Sete dias depois do Estoril, a caravana da Formula 1 rumava para Barcelona, onde iria estrear um novo circuito construido nos arredores da cidade, mais precisamente em Montemeló. Vagamente parecido com o circuito anterior, era moderno e espaçoso, mas algo aborrecido para alguns pilotos. Contudo, em termos gerais, os pilotos aprovaram o circuito e o público acorreu em maior quantidade do que em Jerez.
Na pré-qualificação, sem o Coloni, os Brabham de Martin Brundle e Mark Blundell conseguiram passar facilmente para a fase seguinte, bem como o Footwork de Michele Alboreto e o Fondmetal de Tarquini. Para além de Alex Caffi, no segundo Footwork, os AGS de Grouillard e Fabrizio Barbazza não conseguiram levar a melhor. E após essa pré-qualificação, a AGS decidiu abdicar de ir às corridas no Japão e da Austrália, retirando-se de vez da Formula 1.
Na caravana da Formula 1, sete dias foram mais do que suficientes para haver mudanças profundas no pelotão de trás. Pedro Matos Chaves saía da Coloni, cansado de ir para lado algum, e ninguém pegava no carro naquela corrida. Na Fondmetal, Olivier Grouillard fora despedido e houve uma troca com a AGS, onde foi para o lugar de Gabriele Tarquini. O piloto italiano mudou-se de armas e bagagens para lá e ficou tudo bem resolvido. Na Jordan, o brasileiro Roberto Moreno é substituido pelo jovem italiano Alessandro Zanardi, um promissor piloto vindo da Formula 3000. Por fim, na Lotus, Johnny Herbert ia correr no Japão e era substituido por Michael Bartels.
Na qualificação própriamente dita, houve uma surpresa na pole-position, já que foi Gerhard Berger a ser o melhor, batendo Nigel Mansell por 219 centésimos de segundo. Ayrton Senna era o terceiro, na frente de Riccardo Patrese, o vencedor do Estoril, uma semana antes. O jovem Michael Schumacher era outra surpresa ao conseguir o quinto tempo com o seu Benetton-Ford, na frente dos Ferrari de Alain Prost e Jean Alesi. Ivan Capelli era o oitavo, no seu Leyton House-Judd, e o "top ten" fechava com o Dallara de Emmanuelle Pirro e o segundo Benetton de Nelson Piquet.
Dos 30 presentes e 26 qualificados, houve quatro que tiveram o azar de ir assistir à corrida do camarote: o Lola de Aguri Suzuki, o Lotus de Michael Bartels e os Lamborghini de Nicola Larini e Eric van de Poele.
O dia começou com chuva, mas esta tinha parado na hora anterior à largada. Contudo, as baixas temperaturas que se faziam sentir na altura impediam a rápida secagem do asfalto e os pilotos começariam a corrida com pneus com rasgos. Quando a corrida começa, Berger mantêm a primeira posição, mas Mansell parte mal e quem aproveita a situação é Senna, que salta para segundo. Schumacher é quarto, mas a meio da primeira volta, passa Mansell e é terceiro. As posições mantêm-se após o final da primeira passagem pela meta, com Schumacher a ameaçar passar Senna, dado que os seus pneus Pirelli funcionam bem naquelas condições.
No inicio da segunda volta, os italianos Capelli e Pirro tocam-se, causando confusão. O piloto da Leyton House abandona, enquanto que o da Dallara atrasa-se bastante e vai às boxes para reprarar os estragos. Entretanto, Mansell chega-se a Schumacher e tenta passá-lo, mas só consegue nos "Esses", passando por fora. Depois disso começa a atacar o segundo lugar de Senna, numa altura em que os pilotos começam a trocar de pneus para seco, com Prost a ser o primeiro.
Mansell fica colado do brasileiro da McLaren até ao inicio da quarta volta quando o passa em plena reta da meta. Os dois ficam lado a lado durante todo o comprimento dela, apenas cedendo na travagem, a favor do britânico. Depois disso, Mansell distanciou-se, enquanto que outros pilotos começavam a ir para as boxes, como Schumacher. Depois foi Berger às boxes, com uma péssima passagem - dezasseis segundos - entregando a liderança a Mansell.
Pouco depois, ambos foram ás boxes, com Senna saiu-se melhor do que Mansell e a ficar com a liderança, mesmo com berger logo atrás. Na volta 12, Senna acena a Berger para o passar e o austriaco volta para o comando da corrida. Atrás, Mansell tentava aproximar-se de Senna, enquanto que Schumacher passava Prost e era quarto, tentando aproximar-se de Mansell e Senna. Pouco depois, uma fina camada de chuva caia sobre a pista, e alguns dos pilotos começavam a ter dificuldades em se segurar com os pneus slicks. E Senna iria sentir isso da pior forma quando perdeu o controle do seu carro e fez um pião no inicio da reta da meta. Conseguiu controlar o carro e voltou à pista no sexto lugar.
Duas voltas depois, Mansell consegue passar Berger e ficar com a liderança, e pouco depois, Schumacher tentava fazer o mesmo e despista-se, perdendo algumas posições. Mais atrás, Senna estava a ser pressionado por Alesi pelo quinto posto, mas este pouco depois teve de cumprir uma penalização de dez segundos por falsa partida. Entretanto, Senna debatia-se com Patrese pelo quarto posto, e pouco depois acabou por ceder.
Na volta 33, Berger desiste com problemas eletrónicos no seu McLaren, deixando Mansell cada vez mais líder, e com Prost no segundo lugar e Senna no terceiro lugar, com Patrese a ameaçá-lo. Pouco depois, o italiano passa-o, e Senna ainda se iria arrastar por mais umas voltas, até que Alesi o passasse, ficando com o quarto posto. Depois disso, a corrida fica mais ou menos arrumada até ao final da corrida.
No final, Mansell atravessava a meta como vencedor de uma corrida mais ou menos controlada, conseguindo recuperar alguns pontos. Prost ficava em segundo no seu Ferrari e Patrese em terceiro. E nos restantes lugares pontuáveis estavam o segundo Ferrari de Jean Alesi, o McLaren de Ayrton Senna e o Benetton de Michael Schumacher.
Fontes:
O italiano Alessandro Zanardi era o quarto piloto a conduzir o Jordan número 32. Na época (1991), o bolonhês disputava a Fórmula 3000 Internacional (extinta e desde 2005 passou a ser chamada de GP2 Series) prova a prova com o brasileiro Christian Fittipaldi.
ResponderEliminarNigel Mansell conseguiu seu principal objetivo que era vencer (10 pontos) na nova pista da Espanha (Catalunya) e com o 5º lugar (2 pontos) de Ayrton Senna. No campeonato a disputa ainda não se encerrava. O brasileiro continuava liderando, agora com 16 pontos de diferença para o inglês. Não fosse o problema no pit da corrida anterior (Estoril, Portugal), Mansell estaria menos de 5 pontos do brasileiro do capacete amarelo (isso se contando com o 2º lugar de Riccardo Patrese (seu companheiro de equipe) e 3º do McLaren número 1).
- Notas:
- a Williams reassumia a liderança no Mundial de Construtores com 1 ponto de vantagem sobre a McLaren e
- o brasileiro Maurício Gugelmin com o Leyton House-Ilmor concluiu mais uma corrida em 7º lugar (não pontuou e seu melhor resultado pela terceira e última vez na temporada de 1991).