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A FIA reuniu-se por estes dias na India para confirmar os vários calendários para 2012, bem como anunciar algumas alterações nos regulamentos para várias categorias, como a Formula 1 e os Ralis. E aproveitou também para dizer que confirma o calendário inicialmente previsto, com a nova pista de Austin, nos Estados Unidos, em novembro, e a pista de Shakir, no Bahrein, em abril.
O fato da FIA assinar por baixo o calendário feito por Bernie Ecclestone, como faz todos os anos, desde há muito tempo, faz-me pensar que desconhece o que se passa lá fora ou então há muito que perdeu o controlo dessa situação. Inclino-me mais para a segunda solução, porque isto é algo já muito antigo. E disso, passo para a questão que coloco como título da crónica desta semana: qual é a razão para a Formula 1 ir para um vespeiro? São só sessenta milhões de razões, por sinal, todas verdes, ou há algo mais?
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Não é inédito a Formula 1 ir correr em sitios problemáticos. Basta consultar o calendário da Formula 1 em 1977 ou 78 para ver que eles corriam na Argentina e Brasil, que viviam brutais regimes militares, ou a Africa do Sul do "apartheid". Aliás, a Formula 1 foi a unica competição que furou o boicote desportivo imposto por entidades como o Comité Olimpico Internacional ou a FIFA, e até 1985, o governo da minoria branca pagou principescamente à FIA e a Bernie Ecclestone para que acolhessem a Formula 1 na pista de Kyalami. E só foi a pressão internacional que por fim retirou a competição desse pais, e regressasse apenas em 1992, quando o regime foi abolido.
Bernie Ecclestone, nesse aspecto, é um velho jarreta com uma péssima tendência para afrontar o politicamente incorreto. Se o governo da Siria lhe pagasse dinheiro para correr lá, ele ia, afrontando até as autoridades ocidentais e as Nações Unidas. O que lhe interessa é que lhe paguem o dinheiro e lhe garantam a segurança. E se calhar é isso que o governo barenita deve andar a dizer desde há muitos meses para cá. Apesar de estar tudo mais ou menos calmo, a sensação que fico da situação local é que alguém se sentou em cima da panela para acalmar a pressão, e deixa sair algum vapor. Mas o essencial está lá e está por resolver. E os xiitas, a maioria da ilha mas com poucos ou nenhuns poderes, ainda não desistiram das suas revindicações. E em abril, caso a Formula 1 parar por lá, não perderão a ocasião para desencadear "dias de raiva" contra a familia real, de origem sunita...
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O mais engraçado é que parece que em 2012, não vai ser só a Formula 1 que andará pelo monótono circuito de Shakir. Em setembro, o novo campeonato da Endurance também andará por lá, numas "Seis Horas do Bahrein". Para que a FIA esteja a agradar a familia real barenita, é porque eles deram imenso dinheiro. "Comprar" coisas não é novidade, como já expliquei anteriormente, mas esta "dependência" da FIA e do automobilismo numa pequena ilha de 600 mil habitantes é assustador.
Mas já que os barenitas andam tão afoitos em "comprar" a FIA, porque é que não se dedicam a fazer "lobbiyng" às companhias de seguros e ao Foregin Office britânico e ao Departamento de Estado americano? É que estes dois ministérios são os que colocaram avisos desaconselhando os seus nacionais a frequentarem o país, e as seguradoras mundiais como a Allianz alemã ou a Zurich suiça, entre outros, tem poder suficiente para cancelar os seguros que fizeram ás equipas, pilotos e mecânicos, caso eles insistam em ir para uma espécie de "Boca do Inferno", não tão funda como foi a Líbia, mas mesmo assim, a situação não está resolvida. Ontem mesmo, andava a ler um post do Joe Saward sobre a situação no terreno e tudo indica que as coisas mantêm-se iguais.
Em suma: não acredito que a Formula 1 vá ao Bahrein em 2012. Mas parece que Bernie Ecclestone está a querer afrontar o bom senso. Veremos como descalçará estra bota...
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