Esta terça-feira terminou uma das novelas mais aguardadas do ano, que era para saber se Kimi Raikkonen fazia ou não o seu regresso ás pistas, depois de dois anos a correr no Mundial de Ralis. O resultado foi algo que muitos desejavam ver: o regresso á Formula 1. Mas não foi pela equipa que se falou em primeiro lugar, e do qual tinha fortes suspeitas de que não iria para aí, que era a Williams. De uma forma algo surpreendida e veloz, Kimi decidiu assinar pela Renault, que em 2012 se chamará Lotus.
Assim sendo, aos 32 anos, o piloto finlandês, campeão do mundo em 2007, fará o seu regresso. O que é que nos vai trazer de novo? Francamente, não tenho quaisquer ilusões sobre o que ele ainda pode dar à Formula 1. Arrisca-se a ser mais um Alan Jones ou Michael Schumacher do que um Niki Lauda, por exemplo. Não creio que Raikkonen, que até pode voltar revogirante destes dois anos nas classificativas um pouco por todo o mundo, queira competir numa máquina que aspira a um ou outro pódio em 2012.
Francamente, não sei por quanto é que Raikkonen e o seu manager, Steve Robertson, acordaram pelo seu regresso a duas temporadas. Não faço ideia quanto é que irão pagar para que ele ande naquele carro ao lado de um companheiro de equipa que desconheço quem ele seja, tanto pode ser Vitaly Petrov, Bruno Senna ou Romain Grosjean. Sei que transpareceu na Williams a informação de que eles pediram uma parte da estrutura da equipa, mais um salário alto, independentemente de arranjarem o patrocinio do Banco Nacional do Qatar. Robertson sempre foi um empresário exigente, daí que nos tempos da Ferrari, o finlandês chegou a ganhar 51 milhões de dólares por ano. Para regressar à Formula 1, teve de acordar um salário alto.
A minha outra dúvida pessoal tem a ver com a sua motivação. É certo que agora pode ter as baterias carregadas depois de dois anos de ralis, mas será que o R32 - ou outro nome que tenha aquele carro - será um carro bem nascido? Se sim, então Kimi terá a sua vida facilitada. Caso seja o contrário, quantos meses o finlandês aguentará dentro daquele carro antes de pensar noutras paragens, como por exemplo, McLaren ou Red Bull? A sensação que me fica é que ele está mais ali para ganhar mais algum e a fazer exibições dignas de mínimos olimpicos do que voltar às vitórias. Quero estar enganado, mas se é para ver mais do mesmo, vou observar o Michael Schumacher...
Isso leva-me a outro tópico, mais alargado. Na semana que passou, a Hispania anunciou o regresso de Pedro de la Rosa à competição, após uma corrida em 2011 com a Sauber. Aos 40 anos, o piloto espanhol, com a sua vasta experiência como piloto de testes, vai ajudar a desenvolver aquele carro. E essa tendência das equipas de quererem pilotos do passado, com nome, em detrimento de novos valores que despertam na GP2 ou noutras categorias, apenas porque, por exemplo, existem sérias restrições nos testes ou nos orçamentos das equipas, para que os novos valores ganhem "calo" antes de se atirarem a sério na pista, é contraproducente, pois transforma a Formula 1 num funil, já de si apertado, mais apertado ainda, com nomes que são ressuscitados só para a sua vasta experiência, como o De la Rosa ou de uma certa forma, puro "marketing", como o Kimi Raikkonen.
Não creio que esses regressos sejam bons para a Formula 1. Aliás, fica-se com a ideia de que ali, quem manda é esse "marketing", perferindo nomes mais famosos, porque assim entra mais "dinheiro fácil" e atrái mais patrocinadores. Já temos essa ideia há muito tempo, mas ao ver cada vez mais nomes do "passado", mais passa esse tipo de ideia. E pergunto-me, como perguntou esta semana o Daniel Médici no seu blog Cadernos do Automobilismo: quantos e quantos jovens talentos se viram privados de uma chance de brilhar na Formula 1 porque os donos de equipa perferem reciclar "quarentões" e albergar pilotos de carteira bem mais recheada para sobreviver naquele "Club Piraña"? Podem olhar para o exemplo de Nico Hulkenberg, se quiserem.
Em suma: não ficarai admirado se começar a ouvir as queixas do finlandês no final da temporada de 2012. Ou então de que ele tirou da garagem o seu Citroen DS3 WRC para matar saudades dos ralis...
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