar o "top ten" estavam o Minardi de Pierluigi Martini e o Tyrrell de Stefano Modena.

Não qualificados ficaram os Lamborghini de Nicola Larini e Eric van de Poele, por causa do seu acidente na sessão de sexta-feira, o Larrousse de Aguri Suzuki e o Arrows de Alex Caffi.

Todos estavam de olho em Senna, Prost, Mansell e no jovem alemão quando a partida foi dada. O brasileiro saiu-se bem, com Prost logo atrás, enquanto que Schumacher conseguia manter a sua posição até Les Combes, quando... a sua embraeagem cedeu. Foi apenas meia volta, mas o paddock ficara impressionado com ele. Na segunda volta, Mansell conseguiu passar Prost, mas o francês não passaria dali, pois pouco depois o seu motor explodiu. O britânico aproximou-se do McLaren, mas Senna conseguiu segurar o "brutânico" tempo suficiente até à primeira série de paragens nas boxes, a partir da volta 15. Contudo, a troca de pneus foi medíocre e quando foi a vez de Mansell, na volta 17, o britânico passou á frente do brasileiro no seu regresso à pista.

Mas ele não era o líder. Nesse lugar estava o Benetton de Nelson Piquet, mas ele parou na volta 18, e assim o McLaren de Berger assumia o comando, com Mansell a aproximar-se com pneus novos. O britânico passou-o e Berger foi para as boxes, mas na saída despistou-se devido à frieza dos pneus e perdeu tempo, quando causando um acidente, pois tudo isso aconteceu na frente do Tyrrell de Stefano Modena.

Mansell queria aproveitar esta ocasião para ficar o mais longe possivel da concorrência, mas na volta 22, o sistema eletrónico do seu Williams-Renault sofre uma pane e para no meio da pista, vendo as suas hipóteses de vencer e assim diminuir a diferença para Senna serem severamente postas em causa. Agora, o lider era Alesi, mas Senna aproximava-se depressa do piloto francês. Parecia que o ia ultrapassar, mas a partir da volta 28, começou a debater-se com problemas na sua caixa de velocidades, que fez com que um grupo de três pilotos se aproximasse do piloto da McLaren: o seu compatriota Piquet, o Williams de Riccardo Patrese - que tinha partido do 17º posto da grelha - e o Jordan de Andrea de Cesaris.

A batalha transformou-se numa luta pela liderança na volta 31 quando o motor do Ferrari de Alesi explodiu, e aqui as coisas aqueceram-se, especialmente quando logo a seguir, De Cesaris passou Piquet para o segundo lugar e começou a atacar a liderança de Senna! Atrás, Piquet perdia posições para Patrese e Berger, mas a partir da volta 33, o italiano da Williams perdia tempo também com problemas na caixa de velocidades e perdia o terceiro lugar a favor de Berger.

Nas voltas finais, parecia que Andrea de Cesaris tinha hipóteses de alcançar uma vitória inédita para ele e para a Jordan, dado que Senna tinha problemas. Mas na volta 41, o seu motor Cosworth explode e com ela as suas hipóteses de um pódio. Berger herda essa posição e aproxima-se de Senna, resguardando-se até à meta, onde o brasileiro vencia pela sexta vez nessa temporada. Berger era o segundo e Piquet completava o pódio, que seria o último da sua longa carreira. Nos restantes lugares pontuáveis ficavam o segundo Benetton de Roberto Moreno (que conseguiria a unica volta mais rápida da sua carreira) o Williams de Riccardo Patrese e o Brabham de Mark Blundell, que conseguia aqui o seu primeiro ponto da sua carreira.

Fontes:

2 comentários:

  1. Essa foi a grande prova de Andrea de Cesaris no ano de estreia da equipe Jordan na Fórmula 1. Não fosse o motor quebrado...


    Notas:

    - última vez que Roberto Moreno pontuou na Fórmula 1 e além de ser a última prova dele na Benetton;
    - pela primeira vez que uma equipe equipada com o motor Yamaha pontuou na Fórmula 1 e
    - a Brabham pontuou pela primeira vez na temporada de 1991 (a última vez foi no GP dos Estados Unidos de 1990, em Phoenix, com o 5º lugar de Stefano Modena).

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  2. O Senna não tinha equipamento pra vencer essa corrida, mas mereceu a sorte das quebras de Ferrari e Williams

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...