Talvez vejamos isto só em dezembro, mas acho estranho - ou se calhar nem tanto - que um calendário como o de 2012 seja tão discutido e se coloque tantas dúvidas sobre a realização de alguns eventos. Os acontecimentos das últimas semanas fazem com que haja um foco de tensão entre Bernie Ecclestone, o homem que desenha os calendários desde meados dos anos 70, e a FOTA, a entidade que representa as equipas, com a FIA a observar tudo de cadeirão, provavelmente com Jean Todt a aguardar, qual abutre, para saber se Ecclestone caia como presa.
Primeiro que tudo: as dúvidas existentes sobre o GP da Coreia do Sul. Dois anos depois, os organizadores do autódromo de Mopko, no centro do pais, continuam a viver o seu pesadelo pessoal. Primeiro, o imbroglio com o agricultores locais, que fez com que o autódromo ficasse encerrado por quase um ano, e depois os prejuízos que os organizadores tiveram este anos, onde apesar dos preços terem descido cerca de 30 por cento, não conseguiram encher o circuito. Para não falar de que ainda não existem hotéis suficientes para acolher tanta gente e os motéis serem o local de dormida de muita gente...
Eles já disseram que querem renegociar o contrato, mas Ecclestone está irredutível e já disse que era "pegar ou largar". E provavelmente é isso que os coreanos poderão fazer em 2012, abdicando do direito de organizar a corrida por aquelas bandas. Os rumores existem, e cada vez são crescentes. E se pensam que é caso unico na Ásia, enganam-se: os promotores do GP do Japão, em Suzuka, já disseram que irão pedir a Ecclestone para que baixe as suas exigências a partir de 2013, se querem ter a corrida no calendário. E a mesma coisa está a pedir o governo de Singapura, cujo contrato acabará em 2012. Por enquanto, dizem que não tem pressa em negociar com a FOM e com Ecclestone.
Claro, tudo isto está a colocar nervosas as equipas. Não só por causa destes casos cada vez mais frequentes, mas por outras exigências do octogenário Bernie. E o Bahrein é um deles. Depois da agitação social no pequeno emirado que impediu que se fosse realizada a corrida na edição de 2011, Ecclestone volta à carga e quer de volta em 2012, pois a familia real pagou bem para ter no calendário e ter a Formula 1 por aquelas bandas dará ao mundo a sensação de "normalidade", algo que não existe. A FOTA não quer voltar e parece ter vontade de fazer "finca-pé" nesse assunto, perferindo o regresso da Turquia ao calendário. No calendário provisório, a corrida barenita será em abril.
E em novembro, estreará mais um tilkódromo, o de Austin, nos Estados Unidos. Em principio seria assim, mas... nas últimas semanas surgiram da imprensa local várias noticias a falar sobre os atrasos nas obras e os problemas burocráticos que Tavo Helmund, um ex-associado de Bernie Ecclestone, está a ter. Aparentemente, o "lobby" da IndyCar e da NASCAR andou a convencer os seus amigos politicos no Texas para atrasarem o mais que podem na aprovação das verbas para a construção do autódromo texano se atrase o mais possivel para que este não esteja pronto dentro de um ano, quando receber a Formula 1. Não sei até que ponto estas noticias tem um fundo de verdade, mas é sabido que as obras do autódromo texano estiveram paradas durante mais de um mês, embora a justificação de Helmund deu era que algumas das obras previstas ficaram acabadas antes do tempo.
As noticias sobre o caso americano significam que arriscamos a ter pelo terceiro ano consecutivo uma catadupa de noticias sobre atrasos na conclusão das obras de determinado circuito. E acho que, depois da Coreia do Sul e da India, começa a ser cansativo ouvir este tipo de noticias e as dúvidas existentes sobre a quantidade de circuitos que parecem ser incapazes de pagar as exigências cada vez mais apertardas de Bernie Ecclestone. Assim sendo, fica a pergunta: quando teremos um calendário definitivo da Formula 1 em 2012? Suspeito que não tão cedo...
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