segunda-feira, 3 de outubro de 2011

GP Memória - Estados Unidos 1971

Watkins Glen era oficialmente a paragem final da temporada de 1971, embora depois a Formula 1 tivesse de participar dali a quinze dias numa corrida de consagração ao campeão do mundo, Jackie Stewart, no circuito britânico de Brands Hatch. Mas se em termos de campeonato tudo estava resolvido e todos andavam ali para cumprir calendário, havia também outros motivos para correr ali. Não só era por causa dos prémios - naquele ano, havia 267 mil dólares em jogo, cinquenta mil só para o vencedor - também Watkins Glen iria inaugurar um novo traçado, passando o circuito dos então 3701 metros para os 5435 metros, reduzindo as voltas para 59.


De Mosport a Watkins Glen, a lista de inscritos tinha sido enormemente alargada - estavam 29 carros inscritos, e todos iriam correr! A Tyrrell, campeã do mundo, inscreveu um terceiro parro para o local Peter Revson, que fazia um regresso à categoria máxima do automobilismo depois de seis anos de ausência. Na Surtees, John Surtees, o patrão, decidiu inscrever um terceiro carro para o holandês Gijs van Lennep. Mas o holandês fica indisponivel durante o final de semana e o carro é guiado por outro corredor local, Sam Posey. Na BRM, o canadiano George Eaton é substituido por outro canadiano, John Cannon, que tal como Posey, faria a sua estreia na Formula 1.

Dois outros pilotos estavam também inscritos nesta corrida, os americanos Mario Andretti de Mark Donohue. Contudo, tiveram de abdicar de participar nessa corrida porque a USAC se lembrou de remarcar uma corrida em Trenton, que tinha sido adiada devido à chuva... para o mesmo dia do Grande Prémio. Assim sendo, a Ferrari decidiu correr com apenas dois carros e para o lugar de Donohue foi o britânico David Hobbs.

O fim de semana do Grande Prémio tinha sido marcado pelo imenso calor, demasiado para uma Nova Iorque no inicio de outono - 40ºC ao longo do fim de semana! - o que fazia degradar os pneus em poucas voltas no asfalto abrasado do circuito. Mas mesmo com o calor e os pneus demasiado frágeis, Jackie Stewart conseguiu marcar a pole-position no circuito, tendo a seu lado o vencedor do ano anterior, o Lotus de Emerson Fittipaldi. Dennis Hulme, no seu McLaren, era o terceiro, seguido pelo Ferrari de Clay Regazzoni. A terceira fila era constituida pelo segundo Tyrrell de Francois Cevért e pelo BRM de Jo Siffert. Jacky Ickx, no segundo Ferrari, era o sétimo, seguido do Matra de Chris Amon. A fechar o "top ten" estavam o segundo Lotus de Reine Wisell e o segundo Matra de Jean-Pierre Beltoise.

No dia da partida, o autódromo estava cheio - cerca de cem mil pessoas - mas não iriam ver nem Andretti, nem Donohue, pois o tempo estava seco. Quando foi dada a largada, Hulme pulou para a frente, seguido de Stewart e Cevért, mas no final da primeira volta, Stewart já tinha passado o piloto neozelandês. Nas voltas seguintes, o escocês já tinha aberto uma vantagem considerável sobre o McLaren, que servia de tampão a um largo grupo, liderado por Cevért, seguido por Ragazzoni, Siffert, Ickx, Amon e Fittipaldi.

Na volta dez, Cevért por fim se tinha libertado de Hulme, mas tentava agora aumentar o ritmo para acompanhar o escocês, mas não teve de se esforçar muito: os pneus de Stewart começavam a ficar desgastados. Quatro voltas depois, quando viu que tinha Cevért logo atrás de si e via que estava a empatá-lo, pediu para que o passasse, e assim o fez. Com o francês a comandar, abriu uma vantagem maior sobre Stewart, que agora estava a aguentar todo um pelotão atrás de si, liderado pelo Ferrari do belga Ickx, que o iria passar na volta 17.

O belga tentou então apanhar Cevért, que a partir da meia corrida começou a sofrer do mesmo tipo de desgaste dos pneus que tinha Stewart, e o belga aproximou-se imenso dele. Mas na volta 49, quando já via Cevért no seu campo de visão, o seu alternador explodiu e fez um furo no seu Ferrari, deixando uma rasto de óleo e o obrigando a abandonar.

E esse rasto de óleo iria ter consequências nas voltas seguintes. Primeiro, foi Hulme que escorregou e bateu nos rails de proteção, danificando a suspensão dianteira, e depois foi o líder Cevért, que indo mais lento, conseguiu reagir melhor e deu apenas um toque nos guard-rails, sem danificar o seu carro e podendo prosseguir a corrida até à bandeira de xadrez.

Quando isso aconteceu, na volta 59, Cevért comemorava a sua primeira vitória de sempre - viria depois a ser a sua unica da carreira - e a primeira de um francês desde Maurice Trintignant, no GP do Mónaco de 1958. O francês recebia no pódio a taça de vencedor e os 50 mil dólares de prémio, com Jo Siffert e Ronnie Peterson a acompanhá-lo, com o suiço a conseguir segurar o segundo lugar por pouco mais de quatro segundos, pois o seu BRM demasiado guloso o tinha deixado ficar quase sem gasolina... Nos restantes lugares pontuáveis ficariam o BRM de Hownden Ganley, o Tyrrell de Jackie Stewart e o Ferrari de Clay Regazzoni.

Depois da cerimónia do pódio, falou para a imprensa, onde disse o que vinha na sua alma: "Estou feliz com os 50 mil dólares de prémio. Segui Stewart no inicio da corrida e quando teve problemas, acenou para que o ultrapassasse e tomasse conta da liderança. Ele é um piloto muito sensível e um excelente professor." E após as vitórias de Jochen Rindt e Emerson Fittipaldi, pela terceira vez consecutiva, um piloto estreava-se a vencer na Formula 1 na pista americana.

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