Comecemos esta crónica pelo final: se à partida era previsivel que Sebastian Vettel chegasse e conseguisse fazer a sua 15ª pole-position do ano, batendo o "recorde" de "poles" numa só temporada, que pertencia a Nigel Mansell, a maneira como o fez mostrou duas coisas: primeiro, o alemão não brinca em serviço. E segundo, ele não é um piloto "normal", nas sim um grande piloto a bordo de um carro excepcional. Um dos quatro excelentes pilotos que a Formula 1 tem neste momento, a par da dupla da McLaren e de Fernando Alonso, no seu Ferrari.
E o melhor exemplo dessa excepcionalidade é que ele, que já tinha a pole-position, ainda teve tempo, engenho e concentração o suficiente para fazer um tempo de 1.11,918 segundos, o unico que baixou do segundo doze e praticamente colocou a concorrência em sentido.
Dito isto, vamos ao que interessa: como foi esta qualificação. Antes de tudo começar, o boletim meteorológico previa que poderia haver forte chuva na zona de Interlagos à hora da qualificação, logo, as possibilidades de haver surpresas estavam bem altas, e a ideia de haver algo que fugisse ao eixo Vettel-Red Bull era bem vindo, mesmo para uma temporada onde tudo ficou decidido há muito tempo e eventos como o GP do Brasil só serviriam para fazer cumprir o calendário. Apesar dessas ameaças de chuva, outros lembravam-se das palavras de Lewis Hamilton, que na véspera afirmara que a Red Bull poderia fazer muito melhor do que tinham feito até ali. Esconder o jogo para a altura a valer era uma tática que eles já tinham feito antes e bem poderiam fazer esta tarde. E como Hamilton teria razão...
A Q1 começou em pista seca e os suspeitos do costume ficaram pelo caminho. Mas havia dois factos dignos de nota. O primeiro, que a Hispania conseguiu meter os seus dois carros na frente dos Virgin-que-em-breve-serão-Marussia, e que o piloto no qual lhe saiu a "fava" foi o venezuelano Pastor Maldonado, numa Williams que parece regredir em vez de avançar nesta temporada de 2011. Espera-se que isto tenha sido o final de um longo pesadelo e que em 2012, com os motores Renault, as coisas se modifiquem.
Na Q2, as coisas andaram um pouco mais equilibradas, e é provavelmente o lugar onde acontecem mais surpresas por metro quadrado. E assim foi: se Bruno Senna foi uma pequena grande surpresa, ao passar pela quarta vez em sete corridas para a Q3, colocando o seu companheiro Vitaly Petrov num muito discreto 15º lugar, o feito de Senna colocou de fora o segundo Force India de Paul di Resta, enquanto que Rubens Barrichello, mesmo não conseguindo passar para a Q3, conseguiu ser superior aos Toro Rosso de Jaime Alguersuari e de Sebastian Buemi, E claro, foi melhor do que os Sauber de Sergio "Checo" Perez e o "Mito" Kamui Kobayashi.
E por fim, chegou a Q3. Com as noticias de que a chuva se aproximava de Interlagos, os pilotos trataram de marcar tempos que valessem a pena. Primeiro foi Nico Rosberg a dar um ar da sua graça, depois os McLaren de Jenson Button e Lewis Hamilton, mas depois foi a vez de Sebastian Vettel marcar, primeiro um tempo de 1.12,698, e depois, nos minutos finais da qualificação, um "tempo-canhão" de 1.11, 918 segundos, quase que a "denunciar" a boa forma dele e do seu carro para esta corrida.
E claro, com isso, batia o recorde de pole-positions numa só temporada: quinze, contra os 14 de Nigel Mansell em 1992, noutra temporada dominadora na Formula 1, com um carro desenhado por... Adrian Newey. E também Vettel conseguia um feito: aos 24 anos, era o piloto mais novo de sempre a chegar à marca das 30 pole-positions da sua carreira. Com essa idade, Ayrton Senna estava a estrear-se na Formula 1, ao volante do seu Toleman...
Atrás de Vettel, Mark Webber era segundo, monopolizando a grelha a favor dos energéticos, enquanto que Jenson Button trocou de lugar com Lewis Hamilton - que foi quarto - e tornou-se no "melhor do resto" e principal candidato ao vice-campeonato. Quanto a Fernando Alonso, conseguiu a quinta posição, na frente de Nico Rosberg, o sexto.
De resto, os brasileiros até tiveram bem. Felipe Massa foi sétimo, um pouco desilusório para quem esperava mais do piloto da Ferrari; Bruno Senna foi nono, no seu Renault-que-em-breve-se-vai-transformar-em-Lotus, fazendo uma volta em pneus moles na Q3 e marcar um tempo, depois de ter batido Vitaly Petrov e ter colocado o seu carro na Q3, e Rubens Barrichello foi 12º, num Williams em constante regressão - Pastor Maldonado não passou da Q1, em contraste - mostrando que é mais ele do que o carro própriamente dito. E como provavelmente amanhã poderá ser a sua última corrida da sua longa carreira na Formula 1, pode querer demonstrar um ar da sua graça.
Amanhã, é dia da corrida, e a longa temporada de 2011 correrá pela última vez as suas cortinas. Com a ameaça de chuva para amanhã, muito provavelmente teremos emoção a rodos, caso caiam as pancadas de chuva, ora temidas, ora ansiadas.
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