segunda-feira, 12 de setembro de 2011

GP Memória - Itália 1976

Duas semanas depois de Zandvoort, o pelotão da Formula 1 chegava a Monza, o habitual palco do GP de Itália. E lá, numa temporada marcada pelo dominio dos Ferrari, da luta com James Hunt e pelos eventos de Nurburgring, seis semanas antes, todos estavam espantados com o anuncio que a marca de Maranello tinha feito nessa semana: Niki Lauda iria voltar a um carro de Formula 1, precisamente quarenta dias depois do seu acidente quase fatal no enorme circuito alemão.

Ainda a sarar as suas feridas na cara e orelhas, Lauda iria para o seu carro, numa equipa que nessa corrida iria alinhar com três bólidos. Isto porque, desconhecendo quando é que o piloto voltaria ao seu cockpit, tinha contratado o argentino Carlos Reutemann como substituto. Este teve de pagar à Brabham para que o libertasse do seu contrato e ele o fez de bom grado, pois detestava guiar com os motores Alfa Romeo, demasiado grandes e gulosos para o seu gosto.

E por estes dias, a Ferrari tinha recebido outra boa noticia: a FIA tinha ouvido as reclamações da Ferrari referentes ao GP da Grã-Bretanha, onde reclamaram de que a McLaren e James Hunt tinham feito reparações ilegais do seu carro na primeira partida dessa corrida, e como resultado, retiraram a vitória a Hunt e a atribuiram a Lauda. Assim, a diferença era agora de 14 pontos e esperava-se que poderia aguentar essa distância até ao final da temporada e vencer o campeonato.

Na Brabham, para o lugar de Reutemann, Bernie Ecclestone foi buscar de novo o alemão Rolf Stommelen, que tinha corrido com eles na Alemanha. Na Hesketh, Guy Edwards estava de volta, sarado da sua lesão no pulso, e havia a inscrição de um Tyrrell privado, tripulado pelo austriaco Otto Stupacher, que um mês antes tinha tentado a façanha no GP austriaco, mas que os organizadores não o deixaram correr por acharem demasiado inexperiente.

No paddock já se definiam lugares para 1977. Carlos Reutemann tinha antecipado a sua ida para Maranello, enquanto que Jody Scheckter anunciara que iria trocar a Tyrrell pela Wolf, algo que deixara muita gente preplexa, pois a equipa pertencia nessa altura do final do pelotão. Mas Walter Wolf tinha planos em grande e esperava que 1977 fosse uma temporada totalmente diferente.

A qualificação foi atribulada. Chovera na sexta-feira e a sessão de sábado seria com o tempo a seco. E era impotante marcar tempo porque estavam inscritos 29 carros e os organizadores apenas iriam deixar entrar 26 carros na grelha de partida. No final dessas duas sessões de qualificação, Jacques Laffite tinha conseguido uma inesperada pole-position, a sua primeira e a primeira de sempre da novata Ligier. Ao seu lado estava o Tyrrell de Jody Scheckter, enquanto que na segunda linha estavam o Brabham-Alfa Romeo de José Carlos Pace e o segundo Tyrrell de Patrick Depailler. Niki Lauda, ainda em recuperação e a sangrar das suas feridas logo no primeiro dia de treinos, era o quinto na grelha, tendo a seu lado o March de Hans-Joachim Stuck. Carlos Reutemann era o sétimo, seguido pelo March de Ronnie Peterson, e a fechar o "top ten" estavam o terceiro Ferrari de Clay Regazzoni e o Ensign de Jacky Ickx.

E no final da sessão de sábado, os comissários de pista descobrem que os McLaren de Jochen Mass e James Hunt, bem como o Penske de John Watson, tinham corrido com gasolina com mais de 101 octanas, que era ilegal. Os seus tempos foram anulados e criaram desde logo "frisson" porque corriam o risco de não se qualificarem para essa corrida, dado que os tempos de sexta-feira tinham sido feitos em piso molhado. Desesperados, McLaren e Penske tentaram convencer três pilotos para que retirassem os seus carros antes da corrida e lá conseguiram: Guy Edwards fez isso, enquanto que os Wolf-Williams de Arturo Merzário e o Tyrrell privado de Otto Stupacher já tinham abandonado a pista de Monza, convencidos que não tinham conseguido se qualificar.

A partida começa com Laffite a chegar-se para a frente, mas Scheckter passa-o na chicane. Pace é terceiro, mas perde esse lugar na segunda chicane a favor de Depailler. Atrás, Lauda cai para 12º, enquanto que os McLaren começam a fazer uma corrida para recuperar os lugares perdidos. Nas voltas seguintes, Depailler e Peterson apanham e passam Laffite, ficando os carros de seis rodas de Ken Tyrrell com os dois primeiros lugares. Depois de Peterson e Laffite vinham os Ferrari de Regazzoni e Reutemann, que não tinham feito partidas maravilhosas, mas vinham em recuperação.

Peterson começou depois a passar os Tyrrell, primeiro Depailler e depois na volta dez foi Sheckter, ficando com a liderança. Enquanto que o sueco tentava afastar-se dos Tyrrell, James Hunt saia de pista na volta doze, vitima de despiste, na segunda chicane. A sua tentativa de chegar aos lugares da frente o mais depressa possivel tinha acabado em desastre. Nas voltas seguintes, Scheckter começou a ter problemas em manter o ritmo do resto do pelotão e começou a perder posições, primeiro para Depailler (volta 14) e depois Regazzoni (volta 23). Com o tempo juntou-se um pequeno grupo quie lutava pelo terceiro posto, com o Ligier de Laffite e o Ferrari de Lauda.

Na volta 46, um pequeno golpe de teatro quando o motor cosworth do Tyrrell de Depailler deixa de funcionar e começa a cair posições, dando o segundo lugar para Regazzoni e o terceiro para Laffite. Pouco depois, Scheckter perde a batalha pelo terceiro posto e é o piloto francês que fica com ela.

E na frente, Ronnie Peterson conseguia uma inesperada, mas merecida vitória em Monza, a sua terceira nessa pista, depois de ter quase vencido em 1971, e de ter vencido em 1973 e 74, pela Lotus. Acompanhado no pódio por Clay Regazzoni e por Jacques Laffite, viuNiki Lauda a ficar com o quarto lugar e a conseguir três pontos, afastando-se um pouco de James Hunt na luta pelo título. E nos restantes lugares pontuáveis ficavam os Tyrrell de Scheckter e Depailler.

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