Já se sabia que Interlagos iria ser o final de festa. Sabia-se que toda a gente queria ver a corrida pela corrida, e esperar que os Red Bull tivessem um dia mau. E até iriam aplaudir Nelson Piquet, que em homenagem ao 30º aniversário do seu primeiro título mundial, no seu Brabham BT49, decidiu ser igual a si mesmo ao exibir-se com a bandeira... do Vasco da Gama, clube do Rio de Janeiro. Claro, a torcida apupou o gesto do Nelsão, mas o último a rir foi ele, porque faz parte da sua natureza.
Num sol de São Paulo - contrariando as previsões dos meteorologistas - toda a gente se preparou para a última corrida de 2011. E quando se viu que iria ser mais do mesmo, foi uma espécie de sentença da temporada que acabou, com uma excepção: trocaram a ordem das coisas, com Mark Webber a ganhar a Sebastian Vettel.
Se foi de propósito ou não? Não sei, e francamente não me interessou muito. Sou daqueles que vê as corridas tal qual eles são. Gosto mais de sentir a corrida por si do que torcer por "x" ou "y", apesar da minha enorme simpatia por Sebastian Vettel e pelos Red Bull. Mas mesmo assim, sou o primeiro a dizer que a corrida foi modorrenta. As unicas coisas qual valeram a pena ver foi a luta entre Fernando Alonso e Jenson Button pelo terceiro lugar - e pelo vice-campeonato - e o abandono de Lewis Hamilton devido a problemas de caixa de velocidades.
E mesmo nesses instantes de emoção - primeiro a ultrapassagem de alonso ao britânico - foram algo "adulterados" quando se soube que Button teve de manobrar para evitar detritos na pista. Depois, o britânico veio à carga e apanhou o espanhol, apeando-o do pódio e tentando apanhar Vettel, sem grande sucesso, diga-se.
Atrás dessa gente, Felipe Massa também teve uma tarde tranquila, sem tirar nem pôr. Foi engraçado ver também Adrian Sutil a ultrapassar Nico Rosberg e a conseguir o sexto posto para a Force India, a terceira vez que o alcançaram esta temporada, e a segunda pelas mãos de Sutil. E foi chato ver que Michael Schumacher a atrasar-se por causa de um choque com Bruno Senna, pois acho que o brasileiro bem poderia ter conseguido pontuar mais uma vez por aqui.
Fora dos pontos também ficou Rubens Barrichello, num 14ª lugar, a simbolizar a temporada que teve na Williams, a pior da equipa desde 1977. O fato de as câmaras de televisão se terem dedicado algum tempo a mostrar o veterano piloto de 39 anos pode ser indicativo do enorme respeito que existe sobre ele. E também pelo o fato de mais de metade do Brasil automobilistico suspirar e desejar pela sua retirada de competição.
E depois da bandeira de xadrez, todos comemoraram no pódio a temporada que fizeram. De baixo, Christian Horner e Helmut Marko observam, maravilhados, mais uma dobradinha da marca, demonstrativa da temporada que tiveram: uma de dominio, tal como aconteceu à Alfa Romeo em 1950-51, à Ferrari em 1952-53, à Mercedes em 1954-55, à Cooper em 1959-60, à Ferrari em 1961, à Tyrrell em 1971, à Lotus em 1978, à McLaren em 1988-89, à Williams em 1992-93 e à Ferrari em 2002 e 2004. A Formula 1 sempre teve temporadas de dominio absoluto de uma marca, em relação a temporadas onde o equilibrio foi dominante e as corridas foram decididas à última. Quer queiramos, quer não, fazem parte do automobilismo e não as podemos esconder.
Mas por agora, a temporada de 2011 desce pela última vez a sua cortina. 2012 está à porta, mas há muitos engenheiros aerodinâmicos que desde há muito vivem-na, com os desenhos dos carros para a próxima temporada, do qual iremos ver dentro de mês e meio, em finais de janeiro. Nem toda a gente vai hoje de férias...
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